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ToggleO presidente Joe Biden, depois de oferecer cálidas declarações sobre a cooperação amistosa entre os países vizinhos durante a Cúpula de Líderes da América do Norte, no México, regressou a uma realidade mais fria, onde seu governo espera que seu sócio mexicano aceite continuar com as importações de milho transgênico e aporte ainda mais aos esforços para frear o fluxo da migração não autorizada na fronteira sudoeste.
Na segunda-feira passada (9), enquanto Biden estava se reunindo com o Presidente Andrés Manuel López Obrador no México, seu secretário de Agricultura Tom Vilsack se encontrava em Porto Rico ante o congresso da maior organização de granjeiros dos Estados Unidos, onde declarou que, como resumiu um meio especializado em agricultura, “não haverá concessões com o México sobre milho geneticamente modificado”.
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Em seus comentários, segundo uma gravação oficial compartilhada com o La Jornada, Vilsack declarou que havia conversado diretamente com López Obrador sobre o assunto, e que “com o devido respeito ao presidente, isto é algo que expliquei a ele pessoalmente e então vou dizer publicamente, não conseguirá encontrar suficiente milho não geneticamente modificado para alimentar a gado que o México tem no dia de hoje”. Na conversa que teve com jornalistas, o secretário de Agricultura agregou que disse a López Obrador que o México “acabaria com operações de gado reduzidas e preços mais altos se decidisse proibir o milho transgênico”.
Vilsack recordou que o governo estadunidense tinha uma data limite de 15 de janeiro para responder às propostas mexicanas para abordar a disputa sobre importações de milho estadunidense, e ao ser perguntado que tanto poderia ceder os Estados Unidos em sua posição de negociação, sublinhou que “não há razão para fazer concessões “. No entanto, disse que reconhecia a preocupação do México pelo “legado e cultura do milho branco no México”.
Mas ao mesmo tempo, o governo estadunidense opina que o comércio não deve ser restringido, e assegurou que “no fim do dia, o acordo que alcancemos com o México e o Canadá será em apoio de um sistema baseado na ciência e vamos continuar impulsionando o TMEC”.
No entanto, também ofereceu o que poderia ser a via de uma solução negociada: “estou razoavelmente seguro que o mercado aí embaixo (no México) desejará a produção de mais milho branco produzido por produtores mexicanos que não é geneticamente modificado para suas tortilhas, e isso é o que o mercado está dizendo, e então o mercado responderá a isso”. Mas sublinhou que isso não deve dar razão a uma proibição contra o ingresso ao México de milho, incluindo o transgênico.
Segundo fontes da indústria agrária, um possível acordo sob a TMEC seria que o México permita a importação de milho transgênico, mas que proíba do mercado interno todo o milho transgênico branco. No entanto, isso implicaria que o México cedesse sua posição inicial de proibir a importação de todo milho transgênico para 2025.
NASA – Flickr
Políticos, incluso o presidente, reconhecem que as causas de migração incluem crises econômicas, violência, mudança climática e guerras
Migração
Um desafio muito maior para o governo de Biden é o do manejo do tema da migração, o qual, como é reconhecido no México, enfrenta tanto oposição dos republicanos como de vários democratas às suas propostas de reforma migratória. A incessante pugna político-eleitoral sobre o tema obrigou Biden a demonstrar que está disposto a usar medidas cada vez mais agressivas para frear o fluxo migratório na fronteira – e agora necessita que o México faça ainda mais para ajudá-lo neste objetivo.
Na semana passada, ao preparar-se para o cúpula, Biden declarou que havia logrado um acordo com López Obrador para que os Estados Unidos expulsem para o México um total mensal de 30 mil migrantes que tentam ingressar pela sua fronteira provenientes de Cuba, Venezuela, Nicarágua e Haiti – o que soma potencialmente até 360 mil ao ano – aos quais ´é negada uma audiência para suas solicitações de asilo porque não fizeram esse trâmite a partir de seus países de origem e buscaram cruzar a fronteira sem autorização.
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Isso foi seguido por uma escala organizada de último momento em sua viagem rumo ao México em El Paso, Texas, para sua primeira visita como presidente na fronteira, onde foi anunciado que investirá mais recursos em medidas para frear o fluxo de migrantes indocumentados na fronteira. Também logrou que esse fosse o enfoque sobre sua viagem à cúpula, com o New York Times reportando que “Biden defende seu trabalho na fronteira” e o Washington Post intitulando sua nota: “Líderes acordam cooperar sobre controles de migração”.
Enquanto políticos e funcionários estadunidenses, incluso o presidente, reconhecem que as causas de migração incluem crises econômicas, violência, mudança climática e guerras (embora não reconheçam a mão estadunidense em fomentar algumas ou partes dessas causas), tudo indica que os direitos básicos de migrantes e refugiados, incluindo os supostamente garantidos por leis internacionais e nacionais, são secundários.
De fato, em uma entrevista coletiva na semana passada, Biden foi perguntado se opinava que a migração é um direito humano, e respondeu: “creio que é um direito humano se a sua família é perseguida”, usando aqueles que fugiram dos nazistas como exemplo. No entanto, agregou de imediato que “as pessoas neste país têm o direito básico fundamental de estarem seguros de que as pessoas que estão chegando foram verificados… que não são criminosos… que não são um problema”.
Com essas palavras, Biden reconheceu implicitamente que os esforços de seu antecessor, Donald Trump, para criminalizar os mexicanos e outros imigrantes continuam tendo um efeito político em amplos setores dos Estados Unidos. Embora tenha deixado o cargo, Trump ainda parece estar definindo o debate político sobre migração.
Jim Cason e David Brooks | Especial para o La Jornada.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
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