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Foto: Daniel Jadue / Facebook

“Perseguição”: prefeito comunista preso no Chile criou farmácia popular para frear preços abusivos

Daniel Jadue nega acusações de suborno, fraude ao fisco e estelionato e afirma: "tenho toda a força para enfrentar esse e muitos outros desafios"
Aldo Anfossi
La Jornada
Santiago

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Daniel Jadue, renomado dirigente do Partido Comunista do Chile e prefeito do município santiaguino de Recoleta, ficou na segunda-feira (3) em prisão preventiva após o Ministério Público o acusar de delitos de suborno, fraude ao fisco e estelionato, supostamente cometidos entre 2020 e 2022, quando presidia a Associação Chilena de Farmácias Populares (Achifarp).

Segundo a juíza Paulina Moya, do terceiro tribunal de garantia de Santiago, deixar Jadue em liberdade “representa um perigo para a segurança da sociedade, além do risco que sua permanência no cargo representa para o patrimônio da comuna, entendendo que isso poderia até configurar um perigo de reincidência”.

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A Achifarp, agora em processo de liquidação judicial, foi criada pelo chefe municipal em 2016, porque após o notável sucesso da farmácia popular de Recoleta, que ele idealizou, essa foi imitada por dezenas de municípios que se organizaram como um poder de compra para negociar diretamente com os laboratórios farmacêuticos e vender os medicamentos a preços mais baratos aos moradores.

Domínio do mercado

No Chile, o mercado de farmácias é dominado por três grandes redes – uma delas (Ahumada) de propriedade mexicana – que, de acordo com uma investigação de 2020, conspiravam para fixar preços, sendo sancionadas pelo Tribunal de Livre Concorrência, que as obrigou a indenizar dezenas de milhares de consumidores.

O prefeito comunista nega rotundamente as acusações e assegura que se trata de uma perseguição orquestrada pelo Ministério Público. “Estou tranquilo. E mais, se acontecer o cenário de prisão preventiva, acreditem que tenho toda a força para enfrentar esse e muitos outros desafios para que continuemos construindo um projeto popular. Não tenho nenhum problema e estou convicto de que tudo isso é um show da Promotoria, porque querem ter um troféu de alguém que se atreveu a desafiar o modelo”, disse antes de se conhecer a decisão judicial.

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“Me julgam pela nossa gestão transformadora. Não há um centavo no meu bolso, mas me dão a medida cautelar máxima”, denunciou nas redes sociais. “Vamos apelar desta medida desproporcional!”, acrescentou.

PC reafirma inocência de Jadue

O PC publicou uma declaração apontando: “Nos assiste a convicção política da inocência de nosso companheiro Daniel Jadue, a quem continuaremos acompanhando neste processo, conforme garante o princípio da inocência em nosso sistema penal.”

O tribunal fixou um prazo de 120 dias para a investigação, que se desenrola justamente quando, em outubro, haverá eleições municipais, embora Jadue não possa se candidatar à reeleição porque já esgotou os três mandatos permitidos pela lei eleitoral.

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Apenas três anos atrás, Jadue figurou por meses como o favorito nas pesquisas para disputar uma candidatura presidencial, mas o apoio ao seu nome desmoronou quando o atual governante, Gabriel Boric, o derrotou amplamente em uma eleição primária.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Aldo Anfossi

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