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ToggleO presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador (AMLO), solicitou desculpas por parte do governo estadunidense de Joe Biden depois da divulgação de versões de imprensa sobre uma suposta entrega de recursos do narcotráfico à campanha eleitoral de 2006 do agora mandatário mexicano.
DEA (Administração para o Controle de Drogas dos EUA), como o Departamento de Estado, algo que seu homólogo Joe Biden deveria saber. Questionou como irão se dar as conversas de alto nível em torno à migração, combate ao tráfico de drogas e fentanil, se uma instância deste governo está divulgando calúnias que não o prejudicam, mas a seu cargo, denunciou.
O presidente denunciou que a trama para fornecer informação a um mercenário envolve não só aO ex-diretor da DEA Mike Vigil – crítico do atual governo mexicano – assegurou que a reportagem é um ataque pessoal contra López Obrador, e que não há nenhuma evidência de que ele tenha ou tenha tido vínculos com o crime organizado. Ele também lamentou a irresponsabilidade de publicar algo sem base, “o que prejudicará inevitavelmente a cooperação binacional no combate ao narcotráfico, e debilitará ainda mais a posição da DEA”.
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“Como vamos estar sentados na mesa falando do combate à droga, se eles, ou uma instituição deles, está filtrando informação e me prejudicando… não eu, mas o que eu represento!”, exclamou o mandatário durante conferência no fim de janeiro, depois de condenar as filtrações informativas de que está “metido no narcotráfico, sem apresentar provas”.
Mercenário a serviço da DEA
AMLO acusou o jornalista Tim Golden, autor de uma das versões da alegação, de ser um mercenário a serviço da DEA (a Agência Antidrogas estadunidense): “Deveriam dar-lhe um prêmio por calúnia. Como vão caluniar impunemente? Como vai fazer uma reportagem sem apresentar provas?”, questionou.
Depois, matizou seu comentário e assumiu que se excedera: ele é só um peão, um mercenário do jornalismo, porque na realidade a divulgação destas informações é responsabilidade do Departamento de Estado, não da DEA, disse. “Será que não têm informação no Departamento de Estado, no Departamento de Justiça?”, insistiu.
AMLO assegurou que não suspenderá as reuniões de alto nível com os Estados Unidos, afirmando que seu governo deve manter boas relações, “mas também é importante que estas coisas se saibam, que sejam ventiladas (…) E se não respondem, eu já o fiz; uma atitude assim não é de boa vizinhança”, disse.
Ele aproveitou a oportunidade para desqualificar a proposta de Joe Biden de fechar a fronteira, porque se inscreve no processo eleitoral estadunidense, em alegações que se repetem de maneira cíclica. “Quanto tempo a fronteira pode permanecer fechada?”, perguntou o Presidente. “Prejudica os dois países. Não é uma opção, uma alternativa”, disse.
Reiterou que esta versão jornalística menciona um financiamento ilícito para sua campanha de 2006 sem apresentar uma única prova. Ironizou a intenção e o momento da publicação da reportagem: “Nestas datas eleitorais no México, é só casual? Não, é como se dizia antes, da parte de quem? (a quem beneficia?)”.
“É completamente falso, é uma calúnia, estão, claro, muito incomodados e lamentavelmente a imprensa, como vimos não só no México, mas no mundo, está muito subordinada ao poder”, afirmou ainda.
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A direita e seus meios de comunicação tornaram-se caixa de ressonância para repetir as fakes news e a mentira
Entenda mais detalhes sobre o caso
As reportagens jornalísticas assinadas por Anabel Hernández, Tim Golden e Steven Dudley relatam como a DEA encabeçou múltiplas pesquisas acerca do suposto financiamento de 2 milhões de dólares que o Cartel de Sinaloa teria dado para a campanha presidencial do mandatário de 2006.
Tim Golden, autor de uma das notas, admitiu que esta não oferece nenhuma evidência, mas recusou desculpar-se por sugerir algo tão grave sem ter provas, algo habitual no jornalismo de “investigação” financiado pelos serviços de inteligência e segurança estadunidenses.
Golden afirmou que o governo dos Estados Unidos não tem interesse em iniciar uma investigação contra o mandatário mexicano devido às negociações em temas migratórios que mantêm ambos governos. “Dependem totalmente dele para evitar qualquer desastre na campanha em torno da migração e por isso não têm interesse algum em fazer algo que provoque esta administração”, afirmou em entrevista à Latinus.
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López Obrador afirmou que a versão jornalística foi reproduzida no México por setores conservadores, entre os quais identificou a organização Mexicanos contra a Corrupção, e condenou a política do Departamento de Estado de financiar esse tipo de agrupamento, dedicado a atacar o governo mexicano. “Isso é ingerencismo”, enfatizou.
A imprensa mexicana não sabe se deve qualificar Golden como ingênuo, mercenário ou hipócrita ao mostrar que não considerou sequer os tempos eleitorais ao realizar a suposta investigação, editorializar seu enfoque e decidir o momento de publicá-la.
Enquanto isso, o Departamento de Justiça estadunidense informou que a investigação foi concluída e encerrada há 13 anos, porque nem os agentes, nem os procuradores puderam obter elementos que apoiassem as suspeitas. O órgão também defendeu a colaboração das atuais autoridades mexicanas na luta contra o crime organizado, e teve que se desvincular da DEA ao reiterar seu respeito às políticas internas do México.
Esta é uma questão informal, declarou López Obrador. “Eu não aceito isso, o que eu quero é que o governo dos Estados Unidos se manifeste, porque o presidente do México tem autoridade moral e tem autoridade política. E se não têm provas, têm que se desculpar”, insistiu.
A imprensa mexicana analisa também o choque de posturas entre a DEA e o DOJ, afirmando que esta situação reflete a desordem imperante na administração democrata e na institucionalidade estadunidense em geral, que se vê afetada por forças centrífugas que minam suas capacidades, com setores do Estado tocando agendas próprias as expensas da Casa Branca e dos próprios interesses da superpotência.
Como era de se esperar, a estrepitosa queda da credibilidade da “investigação” não freou as campanhas de alguns meios de comunicação mexicanos, tradicionalmente carentes de ética, nem a de políticos opositores que são protegidos por seus microfones e reportagens. A direita e seus meios de comunicação tornaram-se caixa de ressonância para repetir as fakes news e a mentira, omitindo que se trata de mera especulação e apresentando-a a seu público como verdade absoluta.
A campanha de desprestígio ocorreu casualmente quando a candidata presidencial da oposição, Xóchitl Gálvez, passeava por Washington, oferecendo a entrega do setor energético mexicano. Para o diário La Jornada, sua viagem deixa a impressão indelével de um acordo de interesses entre departamentos públicos dos Estados Unidos, empresas deste país, e políticos de direita mexicanos.
Gerardo Villagrán del Corral | Antropólogo e economista mexicano, associado ao Centro Latino-americano de Análise Estratégica (CLAE, www.estrategia.la)
Tradução: Ana Corbisier
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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