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Líder das Farc Iván Márquez morreu aos 68 anos enquanto articulava novo acordo de paz

Segundo analistas, morte do guerrilheiro não é uma boa notícia para a estratégia de “paz total” do governo de Gustavo Petro
Jorge Enrique Botero
La Jornada
Bogotá

Tradução:

Iván Márquez, o histórico chefe das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) que conduziu as negociações de paz em Havana entre 2012 e 2016, morreu em território venezuelano, informaram fontes locais nesta quinta-feira (6). 

Márquez, cujo nome de batismo era Luciano Marín, faleceu aos 68 anos em momentos em que realizava acercamentos com o governo para iniciar diálogos de paz, depois de que em 2019 anunciara seu regresso às armas por considerar que os acordos de paz que ele mesmo firmou em 2016 não haviam sido cumpridos pelo Estado. 

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Pessoas que estiveram recentemente com ele expressaram sua surpresa ante a notícias e relataram ao La Jornada que o viram bem de saúde, recuperando-se satisfatoriamente de um atentado contra sua vida ocorrido em 30 de junho do ano passado.

Após a firma dos acordos de paz entre o governo de Juan Manuel Santos e as FARC, Márquez decidiu regressar às armas em 2018, alegando falta de garantias e não cumprimento sistemático do que foi pactuado em Havana.

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O chefe insurgente denunciou um complô contra ele e advertiu que havia um plano para envolvê-lo em atividades ilícitas e extraditá-lo aos Estados Unidos, e após isso abandonou o espaço territorial de reinserção de Miravalle, no Sul do país, para reaparecer um par de meses depois anunciando seu regresso à luta armada

Segundo analistas, morte do guerrilheiro não é uma boa notícia para a estratégia de “paz total” do governo de Gustavo Petro

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Morre Iván Márquez, histórico chefe das FARC

Ao longo de 2017 se instalou em Bogotá, à frente do processo de reinserção dos guerrilheiros à vida civil e da implementação do frondoso pacto que assinaram as partes sobre os temas das reformas agrária e política, assim como de substituição de cultivos ilícitos. Nunca conseguiu ocupar a cadeira de senador que tinha como fruto dos acordos, pois foi durante sua breve estância nesta capital que detectou a existência de planos para enredá-lo em operações de narcotráfico com a cumplicidade de um de seus sobrinhos, Marlon Marin, hoje radicado nos Estados Unidos na condição de testemunha da promotoria desse país. 

Em 29 de agosto de 2019, rodeado de dezenas de homens e mulheres fortemente armados, Márquez notificou através de um vídeo o nascimento de uma nova força rebelde denominada Segunda Marquetalia, nome que faz alusão ao lugar onde foi fundada as FARC em 1964.

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Após o aparecimento do vídeo, fontes de inteligência e analistas militares asseguraram que o líder guerrilheiro estava em território venezuelano, onde tratava de reorganizar as forças rebeldes que se dispersaram sem acolher-se aos acordos de paz. 

Em 2022, a Segunda Marquetalia informou através de um comunicado que seu máximo chefe havia sobrevivido a um atentado. Segundo fontes confiáveis, uma carga explosiva colocada em uma caixa de charutos cubanos que chegou à suas mãos como forma de obséquio, lhe estalou de frente causando-lhe graves feridas em suas extremidades e no rosto. 

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Após a recente posse do presidente Gustavo Petro, que anunciara em agosto do ano passado uma estratégia para redondear a paz, buscando interlocução com todos os grupos rebeldes que ainda estavam em armas, a Segunda Marquetalia tornou público seu interesse de conversar com delegados do governo nacional, o que sucedeu um par de meses mais tarde. 

Fontes do Escritório de Comissionado de Paz confirmaram que nos últimos meses tiveram aproximações com a Segunda Marquetalia e que houve reuniões presenciais com o comissionado Danilo Rueda com Márquez.

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Rueda disse hoje ao La Jornada que em seu encontro com eles viu um homem lúcido e esperançoso com a possibilidade de encontrar uma solução à guerra pela via do diálogo.

Impactos da morte de Iván Márquez

Analistas locais consideram que esta não é uma boa notícia para a estratégia de “paz total” que impulsiona o governo, pois Márquez era o líder indiscutido da Segunda Marquetalia e sua morte pode afetar a coesão interna deste grupo irregular. 

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Na atualidade, o governo tem promovido uma mesa de negociações com o Exército de Libertação (ELN), grupo com o que acaba de subscrever um cessar fogo bilateral, e também está em fase de exploração para iniciar diálogos com o denominado Estado Maior Central das FARC.

Jorge Enrique Botero | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Jorge Enrique Botero Jornalista, escritor, documentarista e correspondente do La Jornada na Colômbia, trabalha há 40 anos em mídia escrita, rádio e televisão. Também foi repórter da Prensa Latina e fundador do Canal Telesur, em 2005. Publicou cinco livros: “Espérame en el cielo, capitán”, “Últimas Noticias de la Guerra”, “Hostage Nation”, “La vida no es fácil, papi” y “Simón Trinidad, el hombre de hierro”. Obteve, entre outros, os prêmios Rei da Espanha (1997); Nuevo Periodismo-Cemex (2003) e Melhor Livro Colombiano, concedido pela fundação Libros y Letras (2005).

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