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Foto: Reprodução / X

Medo, desespero, exaustão: gravações revelam cotidiano de mercenários da América Latina na Ucrânia

Presos por contratos com o governo da Ucrânia, mercenários afirmam terem sido enganados sobre a situação da guerra e alertam compatriotas a não arruinarem suas vidas em busca de dinheiro
Redação Russia Today
RT en Español
Moscou

Tradução:

Ana Corbisier

Inconformidade, preocupação e medo. Assim é como vivem mercenários estrangeiros de vários países latino-americanos supostamente contratados pela Ucrânia para combater em suas fileiras. De acordo com uma série de áudios obtidos pela Russia Today, alguns deles estão feridos e, enquanto se escondem, esperam não ser capturados ou assassinados, e outros parecem estar dispostos a não acatar ordens.

Em uma das conversas, registradas neste mês, um destes soldados a soldo se queixa da falta de apoio enquanto seu interlocutor o adverte e a sua equipe que não podem romper seus contratos. “Vocês assinaram contrato por seis meses e recebem ordens. Se não querem ir hoje, vão ter problemas penais”, avisa essa pessoa, insistindo que nas forças aliadas há “irmãos que precisam de ajuda”.

Em uma gravação diferente, um destes supostos mercenários parece aborrecido com uma situação similar com alguns de seus colegas. “Não aguentamos mais. Que mandem um grupo e os levem já, porque gente é o que há. Este é o puta problema. Se a gente não quer entrar nesta puta merda, então por que assina um puto contrato?”, ouve-se ele dizer.

A julgar pelos áudios, existe inquietação e desagrado por algumas disposições de comandos superiores. Assim, em outro diálogo, um mercenário parece discutir uma ordem de atravessar um campo minado que, segundo ele, contradiz as instruções de um de seus comandantes. “A rota que foi traçada, foi traçada levando em conta isso [o campo minado]. Vocês, que rota vão tomar? As duas rotas que lhe enviaram não estão minadas. Por isso as enviamos”, respondem.

Por outro lado, há combatentes preocupados com sua segurança; confessam se encontrar em difíceis condições em meio às operações militares. “Estavam assaltando esta casa. Não sabemos como estamos vivos”, comenta um deles, e outro responde: “Se Deus quiser e nos permitir, sairemos desta. Aí vemos o que vamos fazer”. “Cuide-se, estou bem. Estou aqui, onde da última vez nos escondemos. E, assim que amanhecer, me mando daqui, mas o problema é que não posso sair daqui. Estou mal, estou mal”, ouve-se em outro fragmento.

Em imagens recentes, que correspondem a uma câmera corporal de um destes batalhões estrangeiros, observa-se uma operação de escape de vários deles, desde uma de suas posições de combate, depois de prestar primeiros socorros a um soldado ferido em duas de suas extremidades. “Dou graças a meu Deus. A granada que me pegou teria me feito merda, mas só me fodeu [feriu] o braço e a perna”, diz o soldado atacado.

A RT teve a oportunidade de conversar em setembro com dois colombianos acusados na Rússia de serem mercenários contratados por Kiev. Durante a entrevista, asseguraram que lhes pagavam cerca de 3.000 dólares por mês e que foi isto o que os motivou a ir para o front.

Entre outras coisas, Medina Aranda, um dos mercenários entrevistados, confessou que outra razão pela qual decidiu se alistar nas fileiras do Exército ucraniano foi a informação divulgada pela mídia ocidental sobre o transcurso do conflito. Ao chegar ao terreno, se deu conta de que havia sido vítima de propaganda. Ambos os indivíduos, que permanecem em uma prisão de Moscou, apelaram a seus compatriotas para não arruinarem suas vidas em busca de dinheiro. Os dois enfrentam processos que poderiam acarretar até 15 anos de prisão.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Redação Russia Today

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