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Presidentes da direita latino-americana podem estar por trás de ações de desestabilização de Cuba, diz ex-ministra boliviana

"Vejo que aqui em Cuba inventam fake news sobre o governo, inventam casos de violência repressora estatal ou partidária... Ou seja, criam um imaginário coletivo prévio de modo a gerar mal-estar em relação ao governo, diz Ariana Campero
Carmen Esquivel
Prensa Latina
Havana

Tradução:

Cuba sofre uma guerra midiática com fins desestabilizadores similar à que a Bolívia enfrentou antes, durante e depois do golpe de Estado de 2019, explicou em entrevista à Prensa Latina a ex-embaixadora da nação sul-americana neste país, Ariana Campero.

“Vejo várias semelhanças. A primeira é a utilização articulada de meios de comunicação e de redes sociais como instrumento de desestabilização e de ‘golpe brando'”, advertiu.

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Por meio deles, criam uma imagem distorcida da realidade, satanizam líderes, utilizam algoritmos para promover meios de comunicação contrarrevolucionários, cuja informação ataca diretamente os governos socialistas e progressistas. Isso aconteceu na Bolívia.

Graduada na Escola Latino-americana de Medicina (ELAM), de Cuba, Ariana Campero foi nomeada em 2015 titular da Saúde e, com apenas 28 anos, tornou-se a ministra mais jovem do governo de Evo Morales.

TV Diálogos del Sur:

Em conversa com esta agência, lembrou como, antes de se consumar o golpe de Estado de 10 de novembro de 2019 em seu país, existiam inumeráveis robôs e contas falsas que mentiam e insultavam o presidente, criando um mal-estar na juventude e no povo para com seu líder.

Por exemplo: inventaram um suposto sequestro, violação e desaparecimento de duas universitárias que viajavam a La Paz para participar de mobilizações antigovernamentais.

Os meios de comunicação ecoaram esta notícia. No entanto, quando depois apareceram, as jovens e anunciaram que estavam bem, mas não reproduziram esta notícia.

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“Vejo que aqui em Cuba inventam fake news (notícias falsas) sobre o governo, inventam casos de violência repressora estatal ou partidária… Ou seja, criam um imaginário coletivo prévio de modo a gerar mal-estar em relação ao governo para depois dar uma estocada final com alguns eventos nas ruas”, disse, referindo-se aos recentes distúrbios na nação caribenha.

"Vejo que aqui em Cuba inventam fake news sobre o governo, inventam casos de violência repressora estatal ou partidária... Ou seja, criam um imaginário coletivo prévio de modo a gerar mal-estar em relação ao governo, diz Ariana Campero

FotosPL/Fausto Triana Pruna
Marcha realizada em 26 de julho em Madri, no Dia da Rebeldia de Cuba

Confira a entrevista

Prensa Latina: Quem acha que está por trás dos atos violentos em Cuba?

Ariana Campero : Os Estados Unidos, por meio da CIA, e a máfia cubana da Flórida. Não posso descartar que haja ações de outras instâncias ou governos de direita da região.

O caso boliviano é exemplo de um plano macabro tipo Plano Condor 2, em que ficou demonstrada a participação de Mauricio Macri, da Argentina, e Lenín Moreno, do Equador; e estamos investigando Sebastián Piñera, Jair Bolsonaro e Iván Duque. Não é fora de propósito pensar que ajam desta forma com Cuba.

Depois dos sucessos de 11 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que Cuba é um “estado falido”. Que opinião tem sobre esta declaração?

É a maior demonstração de cinismo. Esta hipocrisia é usual na política exterior dos Estados Unidos. O governo de Biden mantém intactas as 243 medidas implementadas por Donald Trump contra Cuba e, apesar do bloqueio, o país caribenho registra uma baixa taxa de letalidade pela Covid-19 em comparação com as estatísticas no mundo e na região das Américas.

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Eu me pergunto: qual é o Estado falido, se nos Estados Unidos há mais de 600 mil mortos pela Covid-19 e foi o epicentro da pandemia por muitos meses? Seus aliados, como Brasil ou Equador, acaso não são mostras de Estados falidos, ou melhor dizendo, de um sistema falido?

O neoliberalismo demonstrou ser um sistema incapaz de garantir assistência social a seus habitantes; falo de saúde, educação, segurança cidadã…

A senhora, que estudou em Cuba, poderia dizer-nos como o bloqueio afeta a população?

O bloqueio impacta em todos os aspectos da vida do povo cubano. Mencionarei a área da saúde, já que várias indústrias farmacêuticas e laboratórios não querem fazer negócios com Cuba, com medo das sanções que lhes impõem os Estados Unidos; então faltam medicamentos tão importantes como os oncológicos, entre tantos outros.

Também há carências das matérias-primas necessárias à indústria cubana para o abastecimento das demandas internas. Por todos os lados querem sufocar a saúde do povo.

Nos últimos tempos há uma campanha dos Estados Unidos para desacreditar a cooperação médica cubana. Qual é sua opinião sobre o trabalho de brigadas como a Henry Reeve?

Sinto uma eterna gratidão por essas brigadas médicas que levaram saúde a tantos povos pobres do mundo, ajudaram a conter uma doença que podia tornar-se uma pandemia como o Ebola, operaram mais de 700 mil compatriotas na Bolívia com a Missão Milagre.

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Atenderam a população em lugares fustigados pela pobreza e os desastres, como o Haiti, estiveram em locais aonde nenhum outro médico quis ir.

Acho que este ataque à colaboração médica pretende ofender as obras mais belas, visionárias e reconhecidas da Revolução Cubana: o humanismo, a solidariedade e o altruísmo.

Carmem Esquivél, Editora chefe de Prensa Latina

Tradução de Ana Corbisier

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.


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