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Saiba quem foi José Martí, herói morto em batalha ao lutar pela Revolução Cubana

Com apenas 16 anos de idade, foi detido e conduzido a trabalhar em galeras com grilhões, e condenado a 6 anos de prisão
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

Talvez seja este um bom momento para recordar – e render homenagem – a José Martí, Pai, Mestre e Apóstolo da América. Bom porque não apenas se recorda em 28 de janeiro um ano mais de seu nascimento, ocorrido em 1853 na cidade de Havana, mas também porque, curiosamente, acabamos de sair de um importante processo eleitoral em nosso país. 

E isso nos permite recordar que, exaltando a importância do sufrágio como ferramenta de expressão cidadã, Martí disse em certa ocasião: A votação é o benefício mais delicado que qualquer outro, já que se põe em jogo não só os interesses do eleitor, também está implicada sua vida, sua honra e seu futuro”.

Arriscando que certos personagens da política local, suponham por essa citação, que Martí se imiscuía na política peruana e peçam ao Jurado Eleitoral Especial uma “sanção exemplar” para quem – atacando sem dúvida alguns partidos peruanos – chama os cidadãos a votar pensando na vida, na honra e no futuro, elementos todos incompatíveis com certas práticas ainda em voga por estes lares.

Com apenas 16 anos de idade, foi detido e conduzido a trabalhar em galeras com grilhões, e condenado a 6 anos de prisão

Reprodução: flickr
Revolutionary Portraits: Jose Marti

José Julián Martí Pérez -assim se chamou exatamente – sentiu-se desde criança chamado a identificar seu futuro com o de sua Pátria. Seu mentor espiritual e mestre, don Rafael de Mendive, não apenas soube aninhar no cérebro desse infante ideias básica em torno à matéria, mas ademais lhe deu o exemplo de sua própria conduta. 

Nos anos da guerra pela libertação de Cuba do jugo espanhol, entre 1868 e 1978 – a guerra dos dez anos- o Maestro foi encarcerado pela sua adesão à causa patriótica, e Martí seguiu seu exemplo.

Com apenas 16 anos de idade, foi detido e conduzido a trabalhar em galeras com grilhões, e condenado a 6 anos de prisão. Antes de concluir a pena foi desterrado à Espanha como uma maneira prática de afastá-lo de suas preocupações fundamentais. 

Na Península Ibérica, Martí dedicou todos os seus esforços a construir seu pensamento e forjar seu destino. Formou-se em jurisprudência, filosofia e letras e se afirmou como jornalista, escritor e poeta. Suas primeiras publicações – “Diablo Cojuelo” e a revista “Pátria” confirmaram seu compromisso com a causa de Cuba e com a luta pela Independência. Poeta modernista -ao estilo de Rubén Darío- compôs versos sentidos à menina de Guatemala, “a que morreu de amor”. Foram esses os anos nos quais um modernista clássico –Walt Whitman- cantava à vida, à natureza e à liberdade; e Rubén García Sarmiento -Rubén Darío- criava suas principais obras.

Imbuído de um claro sentimento patriótico, após o chamado “Pacto del Zanjón” que pôs fim à guerra em 1878, Martí retornou a Havana, mas foi novamente expulso, desta vez para os Estados Unidos. Ali, radicou-se em Nova York e depois visitou diversos países, para nutrir suas concepções essenciais.

Naqueles anos, sua vida foi uma vertigem de experiências e de aportes. Nessa etapa, criou -talvez- o mais rico de sua obra, “La Edad de Oro”, um livro dedicado às crianças, mas no qual rendeu uma emotiva homenagem aos Libertadores. Também na cidade dos arranha-céus- e em outros cenários – Martí fez contato com altas personalidades do cenário continental, mas sobretudo, cubano. Com eles fundou o Partido Revolucionário Cubano, em 1892, e gerou as condições para um desembarque armado à ilha para reiniciar a guerra pela Independência. 

Este foi, sem dúvida, o passo maior na vida de Martí. E foi o período no qual mostrou todas as suas virtudes como articulador das lutas, ideólogo do processo emancipador, artífice da unidade mais ampla do povo de Cuba e combatente heroico pela causa empenhada. Também, a etapa de suas mais ricas experiências e suas formulações mais lúcidas.

Depois de viver 14 anos na “ianquilândia”, diria: “Quero que o povo da minha terra não seja como este, uma massa ignorante e apaixonada que vai aonde querem levá-la, com ruídos que ela não entende”. – “Desta terra não espero nada, nem para vocês nem para nós”.

É preciso sublinhar que Martí não foi propriamente um soldado, nem um guerrilheiro. De contextura frágil, estava mais comprometido com o verbo, a escritura e o pensamento que com a ação militar. Não obstante, quando chegou à conclusão de que o caminho de sua luta passava por tomar as armas, não vacilou em assumir a tarefa. A essa obstinada vontade ofereceu sua vida. Em 19 de maio de 1895 caiu abatido na zona de Dois Rios, no oriente cubano, quando se enfrentava de peito aberto com a soldadesca espanhola.

Sua morte, no entanto, germinou em vitória. As tropas colonialistas foram expulsas de Cuba e os infantes da marinha dos Estados Unidos, que chegaram em 1898, tiveram que abandonar o país pouco depois. 

Apesar de tudo, a figura do Apóstolo não foi reivindicada como correspondia. Mas isso aconteceu por desídia das autoridades formais da ilha no que se chamou “a república burguesa”. No ano de seu centenário – 1953 – os jovens cubanos puseram as coisas em seu lugar. O assalto ao Moncada – em 26 de julho desse ano – foi a mais viva homenagem ao Centenário do nascimento de Martí. 

Por isso, no histórico julgamento acontecido pouco mais tarde àqueles que participaram neste episódio da história, Fidel Castro diria: “O autor intelectual do Moncada, foi Martí”.

*Tradução: Beatriz Cannabrava 

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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