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Foto: Marleah Miller

Da execução de Jovenel Moïse à renúncia de Ariel Henry: confira a cronologia da crise no Haiti

Desde julho de 2021, estes são os eventos mais relevantes ocorridos no país caribenho
Redação Página 12
Página 12
Buenos Aires

Tradução:

Carolina Ferreira

O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, que assumiu o cargo em 2021 após o assassinato do presidente Jovenel Moise e cuja saída do poder é solicitada por gangues criminosas como condição para acabar com a violência, prometeu no último dia 12 renunciar assim que for estabelecido um conselho presidencial de transição e um novo governo for formado. Desde julho de 2021, estes são os eventos mais relevantes ocorridos no país caribenho:

2021, o ano do assassinato

7 de julho: Um comando armado assalta o palácio presidencial e assassina o presidente Jovenel Moise, que governou por decreto após o término, em janeiro de 2020, do mandato dos deputados sem novas eleições. O primeiro-ministro Ariel Henry, nomeado pouco antes, assume a gestão interinamente. Denunciam que um comando colombiano-americano esteve por trás do assassinato.

14 de agosto: Um forte terremoto de magnitude 7,2 atinge o país. As consequências foram devastadoras: mais de 2.240 mortos, além de centenas de desaparecidos e milhares de pessoas que tiveram que deixar suas casas e se mudar para outros locais do país.

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11 de setembro: O primeiro-ministro assina um acordo com os principais partidos da oposição para formar um governo de unidade e uma assembleia de redação da constituição, antes da realização de eleições no final de 2022.

15 de setembro: O promotor do assassinato de Moise solicita que Henry seja investigado como réu no caso. O pedido baseou-se em conversas telefónicas que o primeiro-ministro manteve com um dos principais suspeitos do crime.

2022, agrava-se a crise

De janeiro a outubro: A crise se agrava e os confrontos entre quadrilhas criminosas aumentam, deixando centenas de mortos. O Chefe de Gabinete da Secretaria de Estado para Pessoas com Deficiência do Haiti e seu motorista, além de um pastor, são sequestrados em Porto Príncipe.

Leia também | As tramas por trás do assassinato do ex-presidente do Haiti Jovenel Moïse

7 de outubro: Em plena crise económica e social devido ao aumento dos preços dos combustíveis, o governo solicita o envio de forças militares internacionais.

10 de outubro: O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, propõe o envio de uma força de ação rápida.

2023, primeiros esforços internacionais

29 de julho: O Quênia concorda com o Grupo de Amigos do Haiti em liderar uma força de paz internacional com mil policiais quenianos.

31 de agosto: A Unidade de Direitos Humanos do Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti (BINUH) relata que pelo menos 3.494 pessoas foram vítimas de assassinatos, ferimentos e sequestros no Haiti durante os primeiros seis meses do ano.

2 de outubro: O Conselho de Segurança da ONU aprova o envio de uma força multinacional para ajudar a polícia haitiana durante um ano.

Leia também | Vanessa Martina: missão de pacificação da ONU é de longe a pior solução para crise no Haiti

19 de outubro: O relatório do Grupo de Peritos da ONU nomeia o ex-presidente Michel Martelly, entre outros, como financiador de gangues que aterrorizam o país para proteger os seus bens ou obter votos.

2024, as gangues ficam mais fortes

7 de fevereiro: Expira o governo interino acordado com Ariel Henry, que promete eleições quando a segurança do país permitir. Entretanto, crescem os protestos em todo o país exigindo a remoção do primeiro-ministro do poder.

28 de fevereiro: O primeiro-ministro das Bahamas, Phillip Davis, garante que Henry se comprometeu durante a cúpula da Comunidade do Caribe (CARICOM) a realizar eleições antes de 31 de agosto de 2025. Ariel Henry concorda em “dividir o poder” com a oposição antes dessas eleições, que seria a primeira desde 2016.

Leia também | Comunidade do Caribe se reúne com nações para debater solução urgente para o Haiti

2 de março: Gangues criminosas atacam a Penitenciária Nacional de Porto Príncipe e 3.600 prisioneiros escapam. É declarado estado de emergência e toque de recolher renovável de 3 dias no departamento de Oeste, onde fica a capital.

5 de março: Depois de vários dias sem paradeiro desconhecido, o primeiro-ministro Ariel Henry chega a Porto Rico vindo do Quênia. O chefe de uma gangue influente, Jimmy “Barbecue” Chérizier, ameaça “uma guerra civil que levará ao genocídio” se Henry não renunciar.

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8 de março: Membros da coalizão de gangues criminosas “Vivre Ensemble”, liderada por Jimmy Chérizier, tentam invadir o palácio presidencial e várias pessoas morreram no incidente.

10 de março: A Organização Internacional das Nações Unidas para as Migrações (OIM) alerta que pelo menos 15 mil pessoas foram deslocadas pela violência no Haiti na última semana, pelo que o número de haitianos forçados a fugir das suas casas devido à crise ascende agora a 362 mil.

Leia também | Grupos rebeldes invadem prisões no Haiti para vingar assassinato de Jovenel Moïse

11 de março: Uma cúpula extraordinária da CARICOM sobre o Haiti é realizada na Jamaica, com a presença do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. O presidente salvadorenho, Nayib Bukele, se oferece para “consertar” a grave crise de violência que o Haiti sofre se tiver a aprovação das autoridades locais e da ONU

12 de março: Ariel Henry diz em mensagem à nação que deixará o cargo assim que o conselho de transição for instalado e um novo governo for formado. O chefe do Programa Alimentar Mundial da ONU no Haiti, Jean-Martin Bauer, afirma que a nação caribenha está a passar por “uma das crises alimentares mais graves do mundo”, com “1,4 milhões de haitianos à beira da fome”.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Redação Página 12

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