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Com ameaças e “oferta ridícula”, plano dos EUA para asfixiar Rússia fracassa na Ásia

Analistas asseguram que, nos bastidores, secretário de Estado Antony Blinken intimidou chanceleres da região com sanções secundárias
Germán Ferrás Álvarez
Prensa Latina
Moscou

Tradução:

A viagem do secretário de Estado norte-americano Antony Blinken à Ásia Central, de 28 de fevereiro a 3 de março, deixou algo claro: os Estados Unidos tentam pôr a região contra a Rússia com dinheiro e ameaças, para levar as repúblicas ex-soviéticas a suspender a ajuda a Moscou em seu afã de evitar as sanções ocidentais.

No entanto, o secretário de Estado norte-americano, ao perceber que para as nações centro-asiáticas era rentável negociar com a Rússia, prometeu às empresas locais a irrisória quantia de 25 milhões de dólares em compensação por romper os laços comerciais com Moscou.

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Para aqueles que desobedecem, o convidado ameaçou com sanções secundárias. E seria interessante perguntar-se, até que ponto Blinken atingiu seu objetivo?

Depois de sua estadia na Ásia Central, Blinken voou para Nova Delhi, para a reunião dos chefes da diplomacia do Grupo dos 20 (G20), mas de Taskent, Uzbequistão, advertiu que não pretendia comunicar-se com seus homólogos da China e da Rússia na capital da Índia, algo que só cumpriu em parte.

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A negativa de comunicar-se com Qin Gang e Serguei Lavrov foi conhecida depois que o secretário de Estado tentou prejudicar tanto quanto possível os vínculos das repúblicas centro-asiáticas com Moscou e Pequim.

De fato Blinken, citado pelo jornal Gazeta.uz, instou os uzbecos a lutar contra a “desinformação” proveniente de Moscou e propôs criar uma imprensa local independente, uma mídia forte, ativa e com recursos suficientes.

Em sua primeira visita àquela capital, o chefe da diplomacia norte-americana chegou a Taskent procedente de Astana, onde participou de uma reunião dos ministros de Relações Exteriores dos cinco países da região, o chamado formato C5+1 (Kazaquistão, Kirguistão, Turkmenistão, Tayikistão e Uzbequistão + Estados Unidos).

Combinamos em unir “esforços para criar melhores condições para os intercâmbios comerciais, desenvolver o potencial de recursos humanos do Uzbekistão e fortalecer a segurança regional na Ásia Central”, afirmou o chanceler deste país centro-asiático, Bakhtiyor Saidov.

Analistas asseguram que, nos bastidores, secretário de Estado Antony Blinken intimidou chanceleres da região com sanções secundárias

Prensa Latina
A visita do secretário de Estado norte-americano não poderia afetar as relações do Kazaquistão com Rússia e China, considera especialista




O formato que pretende deslocar a Rússia da Ásia Central

Blinken chegou à capital do Uzbequistão procedente de Astaná. Ao criar o C5+1 há oito anos, Washington atribui-se a tarefa de fortalecer sua influência na região, desafiando seus dois principais jogadores, China e Rússia, disse Andrei Grozin, chefe do Departamento de Ásia Central e Kazaquistão do Instituto de Países da Comunidade de Estados Independentes.

Grozin lembrou que a visita de Blinken, ocorrida no contexto do conflito russo-ucraniano, não podia ser vista de forma isolada. Na parte aberta e pública da visita, “recordo sobretudo a dupla “proposta comercial” que anunciou depois da reunião com os cinco”.

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Washington acompanha de perto o cumprimento das sanções contra a Rússia e ao mesmo tempo entende que o cumprimento das restrições ameaça com perdas a economia da Ásia Central, admitiu Blinken.

Disse isso de modo mais simplificado: “efeitos econômicos secundários”. Nesse sentido, Washington promete outorgar “licenças” a empresas da região para “dar tempo para que cortem relações com firmas russas que estão sob sanções, diversificar suas relações comerciais”, declarou.

Isto significa que os empresários dispostos podem obter algo assim como uma “blindagem” das sanções estadunidenses se, por sua vez, prometem romper as relações com os sócios russos. “Entendemos que este processo leva tempo, que não pode ser feito com um único clic”, acrescentou Blinken.


Promessas

Em segundo lugar, o secretário de Estado prometeu às empresas locais 25 milhões de dólares “para diversificar as rotas comerciais e criar empregos”, isto é, ofereceu uma compensação pela ruptura de relações comerciais com a Rússia.

Os Estados Unidos estão conscientes dos “efeitos secundários e está fazendo todo o possível para minimizá-los, mitigá-los e criar várias oportunidades novas para os sócios aqui na Ásia Central”, insistiu.


A importante economia do Kazaquistão

É por todos conhecido que no último ano o Kazaquistão se tornou uma das principais rotas para as importações paralelas; é com sua ajuda que a Rússia consegue evitar as sanções ocidentais.

Neste contexto, o faturamento comercial dos dois países cresce consideravelmente, afirmou Marat Shibutov, politólogo e representante da Associação para a Cooperação Fronteiriça no Kazaquistão.

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Para Shibutov, uma visita do secretário de Estado norte-americano obviamente não será suficiente para obrigar a região a distanciar-se de Moscou. E a quantia proposta de insignificantes 25 milhões é ridícula, dado o intercâmbio comercial com a Rússia de dezenas de milhares de milhões de dólares.


Quantia ridícula

A quantia é realmente ridícula, mas este seria só o “primeiro passo” para “desenvolver possíveis vias econômicas alternativas”, se os Estados ainda quiserem deixar de cooperar com a China e com a Federação Russa.

Além disso, ocorreu que o emissário estadunidense não apenas tinha uma cenoura, como também um chicote. Muitos dos analistas regionais asseguram que, nos bastidores, Blinken ameaçou os chanceleres dos países da Ásia Central com sanções secundárias.

Tais restrições secundárias foram a tese mais repetida nas negociações. De fato, o secretário de Estado tentou intimidar o Kazaquistão e o Uzbequistão, mas é pouco provável que tenha conseguido: a Rússia tem muitos laços econômicos com os países da região.


Sanções secundárias

De fato, seu colega do Kazaquistão, Mukhtar Tleuberdi, que interveio publicamente depois de falar com Blinken, afirmou que nem uma única empresa do Kazaquistão sofreu sanções secundárias dos Estados Unidos devido à cooperação com os russos.

Assim como em Taskent, em Astaná Blinken foi recebido no mais alto nível, em nível de presidente.

A visita do secretário de Estado norte-americano não poderia afetar as relações do Kazaquistão com a Rússia e a China, considera Rakhim Oshakbaev, diretor do Centro de Pesquisa Aplicada e membro do Clube Internacional Valdai.

“Considero que, inclusive antes da visita, Astaná deixou claro que adere firmemente à política de múltiplos vetores”, lembrou Oshakbaev.


Essência

A essência desta política nas condições modernas, no contexto de falhas geopolíticas e conflitos armados, pode ser formulada da seguinte maneira: não se espere que o Kazaquistão se torne parte de uma “coalizão antirrusa”, e tampouco antichinesa.

Tampouco se unirá às frentes anti-ocidentais, e continuará sendo um sócio previsível e confiável no quadro daquelas associações de que já é membro: a União Econômica Euroasiática, a Comunidade de Estados Independentes e a Organização do Tratado de Segurança Coletiva.

“Para os observadores regionais, tampouco passou inadvertido que em 25 de fevereiro, às vésperas da chegada de Blinken, o Ministério de Relações Exteriores do Kazaquistão acolheu com beneplácito o plano de paz para a crise ucraniana proposto pela China”, lembrou o analista de Valdai.

Em sua opinião, isto também foi um sinal, uma pista importante para o convidado estadunidense.

Recentemente perguntou-se ao secretário de imprensa do presidente da Rússia, Dimitri Peskov, se as relações entre Moscou e Astaná estão “esquentando” como resultado dos esforços de Blinken.

“Não”, respondeu o porta-voz do Kremlin. Valorizamos nossa relação e também nos unem os laços bilaterais, que têm diversos formatos. Nos une a participação conjunta em projetos de integração. E estamos vendo uma dinâmica muito positiva no desenvolvimento destes laços, concluiu Peskov.

Germán Ferrás Álvarez | Correspondente-chefe na Rússia.
Tradução: Ana Corbisier.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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