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“EUA tiveram nenhuma vitória nas terríveis questões em que se meteram”, diz historiadora

Especializada em cultura árabe, a jornalista e cientista política questiona: "que tributo estamos pagando aos milhões de mortos da Segunda Guerra e a todos os outros?"
Mariane Barbosa
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

A internet mundial parou para acompanhar as tensões entre os EUA e o Irã, após o assassinato, no dia 3 de janeiro, do general Qasem Soleimani, uma das figuras mais importantes do estado iraniano e pivô da atuação do país na região da Ásia e Oriente Médio. 

Em entrevista à TV Diálogos do Sul, a jornalista, historiadora, cientista política e professora na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Beatriz Bissio explica sobre a agressão dos Estados Unidos aos povos persas e árabes. Especializada em cultura árabe, ela diz que nos últimos anos, o país norte-americano não tem tido nenhuma vitória significativa em todas “as terríveis questões em que se meteu”.

“Não teve vitória no Afeganistão. Estão saindo mal e isso também está começando a pesar na política doméstica, o que será objeto de debate na campanha presidencial”, pontua a ex-editora da revista Cadernos do Terceiro Mundo e fundadora da revista Diálogos do Sul, que também é diretora do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o desenvolvimento.

Especializada em cultura árabe, a jornalista e cientista política questiona: "que tributo estamos pagando aos milhões de mortos da Segunda Guerra e a todos os outros?"

The White House
Não há mais autoridade moral dos Estados Unidos para ser a sede da ONU.

Criticando as derrotas estadunidenses, Bissio questiona quantos milhões essas guerras têm custado ao dizer que “o gasto mais severo para a humanidade como um todo é o de acabar com os alicerces do que se pensou que fosse a possibilidade da construção de um mundo em paz, que era a justiça internacional, as Nações Unidas”.

O que resta hoje das Nações Unidas?

Hoje, a sede das Nações Unidas (ONU) fica nos Estados Unidos, em Nova York. O que, na visão da historiadora, é uma grande irresponsabilidade, pois a grande potência acaba “realizando ações desse tipo, tomando a decisão para si de julgar, de condenar e sentenciar em um país estrangeiro, violando soberanias, etc. Como a sede das Nações Unidas pode ter hoje em Nova York Sua sede principal?”

“Já quase não existe mais Nações Unidas”, critica Bissio ao afirmar que a humanidade deve escolher outra sede, afinal, a entidade possui três sedes adicionais, subsidiárias e regionais. Estas foram abertas em Genebra, em 1946, em Viena, em 1980 e em Nairóbi, em 2011. “Vamos escolher outra sede. Não há mais autoridade moral dos Estados Unidos para ser a sede da ONU. Aliás, a ONU teria que já ter se pronunciado de uma forma drástica” sobre os últimos acontecimentos, diz.

OTAN 

A cientista política relembra que Donald Trump desrespeitou os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), nas últimas reuniões e crítica que, apesar disso, a OTAN continua “abaixando a cabeça”.  

“Agora, o ex-primeiro ministro da Noruega, que é atualmente o secretário-geral da OTAN, deu o aval à ação unilateral de Trump, assassinando o general Suleimani. Isso é uma vergonha. Isso é uma questão terrível”, repudia. “A OTAN é uma vergonha”.

“Que tributo estamos pagando aos milhões de mortos da Segunda Guerra e a todos os outros?”, questiona.

“Ainda bem, que pelo menos há sensatez, inclusive do Irã, para não fazer nenhuma vendetta [vingança] e com muita cabeça fria, começar a articular forças da região para tentar se livrar finalmente da presença dos Estados Unidos”, destaca a historiadora.

Confira a entrevista completa:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Mariane Barbosa

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