A Amazônia experimentou o pior junho da série histórica de desmatamento do sistema DETER/INPE: foram registrados alertas de derrubada de floresta de 1.120 km2, o pior índice desde 2016. O número é 5% maior que o de junho de 2021 (1.061 km2) e consolida o cenário característico do desmatamento no atual governo, com recordes sucessivos desde 2019.
O total do desmatamento no semestre também atingiu proporções históricas. De janeiro a junho, o DETER registrou alertas de desmate que acumulam 3.988 km2, o pior desde 2016, um aumento de assustadores 10,6% em relação ao mesmo período no ano passado. Assim, foram registrados recordes em quatro dos seis meses deste semestre – janeiro (430,44 km2), fevereiro (198,67 km2), abril (1.1026,35 km2) e junho.
O Observatório do Clima (OC) lembrou que, considerando o acumulado dos últimos 11 meses (a série anual do INPE vai de agosto a julho), os alertas chegam a 7.104 km2, ligeiramente inferior aos 7.282 km2 registrados no mesmo período de 2021 e aos 7.557 km2 até junho de 2020.
“Espanto será se o desmatamento não subir de novo em 2022”, comentou Marcio Astrini, do OC. “A Amazônia está sob comando de gente que mata e desmata, com o incentivo do [presidente] e seus generais”
Fábio Nascimento / Greenpeace
Amazônia é chave para regulação das chuvas, essenciais para agricultura, água potável e hidroeletricidade, aponta Mariana Napolitano, do WWF
A destruição toma proveito da impunidade e do desinteresse do governo em combater a ilegalidade. “Os alertas de desmatamento de 2022 demonstram que a impunidade continua sendo o maior vetor de pressão contra a floresta e seus Povos. Em um ano de eleição isso se torna ainda mais preocupante, pois os esforços de fiscalização normalmente diminuem e a sensação de impunidade aumenta, deixando os desmatadores mais à vontade para avançar sobre a floresta”, disse Ane Alencar, do IPAM.
“É mais um triste recorde para a floresta e seus Povos. Esse número só confirma que o governo federal não tem capacidade, nem interesse, de combater toda essa destruição ambiental”, afirmou Rômulo Batista, do Greenpeace Brasil. “O que vemos é uma escalada inaceitável da destruição da floresta e do massacre de seus Povos e defensores”.
Quem perde com tudo isso não é apenas a população da floresta, mas todos nós. “A Amazônia é chave para a regulação das chuvas das quais dependem nossa agricultura, nosso abastecimento de água potável e a disponibilidade de hidroeletricidade”, explicou Mariana Napolitano, do WWF-Brasil. “O roubo de terras públicas e o garimpo ilegal, que não geram riqueza ou qualidade de vida, estão destruindo nosso futuro”.
Os dados do DETER/INPE foram destaque em veículos como Deutsche Welle, Estadão, Folha, O Globo e VEJA, e no exterior por Bloomberg, BBC, Reuters e Washington Post.
Redação ClimaInfo
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