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COP27 no Egito: encontro precisa debater ações reais e radicais contra crise climática

Após trinta anos da primeira conferência no Brasil, podemos, hoje, constatar o atual cenário climático global absolutamente trágico
Amyra El Khalili
Pravda
São Paulo (SP)

Tradução:

A próxima Conferência sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) acontecerá na cidade de Sharm el-Sheikh, no Egito, de 6 a 18 de novembro de 2022

Nós, que somos representantes de organizações populares latino-americanas e do Caribe, esperamos que, na COP27, o Egito e seu povo nos recebam e apoiem para refletirmos acerca da crise climática, suas causas estruturais e suas consequências, a fim de que se promovam ações efetivas para construir a justiça climática.

Parece distante o ano em que se organizou a Rio-92, a primeira Conferência das Nações Unidas em que a questão da crise climática foi discutida em alto nível.

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Apesar de já havermos denunciado e alertado sobre as consequências do aquecimento global sobre nossos ecossistemas e dos riscos para a sobrevivência da vida em nosso planeta, as medidas necessárias para a sua mitigação não foram implementadas por parte dos governos e das corporações, que ignoraram e negligenciaram os efeitos das bruscas mudanças climáticas.

Após trinta anos daquela primeira conferência no Brasil, podemos, hoje, constatar o atual cenário climático global absolutamente trágico: milhões de espécies desaparecendo; grande crescimento do deslocamento de populações afetadas pelos extremos climáticos; nossa própria sobrevivência como povos e como espécie em risco. Temos uma compreensão muito evidente da extensão potencial desta crise climática e do que precisa ser feito para enfrentá-la efetivamente.

É indiscutível que as mudanças climáticas são consequência das ações humanas em decorrência do modelo capitalista altamente consumidor de recursos naturais, como a água, a energia, a biodiversidade, entre outros, e pela disputa do uso e propriedade da terra, já comprovados à exaustão por centenas de pesquisas científicas.

O planeta se incendeia, se inunda, se resseca, e todos os seres vivos enfrentam condições incompatíveis com a vida. Tudo isto se incrementa em contexto agravado de crises democráticas e de graves violações aos direitos humanos e fundamentais por todos os continentes.

Após trinta anos da primeira conferência no Brasil, podemos, hoje, constatar o atual cenário climático global absolutamente trágico

Pixabay
Nosso chamamento é pelo compromisso com propostas concretas que rechacem veementemente as “falsas soluções”

Nossas populações são as menos responsáveis, porém nossos territórios são os mais prejudicados pela crise.

Especialmente grave é a ameaça para a vida nos pequenos estados insulares no Caribe, como as ilhas do Haiti e República Dominicana, que podem ver desaparecer grande parte de seus territórios com o aumento no nível do mar e os golpes de fenômenos recorrentes e cada vez mais intensos, em meio às sucessivas crises internacionais, incluindo a crise de segurança alimentar em curso, a desertificação e a escassez de água.

Enquanto líderes mundiais discutiam o clima na COP26, Bolsonaro firmou seu papel de presidente do agro

Também a África e todo Oriente Médio estão sendo igualmente atingidos de maneira violenta, como podemos constatar pelo “Aparheid Climático contra o Povo Palestino”.

Neste encontro, que unirá as partes interessadas governamentais e organizações da sociedade civil, fazemos um chamamento, através de nossas redes internacionais, a todos os movimentos e organizações sociais de todos os âmbitos de resistência e luta da América Latina e do Caribe, desde o Egito, a somarem-se à causa da justiça climática, a não permanecerem indiferentes às ações que põem em risco bens comuns, como o clima e a água, em qualquer parte em que esta se encontre, seja na superfície, no subsolo, nos cumes nevados ou nos polos da Terra.

Nosso chamamento é pelo compromisso com a radical transformação deste sistema econômico-financeiro, com propostas concretas que rechacem veementemente as “falsas soluções” nesses acordos políticos entre partes, como se o mercado financeiro tivesse competência para nos salvar da crise climática, quando ele é justamente o principal responsável por esta crise, chamamos para trocá-lo por outro modelo que seja socialmente justo, politicamente participativo e integrado, baseado no respeito a todos os seres vivos que compartilhamos a vida no planeta, cuidando das gerações presentes e futuras.

Aproveitamos o ensejo para agradecer a nossa anfitriã e a toda equipe da Rádio Cairo, por este diálogo que permite unificar nossas redes com a tradicional hospitalidade árabe que nos é peculiar na COP27!

Elhamdoulillah (Graças a Deus!)

Acesse os documentos na íntegra:
Declaração da assembleia cidadã pela justiça climática da América Latina e do Caribe.
Apartheid climático israelense: A política ambiental como arma contra Palestina.

* Texto da transcrição de áudio para a Rádio Cairo – Rádio de difusão da República Árabe do Egito

Amyra El Khalili, é professora de Economia Socioambiental. Editora das redes Movimento Mulheres pela P@Z! e Aliança RECOs – Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteiras. Colaboradora da Diálogos do Sul | Publicado em: PRAVDA.RU


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Amyra El Khalili Beduína palestino-brasileira da linhagem de Saladino e do Sheik Mohamed El Khalili. É editora das redes Movimento Mulheres pela P@Z!, e Aliança RECOs – Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteiras.

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