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Alemanha enterra potência industrial com sanções à Rússia enquanto EUA enriquecem

Scholz reconheceu que país carece de perspectivas geopolíticas, industriais e de desenvolvimento do mercado de trabalho, mas mantém rota desastrosa
Redação Prensa Latina
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Berlim

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O conflito na Ucrânia – o bumerangue europeu de sanções anti-russas – e as manobras dos Estados Unidos, parecem ser a fórmula para desbancar a Alemanha de sua posição de locomotiva europeia, enquanto sonha com mais gastos militares.

Quando fontes, como o Instituto da Economia Alemã, prognosticam uma nova contração econômica de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), deputados alemães propõem elevar a 200 bilhões de euros os gastos bélicos.

Depois que, em 24 de fevereiro de 2022, o presidente Vladimir Putin ordenou uma operação militar para proteger a população da região sublevada de Donbass, a Alemanha deu uma guinada de 180 graus em seus vínculos comerciais com a Rússia, somando-se às sanções aplicadas a este país.

O Ocidente forneceu à Ucrânia cerca de 148 bilhões de dólares em armamentos diversos desde o começo do conflito. No caso desta nação, enviou tanques e mísseis de médio alcance a Kiev, enquanto negocia a possibilidade de enviar foguetes de longo alcance.

As propostas para aumentar os gastos de defesa, apesar da crise evidente da economia nacional, responderam a declarações do ex-presidente estadunidense Donald Trump (2017-2021), que ameaçou deixar sem proteção aliados que se negassem a desembolsar mais em defesa.

No entanto, as declarações de Trump, relacionadas com o esquema de financiamento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), buscariam o que o jornal digital Vzgliad considera como estratégia de Washington para anular a economia alemã.

A publicação denunciou, em algum momento, que na contração econômica alemã de 0,3%, em 2023, incidiram, em grande medida, vários fatores: prejuízos para este país devido às restrições à Rússia, sua política energética e estratégias aplicadas pela Casa Branca.

A Alemanha aderiu ao boicote aos combustíveis da Rússia, apesar de ser este seu principal fornecedor, com o que perdeu a vantagem de comprar fontes energéticas baratas, ferramenta crucial para seu salto econômico.

Berlim também desatou a alça energética ao passar, em 2021, de uma geração elétrica por centrais atômicas de 12,6% a 6,4% em 2022, enquanto a energia fotovoltaica foi de 8,7% a 10,6% no mesmo período, sem que isso chegasse a suprir todas as necessidades.

Por outro lado, os Estados Unidos puseram em prática seu Inflation Reduction Act, oferecendo centenas de milhões para captar empresas estrangeiras, sobretudo do setor da economia verde.

A iniciativa prevê que os benefícios sejam recebidos por empresas cujos produtos sejam elaborados em uma porcentagem muito alta nos Estados Unidos.

Assim, a BASF, líder em produtos químicos, anunciou que fecharia várias fábricas na Alemanha para transferir-se para os Estados Unidos.

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Scholz reconheceu que país carece de perspectivas geopolíticas, industriais e de desenvolvimento do mercado de trabalho, mas mantém rota desastrosa

Flickr/Parlamento Europeu
O enterro da Alemanha como locomotiva econômica da Europa parece dar seus primeiros passos, e o cortejo é empurrada por Washington

Segundo o jornal digital El Diario, a produtora de veículos elétricos Tesla anunciou, em fevereiro de 2023, que renunciava a seu projeto de construir sua maior fábrica de baterias perto de Berlim, preferindo focalizar no mercado estadunidense.

Por sua vez, a subvenção à Intel pelo governo alemão passou de 6,8 bilhões de euros a 10 bilhões para reter o projeto de construção de uma fábrica de chips em Magdeburgo.

Há poucos dias, a Ford anunciou que deixava sem emprego 3,5 operários da fábrica Saarlius, enquanto a fábrica de pneus Goodyear fechou outras duas fábricas nesta nação.

De acordo com uma pesquisa da federação empresarial alemã BDI, 16% das empresas Mittelstand entrevistadas iniciaram trâmites para realocar parte de seu negócio, enquanto outras 30 estavam pensando em fazê-lo.

A agência Bloomberg afirmou que os tempos da Alemanha como superpotência industrial se aproximam do final.

O próprio chanceler federal alemão, Olaf Scholz, reconheceu, antes deste meio de comunicação, que seu país carece de perspectivas geopolíticas, industriais e de desenvolvimento do mercado de trabalho.


O tiro de graça?

A vocação quase suicida dos políticos europeus, que com a aplicação de grande parte das 14 mil medidas punitivas unilaterais contra a Rússia causaram prejuízos a suas próprias economias, permanece e o caso alemão está longe de ser a exceção.

Conforme o diário El País, em 2022 os principais sócios comerciais da Alemanha foram a China, com 299 bilhões de euros, e os Estados Unidos, com 248 bilhões de euros. Enquanto a BASF investiu 10 bilhões de euros em uma nova fábrica na China, e a Volkswagen, maior produtora de autos da Europa, coloca ali 40¨% de sua produção.

No entanto, Berlim, a pedido da Casa Branca, a contragosto adere de forma paulatina a um confronto econômico com Pequim, uma posição que lembra a que assumiu com Moscou.

Tal situação ocorre quando o setor agrícola na Europa, e na Alemanha em particular, reforça seu protesto contra a redução de subsídios e a entrada de produtos mais baratos da Ucrânia, enquanto outros setores demandam melhores salários e a manutenção do apoio estatal.

O enterro da Alemanha como locomotiva econômica da Europa parece dar seus primeiros passos e a carruagem do cortejo fúnebre, ao que parece, está sendo empurrada de Washington.

Redação | Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Ana Corbisier

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