Em 2024, o mundo rememora os 70 anos dos históricos Acordos de Genebra, um marco significativo na história da diplomacia e dos conflitos internacionais. Assinados em 1954, os acordos puseram fim à Primeira Guerra da Indochina, um conflito que expôs a vulnerabilidade das grandes potências militares frente à resistência determinada de nações subestimadas.
A Primeira Guerra da Indochina, que se estendeu de 1946 a 1954, foi uma batalha feroz entre a França, uma das maiores potências militares da época, e o Viet Minh, movimento de resistência composto majoritariamente por camponeses vietnamitas liderados por Ho Chi Minh. Este conflito não apenas demonstrou as limitações do poder militar ocidental, mas também destacou a eficácia da guerra de guerrilha e a força do nacionalismo.
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Os Acordos de Genebra de 1954, assinados por representantes de França, Vietnã do Norte, Vietnã do Sul, Laos e Camboja, resultaram na retirada das tropas francesas da Indochina e na divisão temporária do Vietnã ao longo do paralelo 17, com o compromisso de realizar eleições livres em 1956 para reunificar o país. Apesar das boas intenções, essas eleições nunca ocorreram, pavimentando o caminho para a Guerra do Vietnã, um conflito ainda mais devastador operado diretamente pelos Estados Unidos.
A derrota da França na Indochina se tornou um caso para estudo, de como um país de camponeses, utilizando táticas de guerrilha e contando com o apoio popular, conseguiu sobrepujar uma força militar superior. As condições geográficas, a familiaridade com o terreno e o profundo desejo de independência foram fatores decisivos para o sucesso do Viet Minh. Além disso, a guerra psicológica e a propaganda eficazmente utilizada pelo Viet Minh desmoralizaram as forças francesas e seus apoiadores.
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70 anos depois, os Acordos de Genebra ainda ressoam nos livros de história como um testemunho da capacidade de diplomacia para resolver conflitos e da necessidade de reconhecer e respeitar a autodeterminação dos povos.