Conteúdo da página
ToggleSalvar as vidas ameaçadas pela Covid-19 é um desafio que obriga a inovar terapias com produtos existentes no mercado enquanto não chega a vacina, e nesse processo a China recorreu a um de seus tesouros milenares: a medicina tradicional (MTC).
A propagação mundial da mortífera pneumonia, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, mantém a comunidade científica em uma corrida sem descanso atrás da cura que, para ser realmente segura, requer tempo visando pesquisar e comprovar a fundo sua efetividade.
Ao ser o primeiro país afetado, a China ativou a busca de um tratamento próprio e em conjunto compilou uns trinta fármacos ocidentais com potencial para tratar os doentes e evitar complicações letais da patologia.
Entre os escolhidos figuram o fosfato de cloroquina, empregado contra a malária; o remdesivir, criado para combater o ebola; o antiviral japonês favipiravir e derivados do plasma sanguíneo doado por pacientes recuperados.
Mas de acordo com especialistas do gigante asiático, esses e outros produtos demonstraram melhor desempenho e ajudaram a um significativo número de contagiados a vencer a pneumonia, ao combiná-los com receitas da MTC.
Especificamente notaram os benefícios das fórmulas fitoterápicas para combater sintomas clínicos como febre alta, tosse, perda de apetite, náuseas, diarreias, problemas respiratórios e fadiga.
Prensa Latina
Os resultados levaram o Governo a mobilizar quase cinco mil profissionais dessa especialidade para a província Hubei
Resultados preliminares foram confirmados em Hubei
Os resultados levaram o governo a mobilizar quase cinco mil profissionais dessa especialidade para a província Hubei e sua capital Wuhan – epicentro do brote de Covid-19 – para apoiar a luta epidemiológica no momento mais grave da crise.
A cidade teve um hospital de campanha, o Jiangxia, dedicado só à MTC que em 26 dias de operações curou 392 das quase 600 pessoas internadas e transferiu as restantes a outras instalações.
Ali foram administradas infusões de ervas segundo a condição de cada pessoa, juntamente com sessões de acupuntura, massagens e tai chi que, na opinião da equipe encarregada, foram vitais para estabilizar a saúde mental.
Yu Yanhong, dirigente da Administração Nacional da MTC, informou que 74.187 pacientes receberam uma mistura de tratamentos naturais com os ocidentais durante a observação, nas etapas leve, moderada e crítica da doença, e após a alta médica.
Segundo detalhou, em 91,91% dos casos se observou um fortalecimento do sistema imunológico, efeitos anti-inflamatórios, o eliminação do vírus em menor tempo e uma recuperação sem recaída.
Leia também
China derrota Covid-19 e mais de 90% do setor produtivo já está de volta a normalidade
Outro dado relevante foi a regeneração, estimulação e o funcionamento normal dos órgãos internos como os pulmões, o fígado e os rins, os quais sofrem danos severos quando o coronavírus invade o corpo humano.
A porcentagem restante dos doentes também melhorou e completaram as terapias nos hospitais designados para atender a afecção respiratória.
Xu Guihua, especialista no tema do hospital Shuguang de Shanghai, explicou a evolução da seguinte maneira:
“As doenças primeiro atacam o sistema imunológico e o qi, como se denomina a energia que flui pelo corpo. A experiência acumulada em anos evidencia que uma boa combinação da medicina ocidental e o MTC é uma grande vantagem para combater doenças infecciosas”, comentou em um programa de rádio.
Antecedentes e mercado internacional
Antes a China havia integrado as fortalezas de ambas as variantes da medicina diante da epidemia da síndrome respiratória agudo severa em 2002-03 e nos diferentes surtos da gripe aviária.
Com um enfoque preventivo, as autoridades distribuíram fórmulas naturais entre os operários em obras da construção durante a recente contingência pela Covid-19.
Inclusive a notícia fez com que se esgotasse nas farmácias e lojas virtuais o anti-catarral Shuanghuan Lian, composto por estrato de distintas ervas; e no pior dos casos alguns indivíduos aproveitaram o momento e promoveram receitas com supostos poderes terapêuticos.
Sobre o tema
6 ensinamentos oferecidos pelo Partido Comunista da China na luta contra pandemia
A MTC já é parte do protocolo de prevenção, controle e tratamento da Covid-19 na China e agora o país compartilha com a comunidade internacional os resultados de sua aplicação.
Profissionais na matéria integram as missões chinesas enviadas ao exterior em apoio à batalha contra a pandemia.
Analistas veem também uma oportunidade estratégica no aspecto econômico e não descartam um eventual auge nas exportações de produtos de MTC, se ganharem aceitação no mercado global, especialmente na Ásia.
Esse rubro mostra um crescimentos sustentado desde que Pequim se uniu à Organização Mundial do Comércio em 2001 e fechou 2018 com envios de quatro bilhões de dólares, uma alta anual de 7,39%, indicam cifras oficiais.
Origens e princípios
Desde seu surgimento, há vários séculos, a medicina e a farmacologia tradicionais da China contribuíram para sua prosperidade e também para o progresso da civilização mundial enquanto mudam as concepções sobre o bem-estar físico e mental.
Sua essência é a harmonia sobre a saúde humana, ou seja, o equilíbrio dinâmico entre as chamadas forças opostas: o yin e o yang, e é considerado um tesouro da cultura nacional por suas teorias e métodos únicos.
Saiba+
Desde a fundação do país como república em 1949, o governo chinês apoiou o desenvolvimento da MTC e complementa sua aplicação com procedimentos ocidentais a fim de fortalecer a segurança sanitária da população e, ao mesmo tempo reverter o ceticismo sobre essa forma de cura.
Uma lei de 2016, por exemplo, contemplou a abertura de clínicas em hospitais gerais e centros de atendimento materno-infantil financiados com fundos públicos e ordenou a devida qualificação dos praticantes.
Propõe o uso da tecnologia, uma proteção especial para fórmulas consideradas segredo de Estado e dos recursos medicinais, o que implica o cultivo sem pesticidas tóxicos de espécies raras e em perigo de extinção, e a supervisão das matérias primas.
Isso está de acordo com a seleção da MTC como componente essencial do plano elaborado para melhorar a saúde do povo chinês até 2030.
Yolaidy Martínez, Correspondente chefa de Prensa Latina na China.
Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
Veja também