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ToggleA pandemia do novo coronavírus trouxe à tona as debilidades do sistema sanitário e econômico nos Estados Unidos da América. Milhões ficaram sem trabalho e viram-se em situação de pobreza. As desigualdades inerentes ao sistema aprofundaram-se e Nova Iorque foi e é uma das cidades mais afetadas.
Na primavera, numa das fases de maior impacto do surto, muitos agricultores do estado de Nova Iorque viram-se forçados a parar as colheitas ou a descarta-las, ao deixarem de ter como escoar a produção, na sequência do fechamento da grande maioria das lojas e restaurantes que abasteciam.
Em Nova Iorque, muitos trabalhadores perderam o emprego e ficaram sem rendimentos, tendo começado a recorrer aos bancos alimentares da cidade para fazer frente à fome e sobreviver.
As filas que então se viam junto aos bancos alimentares – e que hoje continuam a existir – “mostraram que as políticas alimentares para a cidade mais habitada do país eram insuficientes”, afirma o portal lacalletv.com, e deixaram ver igualmente que o estado “nunca esteve preparado” para “enfrentar uma crise desta dimensão”, também ao nível sanitário, “embora o governador Cuomo tenha então afirmado que Nova Iorque tinha o melhor sistema de saúde do país”.
Atualmente, cerca de um 1,5 milhão de nova-iorquinos dependem dos bancos alimentares da cidade para subsistir, revelou uma reportagem recente do diário espanhol El País.
Entre março e agosto, com a crise sanitária, os bancos alimentares nova-iorquinos receberam 12 milhões de visitas, cerca de três milhões ou 36% mais que o registado em igual período do ano anterior, segundo revelou a organização não governamental City Harvest.
Foto: CityHarvest
A procura de comida grátis é tal que foi criado um aplicativo online para procurar despensas comunitárias por zonas
Não falamos de indigentes, mas de gente que tinha dois, três trabalhos precários
A procura de comida grátis é tal que foi criado um aplicativo online para procurar despensas comunitárias por zonas. Estes dados são reveladores da dimensão da crise que a cidade atravessa, num caldo em que se misturam pandemia de Covid-19, capitalismo, desigualdade, desemprego e pobreza.
Neste contexto, a Universidade de Columbia, em Nova Iorque, realizou um estudo segundo o qual pelo menos oito milhões de estadunidenses passaram a viver em situação de pobreza desde maio último, quando terminou o plano de ajudas econômicas, como um cheque de 1200 dólares e um subsídio extra mensal de 600 dólares para os desempregados.
Em declarações ao jornal espanhol, Jessica Ramos, senadora democrata pelo estado de Nova Iorque, expressou a dimensão “preocupante” da pobreza na cidade: “Não falamos de indigentes, mas de gente que tinha dois, três trabalhos precários, e hoje, no melhor dos casos, são vendedores ambulantes e com isso não podem alimentar a sua família”, disse, referindo-se ainda a “muitas pessoas que, por não terem documentos, não podem pedir ajuda”.
“Ainda que a pandemia seja uma novidade, não o é o défice estrutural, ignorado durante demasiados anos, e que a Covid-19 apenas ajudou a pôr em destaque”, afirmou.
Redação AbrilAbril
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