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ToggleVolodymir Zelensky destituiu sete membros do gabinete e cinco responsáveis regionais, a maioria relacionados pela imprensa com escândalos de corrupção e alguns por motivos não aclarados.
Deste modo, começou a “semana de decisões” prometida na segunda-feira (23) à noite por Zelensky, quando seu governo ficou sob suspeita por investigações jornalísticas como a que revelou que o vice-ministro de Infraestruturas, Vasyl Lozynsky, havia recebido 400 mil dólares de suborno para facilitar um contrato público de fornecimento de geradores de eletricidade, que serviu de fundamento para sua detenção, no sábado anterior, pelo Escritório Nacional Anticorrupção.
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Outros dois vice-ministros de Infraestruturas, Vyacheslav Negoda e Ivan Lukeria, foram demitidos nesta terça-feira, sem que os motivos fossem esclarecidos. Outro vice-ministro, desta vez de Política Social, Vitaly Mysychenko, também perdeu seu cargo sem que se tornassem públicos os motivos.
Em troca, o vice-ministro de Defesa, Vyacheslav Shapovalov, a cargo da logística da retaguarda, também renunciou, após o jornal ucraniano ZN analisar um contrato firmado por ele em dezembro anterior e o acusar de pagar um injustificado sobrepreço aos fornecedores de comestíveis para os soldados.
Shapovalov, que rechaçou as acusações como “infundadas”, disse que pediu para ser afastado do cargo para “garantir uma investigação imparcial” e contribuir para preservar a confiança dos sócios internacionais do país. Recebeu o respaldo de seu chefe, Oleksy Reznikov, o qual como titular da pasta da Defesa qualificou a publicação de “ataque informativo com base em falsidades”, em um momento especial delicado no qual a Ucrânia espera receber uma nova entrega de ajuda militar.
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Zelensky: “Sem justiça não será possível lograr a unidade que tanto necessita a Ucrânia em tempos de guerra”
A indignação de Zelensky
Outro caso que provocou a indignação de Zelensky e acabou com a carreira política do promotor geral adjunto, Oleksy Symonenko, deveu-se a sua falta de sensibilidade por tirar férias de dez dias em Marbella, Espanha, apesar da proibição presidencial de abandonar o país.
Symonenko celebrou o Ana Novo na Costa do Sol, fato do qual deixou provas com a publicação de numerosas fotos no Instagram, nas quais foi possível vê-lo desfrutar da boa vida em companhia de sua esposa em um luxuoso automóvel –que o diário Ukrainskya Pravda assegura pertencer ao multimilionário ucraniano Grigori Kozlovsky.
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Pavlo Jalimon, coordenador adjunto da bancada de “servidor do Povo”, o partido de Zelensky, recebeu nesta terça-feira sua fulminante demissão depois de outra investigação da imprensa que revelou que este parlamentar adquiriu em junho anterior uma casa de luxo em Kiev que nunca teria podido comprar com seu salário.
Não é claro o que se deveu à demissão do diretor adjunto do Escritório da Presidência, Kyrilo Tymoshenko, o qual se encarregava de coordenar o funcionamento dos máximos organismos do governo nas regiões em tempos de guerra.
No mês de dezembro, apareceram críticas na imprensa ucraniana contra Tymoshenko por usar um dos veículos Chevrolet Tahoe que a companhia General Motors concedeu à Ucrânia como ajuda humanitária para evacuar da zona de combate a população civil. Também se questionou que continuasse metido no negócio dos meios de comunicação.
Talvez Tymoshenko sentiu-se obrigado a renunciar depois que Zelensky destituiu nesta terça-feira cinco dos responsáveis regionais, inclusive três na zona de combates como Jersón, Zaporiyia e Dnepropetrovsk, sob suspeita de uso indevido de recursos destinados à construção e/ou roubo de ajuda humanitária e autorizar a subordinados a viajar fora do país.
A imprensa ucraniana especula que o último também demitido, Oleksy Kuleba, que era responsável na região de Kiev, poderia ocupar o lugar de Tymoshenko no Escritório da Presidência.
Com estas remoções e a nomeação de Oleksy Soboliev como vice-ministro de Economia, Zelensky – que chegou à presidência em 2019 com a promessa de acabar com a corrupção na Ucrânia – quis reafirmar sua tese de que “sem justiça não será possível lograr a unidade que tanto necessita a Ucrânia em tempos de guerra”, prometeu que todos os casos serão investigados a fundo e disse que “não tolerará nenhum abuso” nas dependências de seu governo.
Juan Pablo Duch | Correspondente do La Jornada em Moscou.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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