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ToggleO governo do presidente estadunidense Joe Biden anunciou medidas que revertem algumas das mais de 240 decisões tomadas pela administração de Donald Trumpbloqueio imposto por Washington há mais de 60 anos.
Washington, que vê crescer o descontentamento dos países da região devido à exclusão de Venezuela, Cuba e Nicarágua da Cúpula das Américas de junho próximo, anunciou que aumentará os voos para Cuba, tomará medidas para relaxar as restrições sobre os viajantes estadunidenses à ilha, e levantará as limitações impostas por Trump às remessas que os imigrantes podem enviar para a nação caribenha.
O anúncio do governo estadunidense não elimina as medidas principais em matéria econômica tomadas por Trump, que anulou a aproximação obtida durante o governo de Barack Obama, de quem Joe Biden era vice-presidente. Não modificam em absoluto o bloqueio, nem as medidas principais de cerco econômico tomadas por Trump, como as listas de entidades que estão submetidas a medidas coercitivas adicionais.
Segundo o governo cubano, tampouco revertem a inclusão arbitrária e fraudulenta de Cuba na lista do Departamento de Estado sobre países que supostamente são patrocinadores do terrorismo, uma das principais causas das dificuldades que enfrenta Cuba para suas transações comerciais e financeiras em muitas partes do mundo, informou a chancelaria cubana.
Brasil 247 | Montagem
Dias Cannel e Joe Biden
Remessas familiares
O Departamento de Estado estadunidense indicou que retirará o limite atual de mil dólares trimestrais para as remessas familiares e permitirá as remessas não familiares, que darão apoio a empreendedores independentes cubanos. Washington também permitirá voos programados e fretados para outros lugares além de Havana, afirmou a agência.
Também anunciou que tomará medidas para reinstaurar o Programa de Permissão de Reunificação Familiar Cubano, que está com um atraso de mais de 20 mil solicitações, e incrementará os serviços consulares e o processamento de vistos.
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Com estas medidas, nos propomos a apoiar as aspirações de liberdade e de maiores oportunidades econômicas dos cubanos para que possam levar vidas com êxito em seu país, disse Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado. Continuamos fazendo um apelo ao governo da ilha para que liberte de imediato os presos políticos, respeite as liberdades fundamentais do povo cubano e lhe permita determinar seu próprio futuro, acrescentou.
Chanceler cubano aponta mudanças pouco significativas
O chanceler cubano Bruno Rodríguez disse que “é possível identificar algumas das promessas do presidente Biden durante a campanha eleitoral de 2020 para aliviar decisões desumanas tomadas pelo governo do presidente Trump, que endureceram o bloqueio em níveis sem precedentes e a política de ‘máxima pressão’ desde então aplicada contra nosso país”.
Acrescentou que, para conhecer o alcance real deste anúncio, deber-se-á esperar a publicação das regulamentações que determinarão sua aplicação e reiterou sua disposição para iniciar um diálogo respeitoso e em pé de igualdade com os Estados Unidos.
A mudança de política foi anunciada depois de uma revisão que começou pouco depois de uma série de manifestações na ilha em julho passado, as maiores em décadas.
Bloqueio continuou mesmo sob a pandemia
Desde 2019, o bloqueio recrudesceu em extremo, aproveitando de maneira oportunista o contexto da pandemia da Covid 19, a crise internacional e a consequente depressão econômica. Sem exagero, as consequências deste cerco podem ser qualificadas como devastadoras. O aumento da emigração é prova disso, afirmou a chancelaria cubana.
E agrega que “ao dar estes passos limitados, o Departamento de Estado utiliza uma linguagem claramente hostil, acompanhada de calúnias tradicionais e novas falácias postas em moda nos últimos meses, demonstração de que não mudaram os objetivos da política dos EUA contra Cuba, nem suas principais ferramentas”.
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O governo de Cuba reiterou, também, sua disposição de iniciar um diálogo respeitoso e em pé de igualdade com o governo dos Estados Unidos, sobre a base da Carta das Nações Unidas, sem ingerência nos assuntos internos e com pleno respeito à independência e à soberania.
Washington e Havana entabularam conversações nas últimas semanas, em meio a um aumento dos cubanos que tentam emigrar sem documentos para os Estados Unidos. Na primeira semana de abril, a embaixada estadunidense em Havana retomou o processamento de vistos para cubanos, ainda que de forma limitada, mais de quatro anos depois de pôr fim aos serviços consulares na ilha.
O senador democrata Robert Menendez, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado e inimigo da Revolução Cubana, disse que as medidas transmitem uma mensagem equivocada ao governo de Díaz-Canel, enquanto os republicanos acusaram o mandatário de não apoiar suficientemente os dissidentes cubanos.
Elmer Pineda dos Santos, Jornalista cubano associado ao Centro Latino-americano de Análise Estratégica (CLAE)
Tradução de Ana Corbisier.
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