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ToggleO mais notável da visita de Lula a Washington na semana passada é que ele sabia quem são seus amigos reais nos Estados Unidos, essas figuras e forças políticas que são aliados naturais porque compartilham a mesma visão de justiça social e econômica para uma democratização do hemisfério.
Em sua visita à Casa Branca, Lula enfatizou que ambos os países compartilham uma experiência recente de luta contra um projeto neofacista (que bem sabe a importância dos vínculos internacionais) que literalmente tentou promover golpes de estados pós-eleitorais em ambos os países. Todos entendiam que Bolsonaro e Trump não são só parecidos, mas sim aliados.
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Em seus comentários na reunião com Biden, Lula recordou que ambas as democracias estão enfrentando desafios políticos e sociais muito parecidos – a partir da direita antidemocrática ao racismo, a desigualdade e a mudança climática – e até felicitou Biden por seu recém informe à nação, o qual, disse, poderia ser igual no Brasil.
Porém foi o que ocorreu antes da visita à Casa Branca que talvez fosse de igual importância à reunião bilateral entre os mandatários. Lula e sua equipe decidiram que a visita a Washington tinha que incluir progressistas deste país.
Seguramente sabem que Biden nunca foi um político progressista e que muitas de suas iniciativas em torno à defesa de direitos trabalhistas e ambientais como as de bem-estar elogiadas por Lula foram primeiro promovidas pelas forças políticas e sociais progressistas deste país, e que o presidente as adotou por puro pragmatismo: a derrota do projeto neofacista de Trump e o triunfo eleitoral de Biden se deve em grande medida a essas forças.
Foto: Ricardo Stuckert/PR
Nas relações com Washington, aqueles que buscam uma mudança progressista no hemisfério sabem que devem proceder cuidadosamente
Antes da Casa Branca
Por isso, antes de ir à Casa Branca, Lula se reuniu com o senador socialista democrático Bernie Sanders, e, depois, com a deputada Alexandra Ocasio-Cortez, a estrela de uma nova geração de democratas socais, com Pramila Jayapal, presidenta do Caucus Progressista do Congresso – que inclui aproximadamente 100 legisladores, uma quarta parte da câmara baixa – e o deputado Ro Khanna, outra figura política progressista com perfil nacional, entre outros.
“Um prazer dar as boas-vindas de Washington a Lula. Discutimos a importância de defender a democracia, promover os direitos dos trabalhadores e incrementar a cooperação ambiental e do clima ao redor do mundo “, tuitou Sanders com a foto de seu encontro.
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Lula também reservou tempo para se reunir com os dirigentes da central operária nacional AFL-CIO e a grande líder socialista do sindicato de comissários de bordo, Sara Nelson.
Prayapal expressou que a eleição de Lula “deu esperança a movimentos democráticos e progressistas ao redor do mundo”, inclusive nos Estados Unidos, em sintonia com as mensagens de seus colegas.
Nas relações com Washington, aqueles que buscam uma mudança progressista no hemisfério sabem que devem proceder cuidadosamente e com pragmatismo. Mas também deve-se saber quem são os verdadeiros aliados e amigos com os quais construir a solidariedade internacionalista tão necessária para enfrentar esse monstro transnacional neoliberal que antes tinha o nome de “consenso de Washington”.
Esse velho conceito do internacionalismo – como o sabiam entre tantos mais Miranda, Bolívar, Martí, os Flores Magón e o Che – segue sendo essencial hoje em dia para criar esse outro mundo possível, ou pelo menos outro hemisfério, e que essa solidariedade essencial não se detém no Rio Bravo, mas sim incorporada aos aliados na mesma luta nos Estados Unidos. De fato, talvez o país mais necessitado dessa solidariedade no hemisfério hoje em dia são os Estados Unidos.
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Na sexta-feira (10), foi o natalício de Bertolt Brecht (10 de fevereiro de 1898) – algumas citações:
“Não gosto para onde vou e não gosto de onde estive. Por que tenho pressa?
“Se lutas, poderias perder; se não o faz, já perdeste”.
“Hay aquellos que luchan por un día y son buenos.
Hay aquellos que luchan por un año y son mejores.
Hay aquellos que luchan muchos años y son aún mejores.
Pero hay aquellos que luchan toda sus vidas: estos son los indispensables”.
David Brooks | Correspondente do La Jornada em Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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