Ao mesmo tempo em que uma carta do ex-vice-presidente Jorge Glas aos presidentes do México, da Colômbia e do Brasil se tornava pública, assim como a notificação de uma audiência na Corte Internacional de Justiça (CIJ), para 30 de abril e 1º de maio, por causa do assalto à embaixada mexicana, o presidente Daniel Noboa afirmou que é possível ver que alguns governos cooperam com estruturas criminosas transnacionais e assegurou que não permitiremos que eles (esses governos) interfiram no país.
Mas não parou por aí, ele prometeu revelar os nomes dos verdadeiros chefes e dos alvos militares: nós os identificamos, pois ninguém teve a coragem de dizer seus nomes ou sua localização, focando apenas nos pequenos chefes.
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Com uma agenda focada em promover o voto “sim” no referendo deste domingo sobre suas reformas, em meio a uma crise energética nunca antes vista no Equador, Noboa lançou acusações, sem citar nomes, a seus rivais políticos, em um bairro popular de Quito: “não há nada mais miserável do que, na semana de uma festa democrática, se tentar apagar a vida, apagar a eletricidade, afetando especialmente os mais pobres”. A reação não demorou a chegar, e líderes de movimentos políticos que promovem o voto “não” pediram que se dessem nomes e que não fizessem acusações sem provas.
No evento, o chefe de Estado também fez referência aos que ele chamou de sabotadores, como a ex-ministra de Energia Andrea Arrobo, a quem o governo denunciou por suposta paralisação de um serviço público, e antecipou que algumas pessoas poderiam ser presas na prisão de segurança máxima de La Roca, em Guayaquil.
A pior prisão
De fato, Glas está detido nessa prisão, e enviou cartas aos presidentes do México, Colômbia e Brasil, por meio de sua advogada Sonia Vera. Nessas cartas, Glas relatou que a prisão de La Roca é a pior prisão, onde sofre tortura e está em greve de fome.
A carta para Andrés Manuel López Obrador foi divulgada na coletiva de imprensa matinal desta quinta-feira (18). O que queremos é que a CIJ resolva, porque houve uma violação flagrante de nossa soberania e do direito internacional, respondeu o presidente mexicano.
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Glas foi detido na sexta-feira, 5 de abril, dentro da embaixada mexicana em Quito. A polícia entrou no local de forma violenta, agrediu um diplomata e deteve Glas, apesar de ele ter asilo político. Após a captura, ele foi transferido para a prisão de La Roca, em Guayaquil. E diante disso, o México processou o Equador na CIJ.
Nas audiências de 30 de abril e 1º de maio, será conhecido o pedido de medidas provisórias apresentado pelo México: que o governo do Equador tome medidas apropriadas e imediatas para garantir a plena proteção e segurança das instalações diplomáticas, sua propriedade e arquivos, evitando qualquer forma de intrusão contra eles; permita ao governo mexicano desocupar as instalações diplomáticas e a residência privada dos agentes diplomáticos; garanta que não sejam tomadas medidas que possam prejudicar os direitos do México em relação a qualquer decisão que a Corte possa emitir sobre o mérito da questão, e se abstenha de qualquer ato ou conduta que possa agravar ou ampliar a disputa da qual a Corte está apreendida.
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