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Resposta a invasões de terroristas ucranianos na Rússia será "rápida e dura", adverte Kremlin

Segundo o exército russo, “foram liquidados mais de 70" sabotadores, que entraram no território russo na última segunda-feira (22)
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

O ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, rompeu seu silêncio nesta quarta-feira (24) e advertiu que seu exército responderá com “rapidez” e “suma dureza” no caso de se produzirem novas incursões como a que realizou um grupo armado de “sabotadores ucranianos” na fronteiriça região de Bolgorod na última segunda-feira.

Ao se reunir com o estado maior do exército, Shoigu repetiu a versão completa que no dia anterior (terça-feira) tornou pública seu porta-voz, Igor Konashenkov, e tornou a dizer que, em uma operação conjunta do exército, da Guarda Nacional e das forças de segurança do Estado, “foram liquidados mais de 70 terroristas ucranianos”.

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Mas nem a dependência castrense nem os canais de notícias que se subordinam a ela puderam apresentar cadáveres empilhados de dezenas de atacantes, o que tranquilizaria os habitantes das localidades da zona que permanecem em refúgios e se negam a regressar às suas casas. 

Circula só um breve vídeo onde apenas se veem 6 ou 8 combatentes mortos, mas não se sabe onde nem quando perderam a vida, e até o periódico Nezavisimaya Gazeta, em sua edição de quarta-feira, pôs em dúvida a versão oficial apresentada pelo porta-voz Konashenkov.

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“O incidente (assim se refere à incursão o diário dirigido por Konstantin Remchukov) durou dois dias, no entanto, com base nas contraditórias declarações oficiais, no que dizem os meios de comunicação e na difusão de falsidades interessadas, é muito difícil reconstruir o verdadeiro quadro do acontecido: não sabemos o numero do grupo de sabotadores, que baixas sofreram as partes e quando os atacantes abandonaram o território do Federação Russa”. 


Guerra de versões

Apenas o general Konashenkov reportou que “o exército matou todos os terroristas”; apareceram nas redes sociais vídeos de “atacantes mortos” que asseguravam que seguiam combatendo e, mais tarde, outros onde se vê que regressam sorridentes à Ucrânia com pelo menos dois veículos blindados capturados do exército russo que levaram como troféu. 

O Corpo de Voluntários Russos e a Legião Liberdade para Rússia, os autoproclamados grupos que efetuaram a incursão em Belgorod e dizem estar formados só por cidadãos russos inconformados com o Kremlin, publicaram nesta quarta-feira no Telegram: “Não sabemos que atacantes o senhor Konashenkov aniquilou, nós tivemos só duas baixas mortais e 10 feridos”. 

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O jornalista russo Aleksandr Pliushev, que de segunda a quinta conduz um programa de notícias e entrevistas por internet, se perguntava esta manhã “se tardaram dois dias para neutralizar uma incursão de, digamos, uma centena de ‘sabotadores’, o que aconteceria se na próxima vez entrassem 10 mil?”

E a região de Belgorod sofreu, a partir do território ucraniano, na madrugada desta quarta-feira, ataques com drones carregados de explosivos, a maioria derrubados pela defesa antiaérea russa, segundo o governador Viacheslav Gladkov, mas um gasoduto amanheceu em chamas e houve danos na cidade homônima que exerce função de capital regional e em dois distritos adjacentes, afetando edifícios administrativos, casas particulares e veículos. 

Peskov: Ucrânia opera sabotagens na Rússia para disfarçar derrota em Bakhmut

“Um total de 9 pessoas estão hospitalizadas, 3 delas em cuidados intensivos”, informou Gladkov.

Entretanto, vale a pena reproduzir fragmentos da longa entrevista que concedeu o controverso Yevgueni Prigozhin ao agora blogueiro Konstantin Dolgov, politólogo nascido em Karkov, que forma parte da equipe de Serguei Kiriyenko, subchefe do Escritório da Presidência russa a cargo da política para Ucrânia, que aparentemente tem um conflito com o ministro da Defesa, Serguei Shoigu.

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Prigozhin, após admitir que reclutou nos centros de reclusão 50 mil convictos em troca de um salário e a promessa de indulto se sobrevivessem seis meses nos campos de batalha, revelou que nos meses que durou o assalto a Bakhmut perdeu cerca de 16 mil combatentes, 10 mil deles presidiários. Disse também que morreram outros 10 mil mercenários de outras companhias militares privadas. 

“Isto pode acabar como em 1917, em uma revolução. Porque enquanto os filhos da elite mostram na internet como se untam bronzeador nas melhores praias do mundo, as pessoas normais recebem seus filhos em ataúdes de zinco, aos pedaços. E não creiam que são centenas. São dezenas de milhares de familiares com mortos (na Ucrânia). Com toda a segurança, serão centenas de milhares. Não há forma de evitá-lo”, refletiu Prigozhin. 

“Prendam Putin”: petição da Avaaz é seletiva ao pedir punição a supostos crimes de guerra

O ministro Shoigu reconhece não mais de 6 mil militares mortos no ano e três meses da guerra e, em comparação, nos 10 anos da ocupação soviético da Afeganistão pareceram 15 mil soldados. 

Da mesma forma, Prigozhin afirmou que a operação militar especial (OME) está conseguindo resultados contrários aos que queriam o Kremlin: em lugar de “desnazificar” a Ucrânia, agora recebe amplo apoio no mundo e em vez de desmilitarizar esse país, agora tem um dos exércitos mais poderosos do mundo, opina. 

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“Ingressamos de modo grosseiro. Pisoteamos com nossas botas todo o território (ucraniano) em busca de nazistas. Enquanto buscávamos nazistas, repartimos golpes à destra e sinistra e nos acercamos de Kiev, e depois – como se diz em bom russo – nos cagamos e tivemos que ir embora. Depois, seguiu Kherson, outra vez nos cagamos e tornamos a ir embora. E o mesmo em Izium, Krasny Liman. As coisas, desde então, começaram a ir de mal a pior”. Prigozhin explica assim os primeiros meses da OME.

Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Guerra de versões

Apenas o general Konashenkov reportou que “o exército matou todos os terroristas”; apareceram nas redes sociais vídeos de “atacantes mortos” que asseguravam que seguiam combatendo e, mais tarde, outros onde se vê que regressam sorridentes à Ucrânia com pelo menos dois veículos blindados capturados do exército russo que levaram como troféu. 

O Corpo de Voluntários Russos e a Legião Liberdade para Rússia, os autoproclamados grupos que efetuaram a incursão em Belgorod e dizem estar formados só por cidadãos russos inconformados com o Kremlin, publicaram nesta quarta-feira no Telegram: “Não sabemos que atacantes o senhor Konashenkov aniquilou, nós tivemos só duas baixas mortais e 10 feridos”. 

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E a região de Belgorod sofreu, a partir do território ucraniano, na madrugada desta quarta-feira, ataques com drones carregados de explosivos, a maioria derrubados pela defesa antiaérea russa, segundo o governador Viacheslav Gladkov, mas um gasoduto amanheceu em chamas e houve danos na cidade homônima que exerce função de capital regional e em dois distritos adjacentes, afetando edifícios administrativos, casas particulares e veículos. 

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“Isto pode acabar como em 1917, em uma revolução. Porque enquanto os filhos da elite mostram na internet como se untam bronzeador nas melhores praias do mundo, as pessoas normais recebem seus filhos em ataúdes de zinco, aos pedaços. E não creiam que são centenas. São dezenas de milhares de familiares com mortos (na Ucrânia). Com toda a segurança, serão centenas de milhares. Não há forma de evitá-lo”, refletiu Prigozhin. 

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O ministro Shoigu reconhece não mais de 6 mil militares mortos no ano e três meses da guerra e, em comparação, nos 10 anos da ocupação soviético da Afeganistão pareceram 15 mil soldados. 

Da mesma forma, Prigozhin afirmou que a operação militar especial (OME) está conseguindo resultados contrários aos que queriam o Kremlin: em lugar de “desnazificar” a Ucrânia, agora recebe amplo apoio no mundo e em vez de desmilitarizar esse país, agora tem um dos exércitos mais poderosos do mundo, opina. 

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Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


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Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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