A mãe de Julian Assange relatou hoje (21/04) que nem mesmo advogados podem visitar seu filho na prisão de Londres, onde ele está detido desde que foi preso na embaixada equatoriana há duas semanas. Em sua conta de Twitter, Christine Assange afirmou que:
”Já transcorreu duas semanas desde a prisão/detenção de Julian na prisão de Belmarsh., não se permitiu até agora nenhuma visita, nem mesmo de seus advogados”
De acordo com a mãe do fundador do Wikileaks, a referida proibição aumenta as condições de tensão e isolamento a que está submetido o filho, que de acordo com os médicos que o examinaram, precisa ser transferido imediatamente para um hospital para tratamento.
E ainda questionou o governo de Moreno:
“Por que se recusam a entregar os pertences de Assange? Já se passaram duas semanas desde que você o vendeu para seus perseguidores americanos por um empréstimo de quatro bilhões de dólares do FMI (Fundo Monetário Internacional), depois de torturá-lo por um ano. É que a sua submissão e crueldade não tem fim?”
Assange foi preso em 11 de abril, na embaixada equatoriana em Londres, depois que o presidente Lenín Moreno decidiu cancelar o asilo político concedido há sete anos pelo então presidente Rafael Correa.
Arrancado do edifício, usando muletas, por oficiais da Scotland Yard, o ciberativista foi julgado poucas horas antes no Tribunal de Magistrados de Westminster, onde um juiz o considerou culpado de violar liberdade sob fiança concedida em 2012 em conexão com uma acusação por supostos crimes sexuais cometidos na Suécia.
Desacato
Christine Assange é mãe do jornalista, ativista digital e fundador do Wikileaks
Depois do veredito, Assange foi levado para a prisão de Belmarsh, no sudeste de Londres, esperando que a corte da Coroa emitisse uma sentença que, de acordo com o código penal britânico, poderia incluir até 12 meses de prisão.
O fundador do Wikileaks, famoso por espalhar dezenas de milhares de documentos e arquivos secretos dos Estados Unidos e de outros países, também é reivindicado pelo sistema de justiça estadunidense, que pretende julgá-lo pelo crime de hackear.
A primeira audiência sobre o pedido de extradição apresentado por Washington está marcada para 2 de maio, e foi anunciado que Assange dará seu testemunho por meio de videoconferência da prisão de Londres.
A prisão do jornalista australiano desencadeou uma onda de protestos a nível internacional contra o governo equatoriano, enquanto no Reino Unido muitos políticos, incluindo o líder trabalhista Jeremy Corbyn, expressaram sua oposição à extradição para os Estados Unidos.
Os seguidores de Assange anunciaram, por sua vez, que na próxima quarta-feira realizarão uma vigília em frente ao Parlamento britânico, em protesto contra sua prisão e eventual extradição.