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Putin: "EUA e aliados se dizem comovidos com Ucrânia. Gaza e Donbass não comovem?"

O mandatário russo também perguntou se "o extermínio da população civil na Palestina, na Faixa de Gaza, também não impressiona o Ocidente?
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

No último dia 22, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou os Estados Unidos e seus aliados de dupla moral nos conflitos de Ucrânia e Gaza: “Alguns colegas disseram em suas intervenções que se sentem comovidos pela ‘agressão que continua da Rússia contra a Ucrânia’. Sim, é claro, as ações militares são sempre uma tragédia para pessoas concretas, para famílias inteiras e até para todo um país. E é claro que deveríamos pensar em como deter essa tragédia”, afirmou ao participar na reunião virtual do Grupo dos Vinte (G20), com Estados e organismos internacionais invitados.

“Entendo que a guerra, a morte de pessoas, não pode não comover. E o golpe sangrento na Ucrânia em 2014 que derivou na guerra do regime de Kiev contra seu próprio povo no Donbass? Isso não comove?”, prosseguiu sua intervenção que foi transmitida pela televisão pública deste país.

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O mandatário russo também perguntou: “E o extermínio da população civil na Palestina, na Faixa de Gaza, não impressiona? E o fato de que médicos tenham que operar crianças sem anestesia, não impacta? E que o secretário-geral das Nações Unidas (António Guterres) diga que Gaza se converteu em um grande cemitério infantil, não comove?”.

Asseverou que Moscou “nunca se negou a negociar a paz” com Kiev e atribuiu à “intransigência” do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que não se tenha podido dialogar sobre como pôr fim às hostilidades. 

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Na ocasião, Putin afirmou ainda que Zelensky, “inclusive, proibiu mediante decreto manter conversações com a Rússia”. 

O mandatário russo também perguntou se "o extermínio da população civil na Palestina, na Faixa de Gaza, também não impressiona o Ocidente?

Foto: Kremlin
Esta foi a primeira participação de Putin em um foro internacional com representantes de “países hostis” desde o início da guerra na Ucrânia




Exigências descabidas

Dois dos participante na reunião aludidos por Putin, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, ao término de um encontro bilateral em Berlim, revelaram que exigiram que a Rússia retire todas as suas tropas da Ucrânia, de acordo com despachos de agências noticiosas. 

“Era a primeira vez desde o começo da guerra de agressão à Ucrânia que o presidente Putin participava de um encontro do G20. Disse a ele que ponha fim à agressão e que retire suas tropas, que esse é o caminho para alcançar a paz”, apontou Scholz.

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“Quando começou a falar que a Rússia queria buscar a paz, lhe disse que o caminho mais fácil é que vá embora da Ucrânia”, resumiu Meloni.

Para Putin, esta reunião virtual – celebrada por iniciativa do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, a poucos dias de seu país concluir a presidência rotativa do G20, que inclui as economias mais avançadas e as principais emergentes – foi sua primeira participação em um foro internacional com representantes de “países hostis”, como os denomina o Kremlin, desde o início da guerra na Ucrânia.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não participou na reunião, como tampouco o fez o presidente da China, Xi Jinping.

Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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