Através do Grupo Idea, uma espécie de associação sem fins lucrativos com sede na Flórida, 32 ex-presidentes da Espanha e da América Latina, a maioria da direita ultraliberal, apresentou uma denúncia e um informe contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, à Corte Penal Internacional de Haia, acusando-o de “crimes contra a humanidade“. O responsável por entregar o documento e apresentar a denúncia foi o ex-presidente colombiano Andrés Pastrana.
Os ex-presidentes baseiam seu relatório no documento elaborado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), no qual os eventos anteriores e posteriores às eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela são qualificados como “práticas de terrorismo de Estado“.
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Além disso, os ex-presidentes, entre os quais estão os espanhóis José María Aznar, Felipe González e Mariano Rajoy, e os mexicanos Felipe Calderón e Vicente Fox, advertem ao procurador internacional que “os crimes contra a humanidade que foram executados e continuam sendo executados de forma contínua, incluindo a recente ordem de prisão contra o verdadeiro presidente eleito, Edmundo González Urrutia, são obra de uma estrutura militar operacional cuja cadeia de comando é diretamente exercida por Nicolás Maduro Moros, na qualidade de militar ativo e comandante em chefe”. Vale lembrar que ao menos Aznar, González, Fox e Urrutia, entre outros signatários, possuem em seus históricos ligações ou acusações diretas por crimes contra os direitos humanos.
Alegações contra Maduro em Haia
Na denúncia, instam a justiça internacional a, “junto com sua função sancionadora contra os membros da cadeia militar responsável e em denúncias apresentadas por vários Chefes de Estado e pela própria Secretaria da OEA, exercer com urgência sua função preventiva para deter a onda de violações generalizadas e sistemáticas de direitos humanos, os crimes de lesa humanidade que estão sendo cometidos através de desaparecimentos forçados, execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias, tortura e violência sexual”.
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Entre os signatários estão ex-mandatários da América Latina como a costarriquenha Laura Chinchilla, o colombiano Iván Duque, o uruguaio Julio Maria Sanguinetti e o equatoriano Osvaldo Hurtado, entre outros.
Dos quatro ex-presidentes espanhóis vivos desde a restauração da democracia, em 1978, o único que se manteve à margem dessa denúncia foi o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, que, além disso, participou como observador das últimas eleições na Venezuela e sempre defendeu a integridade e o bom funcionamento do sistema eleitoral venezuelano.
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