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Área devastada da Amazônia nunca será capaz de recuperar bioma original, diz pesquisador

Dados divulgados pelo Inpe na última segunda-feira (18) apontam para a aceleração do desmatamento na floresta no último ano
Catarina Barbosa
Brasil de Fato
São Paulo (SP)

Tradução:

“O que é preciso entender sobre o desmatamento é que, por mais que seja importante pensar em formas de impedi-lo e também de reflorestar, um local devastado nunca será capaz de recuperar o seu bioma original”. A afirmação é de André Cutrim, professor de Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia da Universidade Federal do Pará (UFPA). 

Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na última segunda-feira (18) apontam para a aceleração do desmatamento na Amazônia, no último ano. Nos nove estados da Amazônia Legal Brasileira houve uma destruição da floresta 42,8% maior do que era previsto pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), em medição realizada pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes).

Isso representa uma área desmatada de 9762 quilômetros quadrados (km²) no período de agosto de 2018 a julho de 2019, segundo o Prodes. A área equivale a quase nove vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

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Cutrim explica que, atualmente, a pecuária é a maior responsável pelo desmatamento na Amazônia. Para ele, é convencer pecuaristas a investirem em tecnologia avançada para evitar a degradação do solo, desenvolvendo uma pecuária com manejo dos pastos.

Dados divulgados pelo Inpe na última segunda-feira (18) apontam para a aceleração do desmatamento na floresta no último ano

Ibama
Queimada registrada em 26 de outubro na BR-155, em Eldorado do Carajás, no Pará; rodovia vai de Marabá a Redenção

No entanto, os empresários encaram a questão apenas como um custo monetário: “Esse é o motivo de, muitas  vezes, o pecuarista continuar avançando fronteira adentro”, já que o custo-benefício da expansão, em um primeiro momento, é maior do que a busca por alternativas de recuperação do solo.

De acordo com o pesquisador, isso ocorre porque, quando o dano já está feito, só é possível recuperar uma área devastada “com tecnologia de ponta, e isso requer muito investimento”. Do mesmo modo, ele enfatiza que não há políticas de desenvolvimento tecnológico ou de incentivo à recuperação do solo e, assim, a região se mantém presa a uma rotina de desmatamento.

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O Brasil de Fato procurou o Ministério do Meio Ambiente para saber quais medidas estavam sendo desenvolvidas para conter o desmatamento, mas fomos informados de que o Ministro Ricardo Salles faria uma coletiva para apontar os rumos para sanar o problema. Até agora, nada foi anunciado.

Ainda segundo o especialista da UFPA, há uma série de tecnologias de ponta desenvolvidas na Amazônia para minimizar os impactos da destruição da floresta e principalmente do solo. Contudo, o avanço do desmatamento impede qualquer aplicação prática de recuperação da floresta.

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Segundo o climatologista Carlos Nobre, o desmatamento pode fazer com que a floresta chegue a um ponto de não conseguir mais se recuperar. Caso o ritmo de devastação se mantenha, isso ocorreria entre 15 e 30 anos.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Catarina Barbosa

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