Arnaldo Otegi, líder da coalizão de esquerda independentista basca EH-Bildu, afirmou na última segunda-feira (22) que chegou o momento de reconhecer que “Euskadi é uma nação com direito a decidir”, como, em sua opinião, atestam os resultados eleitorais autonômicos do último domingo (21).
O dia eleitoral deixou um resultado histórico para as forças independentistas, com um empate entre ambas e situadas no topo da classificação: o Partido Nacionalista Basco (PNV), com 27 cadeiras e 30 mil votos a mais, e o EH-Bildu, também com 27 cadeiras, o que representa cerca de 70 por cento da população basca.
O Parlamento basco tem uma clara maioria independentista com 54 dos 75 deputados, à qual se pode adicionar o deputado da Sumar, uma formação de esquerda que defende o direito à autodeterminação dos povos. Os demais grupos, o Partido Socialista do País Basco (PSE), têm 12 deputados, enquanto o bloco da direita espanholista soma apenas oito cadeiras, sete do Partido Popular (PP) e uma do Vox.
Apesar da ampla maioria independentista, o PNV renovará seu acordo de governo com o PSE, com o qual aspiram manter o poder que tiveram quase de forma ininterrupta nas últimas quatro décadas e continuar desenvolvendo o estatuto de autonomia de Guernica, aguardando transferir mais algumas competências. De fato, o líder do PNV e candidato, Imanol Pradales, já está negociando com seu homólogo socialista, Eneko Andueza, a composição do futuro Executivo, que contará com uma vice-presidência socialista e várias conselheiras.
Por isso, a leitura de Otegi é diferente. Ele fala de uma nova era em que se deve assumir o mandato da população basca, que pode abrir a porta para o “direito a decidir”, ou seja, a realização de um referendo de independência para se separar definitivamente do Estado espanhol. “55 dos 75 deputados do Parlamento basco dizem que Euskadi é uma nação com direito a decidir”, afirmou Otegi, que insistiu que “as coisas mudaram, já estavam mudando e ontem (domingo, 21) se confirmou que a mudança já está aqui. Aqueles que diziam que a esquerda abertzale (patriótica) não tinha futuro estavam errados”.
Otegi, líder histórico da esquerda separatista e um dos artífices do processo de pacificação do histórico conflito que culminou com a dissolução do grupo armado ETA, acrescentou que “o país colocou cada partido em seu lugar, é o povo que coloca os partidos em seu lugar, e ontem fez isso. E pede uma mudança no modelo de governança para políticas mais abertzales e mais de esquerda. Vai haver uma soma abertzale? Vai haver uma soma de esquerdas? Ou vamos para governos de subtração? Temos que ser coerentes e respeitar o mandato popular”.
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