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Nicolás Maduro (Foto: Reprodução / Facebook)

Roteiro golpista: as 10 fases da guerra eleitoral operada antes e após 28/07 na Venezuela

Organizar eleições em um contexto de guerra eleitoral é uma empreitada muito arriscada, sobretudo num país como a Venezuela, na mira do Ocidente
Marc Vandepitte
La Haine

Tradução:

Ana Corbisier

Nada do que aconteceu antes, durante e depois das eleições na Venezuela foi casual nem caiu do céu. Tudo estava preparado perfeitamente e foi um magnífico exemplo de guerra eleitoral.

Para entender o que está acontecendo na Venezuela nas últimas semanas é preciso atentar para duas coisas: uma, que estas eleições presidenciais ocorreram no “quintal” dos EUA e outra, que o país segue um rumo esquerdista.

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Todos os países da região que adotaram esse rumo esquerdista nos últimos 20 anos enfrentaram tentativas de desestabilização e mudança de regime que iam desde golpes militares, batalhas jurídicas (1) e golpes institucionais (2) até tentativas de revoluções coloridas (3). Veja no anexo do artigo um resumo destas tentativas.

Guerra eleitoral híbrida

A Venezuela não é uma exceção, pelo contrário, está na mira do Ocidente mais que nenhum outro país da região (com exceção de Cuba) por ser pioneira na construção de um mundo multipolar em que o Ocidente já não pode afirmar sua superioridade. Desde que Chávez foi eleito presidente em 1999, o império fez todo o possível para sabotar este experimento esquerdista.

Houve, entre outras coisas, dois golpes de Estado, uma tentativa de assassinato do presidente, provocações militares por meio da ajuda ao desenvolvimento, mortíferos bloqueios de ruas, um bloqueio por parte dos patrões do petróleo (4), isolamento diplomático, acaparamento de bens essenciais para criar escassez, fortes sanções econômicas, congelamento de ativos estrangeiros e impossibilidade de realizar transações financeiras.

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Quando pensamos na guerra, imediatamente pensamos em bombas e mísseis. Mas na Venezuela, a guerra se trava de outra maneira. Todas as agressões enumeradas contra o país são exemplos do que se denomina uma guerra híbrida (5). Cada uma destas estratégias aplicadas foi traçada ou financiada nos EUA.

Os acontecimentos das últimas semanas na Venezuela depois das eleições presidenciais encaixam-se perfeitamente neste quadro e podem ser descritos como guerra eleitoral.

Venezuela e um roteiro já conhecido

Nada do que ocorreu antes, durante e depois das eleições foi casual nem caiu do céu. Tudo estava bem pensado. De fato, a oposição de extrema-direita tinha anunciado com antecedência o que estava a ponto de acontecer.

Algumas semanas antes das eleições, o candidato da oposição de extrema-direita Edmundo González tinha anunciado, assim como Trump nos EUA em 2020, que não aceitaria os resultados caso perdesse. No passado isso provocou distúrbios e os infames fechamentos de ruas (“guarimbas”) na Venezuela. Uma vez mais, estava escrito nas estrelas que isso voltaria a acontecer.

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As manobras da oposição de extrema-direita seguiram um roteiro cuidadosamente preparado. Suas partes principais foram inclusive publicadas previamente por Mark Feierstein, especialista em guerra psicológica e desinformação. Este homem foi também uma figura chave na guerra suja contra a Nicarágua na década de 1980 e no golpe de Estado contra o presidente Fernando Lugo, no Paraguai.

Os elementos-chave do roteiro

Os números entre parênteses se referem às notas de rodapé.

1. Utilizar habilmente as sanções econômicas (6). Segundo Feierstein, as devastadoras sanções econômicas são uma alavanca para forçar concessões do governo esquerdista. Além disso, as sanções são uma excelente ferramenta de chantagem eleitoral: um voto de esquerda mantem as sanções, um voto de direita as faz desaparecer. É uma estratégia que foi utilizada com êxito nas eleições nicaraguenses de 1990 (7).

Em qualquer caso, as sanções tiveram um efeito devastador na economia e nas condições de vida. Esgotaram a população venezuelana e parte dela espera e deseja que Washington cesse o estrangulamento econômico quando Maduro deixar de ser presidente.

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2. Unir a direita espicaçada pelos EUA (8). A direita estava muito dividida no passado, o que lhe dava poucas possibilidades contra Maduro e antes, contra Chávez. Desta vez, Washington fez todo o possível para unir a direita e obteve um êxito razoável.

A influência de Washington é inegável. No passado o presidente Bush Jr. recebeu pessoalmente na Casa Branca a atual líder da direita, Maria Corina Machado, e dois dias depois das eleições realizou-se uma reunião entre a oposição de extrema-direita e um alto assessor de Biden para traçar a estratégia para um futuro próximo.

Visita ao então presidente Bush da líder da oposição de extrema-direita Maria Corina Machado.

3. Infiltrar-se e pressionar o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) (9). O Conselho Nacional Eleitoral, que organiza as eleições e é responsável pelos resultados, é um organismo independente que não depende do Governo, e sim do Parlamento. Feierstein sugere infiltrar-se no Conselho e também pede aos países da região que pressionem o CNE.

4. A direita deve apresentar seus próprios resultados antes que a junta eleitoral anuncie os resultados oficiais (10). No ponto 8 descrevemos como as pesquisas manipuladas e as sondagens de boca de urna falsas pretendiam inculcar de antemão no povo venezuelano e no mundo exterior a ideia de que a direita ia ganhar de todo modo e que se Maduro ganhasse, os resultados oficiais seriam o resultado de uma fraude.

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Sem afirmar explicitamente, Feierstein indica que o melhor é que estas pesquisas e as sondagens de boca de urna sejam corroboradas pelas chamadas “contagens da própria oposição”, o que lhes confere um caráter quase oficial. Para isso era necessário atrasar os resultados oficiais. Houve um ciberataque em massa (ponto 9). Além disso, também era necessário publicar os resultados “próprios”, o que requeria um site próprio (ponto 10).

5. Apelo aos países da região (11). Feierstein está muito consciente de que os EUA não são o país mais adequado para influir nos militares e no Conselho Nacional Eleitoral, os dois atores fundamentais no escrutínio. Inclusive há setores da direita venezuelana que consideram delicada a ingerência direta de Washington, assim como tampouco seria benéfica a de outras partes do mundo.

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Portanto, é melhor envolver países da região. Esta estratégia só teve um êxito parcial (12). Vários países latino-americanos que se alinham com a política exterior estadunidense não reconheceram os resultados oficiais. Mas países-chave como Brasil, México e Colômbia indicaram que reconhecerão a vitória de Maduro se for confirmada pelas autoridades competentes do país. Estes países também se opõem à ingerência estadunidense nestas eleições.

6. Em caso de distúrbios, pressionar o exército (13). É pouco provável que um alto cargo como Feierstein incite abertamente aos distúrbios, mas um assobio para cachorros transmite igualmente de maneira clara a mensagem. Feierstein indica implicitamente que haverá (ou deveria haver) distúrbios se Maduro ganhar. Os EUA têm uma longa tradição e muita experiência em organizar este tipo de distúrbios.

Feierstein tem consciência de que as forças armadas são muito leais ao governo de esquerda. Mas ainda assim espera convencer uma parte do exército, sobretudo os soldados rasos e os oficiais inferiores, para que se ponham ao lado dos amotinados.

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Mauricio Macri, o ex-presidente direitista da Argentina, participou desta parte do roteiro. Antes de conhecidos os resultados, chamou em um tuit as forças armadas a voltarem-se contra o presidente Maduro. É muito incrível que um ex-chefe de Estado estrangeiro chame os militares a sublevarem-se contra um presidente.

O roteiro de Feierstein deixa pouco para a imaginação, mas faltam alguns elementos porque é difícil por tudo às claras em um documento tão aberto (na internet). Os elementos que faltam são os seguintes:

7. Guerra midiática contra o projeto bolivariano e Maduro. Os meios de comunicação na Venezuela continuam em grande parte em mãos de poderosos grupos de capital alinhados com os EUA e virulentamente opostos ao governo de esquerda. Tanto na imprensa nacional como na internacional travou-se durante anos uma verdadeira campanha de desprestígio contra o projeto bolivariano. Guarda-se um recatado silêncio em relação às esmagadoras sanções econômicas e assim pode-se culpar o Governo pelos problemas econômicos.

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Ainda que Maduro tenha conseguido manter seu país em ordem em circunstâncias extremamente difíceis, é retratado como incompetente, corrupto, narcotraficante e até um pouco louco. Semelhante contexto de guerra de consciências é tudo menos propício para apresentar-se às eleições.

8. Pesquisas e sondagens de boca de urna manipuladas. No período prévio às eleições as pesquisas foram utilizadas como arma. Aquelas realizadas pelos EUA (Datanálisis, Delphos, Consultores 21 e ORC Consultores) indicavam que o candidato opositor Edmundo González tinha entre 20 e 30 pontos percentuais sobre Maduro.

Os principais meios de comunicação do Ocidente adotaram com entusiasmo estas pesquisas, graças às quais a população venezuelana e a cidadania do mundo já estavam convencidas de que Maduro não podia ganhar sem cometer fraude.

Estas supostas agências de sondagens frequentemente não são mais do que máquinas de guerra ideológica camufladas, que investem fortunas para manipular as pessoas. São muito claros os vínculos com a CIA diretamente ou com organizações encobertas da CIA.

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Em troca, a mídia ocidental ocultou as pesquisas publicadas por Hinterlaces, Paramétrica e Ámbito, que davam vantagem a Maduro sobre o candidato opositor González. Esta estratégia não é nova. Inclusive quando Hugo Chávez era muito popular, estas empresas de sondagens ‘predisseram’ que perderia as eleições.

A mesma tática foi usada nas pesquisas de boca de urna. Ao meio-dia a prestigiosa Hinterlaces dava a Maduro 54,6% e a González 42,8%, muito perto do resultado oficial. Edison Research, em troca, vinculada à CIA, deu a González 65% e a Maduro, 31%.

Este roteiro tem grandes semelhanças com as manobras em torno das eleições de 2019 na Bolívia que finalmente desembocaram no sangrento golpe de Estado naquele país e na tomada do poder por parte da ultradireitista Jeanine Áñez.

9. Desestabilização do voto eletrônico. Na Venezuela vota-se eletronicamente. A contagem é, portanto, automática, e é comprovada duas vezes, mediante uma cópia em papel do voto eletrônico guardado nas urnas.

Na noite de 26 de julho, dois dias antes das eleições, houve uma tentativa de sabotagem em uma importante central elétrica. Um comando entrara na central com todo tipo de explosivos. Mas pôde-se evitar o ataque. Se tivesse tido êxito, sete províncias do oeste do país teriam ficado sem eletricidade durante dias e, portanto, não teria sido possível realizar a votação eletrônica.

No dia das eleições houve um ciberataque em massa a partir da Colômbia e dos EUA contra instituições governamentais, entre elas o Conselho Nacional Eleitoral, o que atrasou a contagem de votos durante horas, dando à direita a oportunidade de mostrar seus próprios resultados antes que houvesse resultados oficiais.

10. Apresentar os próprios resultados. Para apresentar seus próprios resultados, a oposição de extrema-direita criou seu próprio site na véspera das eleições, em que supostamente publicaram 23.000 informes oficiais, isto é, cerca de 80% do total. Segundo estes dados, González ganhou as eleições com 63% dos votos, contra 30% de Maduro.

No entanto, o site só contem uns 9.000 informes, ou seja, menos de um terço. Muitos nomes estão incompletos ou só incluem iniciais. Além disso, muitas das pessoas que figuram na lista estão mortas… Também é curioso que a distribuição dos votos nas zonas urbanas e rurais, na região amazônica e na serra, mostre exatamente as mesmas porcentagens, algo totalmente improvável.

Em outras palavras, trata-se de dados fabricados de forma bastante grosseira. Mas a nenhum dos partidários da direita isso chama a atenção nem tampouco, segundo parece, aos grandes meios de comunicação ocidentais.

Democracia soberana

O conjunto destes 10 mecanismos é um poderoso manual estratégico. Deixam claro que à direita e a Washington não interessa em absoluto a democracia nem umas eleições justas. Só buscam uma mudança de regime que volte a alinhar o país com a oligarquia venezuelana, os EUA e o Ocidente.

Este manual torna praticamente impossível a realização de eleições soberanas e leva quase inevitavelmente à violência. Se estes mecanismos fossem aplicados às próximas eleições presidenciais estadunidenses, poderia desencadear-se uma guerra civil. O assalto ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 foi uma possível antecipação nesse sentido.

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Cabe preguntar-se até que ponto é útil convocar eleições em tais circunstâncias. Nos países ocidentais já há histeria sobre uma possível “influência da Rússia” nas eleições. Mas, se houver, seria ínfimo comparado com a ingerência e agressão em massa que a Venezuela tem que suportar.

Como pode um sistema político proteger-se de tantas hostilidades externas e internas sem socavar sua natureza democrática? Não é tarefa fácil construir uma ‘democracia soberana’ (14). No momento, na Venezuela, conseguiram graças à sólida expansão e mobilização das organizações populares. Mas isso não impede que a polarização no país seja e continue sendo muito alta, e organizar eleições em um contexto de guerra eleitoral é uma empresa muito arriscada. O projeto bolivariano enfrenta desafios muito grandes e necessita mais do que nunca de nossa solidariedade.

EUA x Esquerda na América Latina

Lista de desestabilizações e golpes de Estado contra governos de esquerda na América Latina nos últimos 20 anos.

Argentina:

(2022): guerra jurídica contra a vice-presidente Cristina Kirchner, que a impede de apresentar-se às eleições presidenciais de 2023.

Bolívia:

(2019): golpe de Estado que obriga o presidente Evo Morales a abandonar o país.

Brasil:

(2016): guerra judicial contra o ex-presidente Lula e a presidenta em exercício Dilma Rousseff. Lula é preso e Rousseff destituída.

Colômbia:

(2023-4): o presidente Gustavo Petro é acusado de financiar ilegalmente sua campanha eleitoral.

Cuba:

(2021): campanha digital destinada a provocar distúrbios no país.

Equador:

(2010): tentativa de golpe de Estado para derrubar o presidente Rafael Correa. Em 2020 foi processado por suborno, o que o eliminou politicamente.

Honduras:

(2009): depois de um golpe militar, o presidente Manuel Zelaya é expulso do país.

México:

(2018): campanha digital para impedir que o esquerdista Andrés Manuel López Obrador seja eleito presidente.

Nicarágua:

(2018): explodem grandes protestos depois da decisão do presidente Daniel Ortega de cortar as pensões e aumentar as cotizações para a seguridade social.

Paraguai:

(2012): golpe institucional e derrubada do presidente Lugo.

Peru:

(2022): golpe de Estado que provoca a destituição do presidente Castillo.

Venezuela:

(2002): golpe de Estado contra o presidente Chávez. Encerramento patronal da indústria petroleira.

(2014 y 2017): Violentos bloqueios de estradas bloqueiam o país.

(2017): fortes sanções econômicas estadunidenses.

(2018): Atentado contra o presidente Maduro.

(2019): provocação militar por meio da ajuda ao desenvolvimento. (2019): reconhecimento por parte dos EUA e da UE de um presidente interino não eleito.

(2020): golpe militar fracassado.

O fato de que o Chile não apareça na lista provavelmente diz muito quanto ao rumo que está tomando o governo de Boric.

Notas

(1) Lawfare ou guerra jurídica é o uso de subterfúgios legais para eliminar um líder político.

(2) Em um golpe institucional manipula-se a estrutura política existente para depor um líder político mantendo a aparência de legitimidade constitucional.

(3) Segundo o manual das revoluções coloridas, as ONGs, as organizações estudantis e as organizações locais recebem financiamento, formação e treinamento para organizar distúrbios de rua com a maior eficácia possível. A violência de rua deve desestabilizar o país a ponto de o governo ver-se obrigado a demitir-se ou que intervenha o exército e o destitua.

(4) Um encerramento patronal é uma situação em que o empresário impede ou proíbe os empregados de trabalhar, ou de entrar no local de trabalho.

(5) A guerra híbrida é uma forma de guerra encoberta que utiliza toda una gama de meios: boatos, manipulação por meio das redes sociais, pressão diplomática, subterfúgios legais contra líderes políticos (lawfare), manipulação e direcionamento do descontentamento popular, pressão nacional e estrangeira sobre as eleições, etc.

(6) “Hábil aproveitamento das sanções econômicas”.

(7) Na Nicarágua tratava-se de uma guerra suja levada a cabo a partir da vizinha Honduras por brigadas terroristas (chamadas “contras”) contratadas pelos EUA. Ao votar na direita, a população nicaraguense esperava que acabasse esta guerra suja. Assim se impôs Violeta Chamorro sobre Daniel Ortega por uma estreita margem.

(8) “Coesão sem precedentes na coalizão da oposição […] também resultado da astuta diplomacia estadunidense”.

(9) “Um bom lugar para começar poderia ser o Conselho Nacional Eleitoral.[…]. O Conselho […] poderia estar sujeito à influência de homólogos da região […]. Os EUA poderiam ajudar a fomentar esta aproximação regional”.

(10) “A campanha de González deveria receber cópias impressas dos resultados em quase todos os colégios eleitorais […]. O que também permitiria à oposição e aos observadores independentes realizar as chamadas contagens rápidas […] que poderiam revelar o provável vencedor antes que o regime tenha a oportunidade de mentir sobre a contagem de votos ou de desacreditar o processo”.

(11) “Pode ser que os EUA não sejam o ator mais eficaz para despertar os instintos democráticos dos militares venezuelanos. Mas Washington poderia fomentar a aproximação dos comandos militares da região que mantiveram vínculos com altos oficiais venezuelanos […] Por esta razão, os EUA e seus sócios na Europa, Brasil, Colômbia e outras nações democráticas devem mostrar enfaticamente seu repúdio a qualquer medida adicional que socave a candidatura de González”.

(12) As principais são Argentina, Chile, Peru, Guatemala, Equador, El Salvador, Uruguai e Costa Rica.

(13) “Não está claro que os soldados rasos e os oficiais de baixo e médio escalão reprimam os manifestantes em nome de um presidente que o eleitorado acabara de rejeitar rotundamente. Também poderia ser uma oportunidade para convencer o comando militar a proteger os direitos dos votantes”.

(14) O conceito de “democracia soberana” é do russo Vladislav Surkov. Desenvolveu-se em resposta à ingerência ocidental nos processos eleitorais dos antigos países da União Soviética. Ver Zie Hiro D., After Empire. The Birth of a Multipolar World, Nova York 2010, pp. 101-103.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Marc Vandepitte

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