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ToggleO mandatário mexicano, López Obrador, evocando Simón Bolívar no 238º aniversário de seu natalício, em 24 de julho, proclamou sem estardalhaço, mas com ardor, que é chegado o momento de uma nova convivência entre todos os países da América.
E suas razões foram mais que convincentes:
“É inaceitável, e está esgotado, advertiu, o modelo imposto ao continente há mais de dois séculos, caracterizado por invasões para pôr ou tirar governantes ao sabor dos interesses da superpotência (Estados Unidos), e existem condições únicas para que os países da América caminhem juntos, sem que ninguém fique para trás.
É preciso pôr de lado a disjuntiva de integrar-nos aos Estados Unidos ou pôr-se na defensiva; é tempo de expressar e de explorar outra opção: dialogar com os governantes estadunidenses, convencê-los e persuadi-los de que uma nova relação entre os países da América é possível”, assegurou, convencido dessa possibilidade real.
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Seu apelo, proclamado no contexto da atmosfera emocionada da cerimônia pelo natalício do Libertador entre os muros históricos do Castelo de Chapultepec, bastião da resistência heroica ao saque dos Estados Unidos em 1848, quando foi roubada a metade do território mexicano, tem um poder simbólico com força de furacão.
CELAC
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador
Mudança de mentalidade com a unidade
López Obrador conjugou a necessidade da mudança de mentalidade com a unidade para o fortalecimento econômico e comercial da América Latina e do Caribe, em que prevaleça o bem-estar de seus povos, com a necessidade de trocar a Organização dos Estados Americanos (OEA) — esse monumento à submissão e ao mercenarismo — por um organismo verdadeiramente autônomo.
É importante ver como López Obrador chega a essas conclusões a partir do desenvolvimento histórico da América Latina e do Caribe em seu processo de descolonização da Espanha e da emergência dos Estados Unidos como novo poder hegemônico, manipulador dos ideais de independência, mediante sua Doutrina Monroe, desintegradora dos povos.
Cuba exceção e patrimônio da humanidade
Desde então, denunciou o mandatário, os Estados Unidos mantêm influência predominante na América, exceto em Cuba, nação que fez valer sua independência. Ter resistido 62 anos sem submissão é uma verdadeira façanha.
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Creio que, por sua luta em defesa da soberania de seu país, o povo de Cuba merece o Prêmio da Dignidade, afirmou.
O mandatário mexicano foi ainda mais longe. Qualificou a ilha como a nova Numância, aquela legendária população celta em Castela e Leon (Espanha), que resistiu ao cerco realizado pelas tropas da República de Roma sob as ordens de Publio Cornélio Cipião no verão do ano de 133 e preferiu suicidar-se a render-se aos seus atacantes.
Penso que, por essa mesma razão, Cuba deveria ser declarada Patrimônio da Humanidade, disse, com absoluto convencimento.
Integração econômica com dimensão soberana
O fundamental — que prevaleceu no encontro de chanceleres retomado pelo chanceler Marcelo Ebrard — é a defesa de uma integração econômica com dimensão soberana, na qual as assimetrias não sejam uma desvantagem para benefício de uns e prejuízo de outros.
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O mandatário apelou à reflexão sobre todas as arestas da unidade com relação à soberania de cada nação, a pensar nos mecanismos mais idôneos para seu fortalecimento econômico e comercial a partir do planejamento da política de investimentos, trabalhista, de proteção do meio ambiente visando o bem-estar de seus povos.
Estes sim são verdadeiros alaridos da América em seu conjunto que devem ser atendidos com a prioridade de sua urgência.
A América deve ser nossa, sem medo de reconhecer que o modelo aplicado durante dois séculos está esgotado; e eventos como a pandemia da Covid-19 mostram a validade do raciocínio de López Obrador de que chegou o momento de uma nova convivência entre todos os países do continente.
Luis Manuel Arce Isaac, para Prensa Latina, da Cidade do México
Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Ana Corbisier
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