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Encontro entre Lula e Bernie Sanders firma aliança do Brasil com progressismo dos EUA

Além do senador, Presidente brasileiro se reuniu com a deputada democrata Alexandra Ocasio-Cortez
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

O mais notável da visita de Lula a Washington na semana passada é que ele sabia quem são seus amigos reais nos Estados Unidos, essas figuras e forças políticas que são aliados naturais porque compartilham a mesma visão de justiça social e econômica para uma democratização do hemisfério

Em sua visita à Casa Branca, Lula enfatizou que ambos os países compartilham uma experiência recente de luta contra um projeto neofacista (que bem sabe a importância dos vínculos internacionais) que literalmente tentou promover golpes de estados pós-eleitorais em ambos os países. Todos entendiam que Bolsonaro e Trump não são só parecidos, mas sim aliados.

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Em seus comentários na reunião com Biden, Lula recordou que ambas as democracias estão enfrentando desafios políticos e sociais muito parecidos – a partir da direita antidemocrática ao racismo, a desigualdade e a mudança climática – e até felicitou Biden por seu recém informe à nação, o qual, disse, poderia ser igual no Brasil.

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Porém foi o que ocorreu antes da visita à Casa Branca que talvez fosse de igual importância à reunião bilateral entre os mandatários. Lula e sua equipe decidiram que a visita a Washington tinha que incluir progressistas deste país.

Seguramente sabem que Biden nunca foi um político progressista e que muitas de suas iniciativas em torno à defesa de direitos trabalhistas e ambientais como as de bem-estar elogiadas por Lula foram primeiro promovidas pelas forças políticas e sociais progressistas deste país, e que o presidente as adotou por puro pragmatismo: a derrota do projeto neofacista de Trump e o triunfo eleitoral de Biden se deve em grande medida a essas forças. 

Além do senador, Presidente brasileiro se reuniu com a deputada democrata Alexandra Ocasio-Cortez

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Nas relações com Washington, aqueles que buscam uma mudança progressista no hemisfério sabem que devem proceder cuidadosamente




Antes da Casa Branca

Por isso, antes de ir à Casa Branca, Lula se reuniu com o senador socialista democrático Bernie Sanders, e, depois, com a deputada Alexandra Ocasio-Cortez, a estrela de uma nova geração de democratas socais, com Pramila Jayapal, presidenta do Caucus Progressista do Congresso – que inclui aproximadamente 100 legisladores, uma quarta parte da câmara baixa – e o deputado Ro Khanna, outra figura política progressista com perfil nacional, entre outros.

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“Um prazer dar as boas-vindas de Washington a Lula. Discutimos a importância de defender a democracia, promover os direitos dos trabalhadores e incrementar a cooperação ambiental e do clima ao redor do mundo “, tuitou Sanders com a foto de seu encontro. 

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Lula também reservou tempo para se reunir com os dirigentes da central operária nacional AFL-CIO e a grande líder socialista do sindicato de comissários de bordo, Sara Nelson.

Prayapal expressou que a eleição de Lula “deu esperança a movimentos democráticos e progressistas ao redor do mundo”, inclusive nos Estados Unidos, em sintonia com as mensagens de seus colegas.

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Nas relações com Washington, aqueles que buscam uma mudança progressista no hemisfério sabem que devem proceder cuidadosamente e com pragmatismo. Mas também deve-se saber quem são os verdadeiros aliados e amigos com os quais construir a solidariedade internacionalista tão necessária para enfrentar esse monstro transnacional neoliberal que antes tinha o nome de “consenso de Washington”. 

Esse velho conceito do internacionalismo – como o sabiam entre tantos mais Miranda, Bolívar, Martí, os Flores Magón e o Che – segue sendo essencial hoje em dia para criar esse outro mundo possível, ou pelo menos outro hemisfério, e que essa solidariedade essencial não se detém no Rio Bravo, mas sim incorporada aos aliados na mesma luta nos Estados Unidos. De fato, talvez o país mais necessitado dessa solidariedade no hemisfério hoje em dia são os Estados Unidos.

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Na sexta-feira (10), foi o natalício de Bertolt Brecht (10 de fevereiro de 1898) – algumas citações:

“Não gosto para onde vou e não gosto de onde estive. Por que tenho pressa?

“Se lutas, poderias perder; se não o faz, já perdeste”.

“Hay aquellos que luchan por un día y son buenos.
Hay aquellos que luchan por un año y son mejores.
Hay aquellos que luchan muchos años y son aún mejores.
Pero hay aquellos que luchan toda sus vidas: estos son los indispensables”.

David Brooks | Correspondente do La Jornada em Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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