Após década de redução, pobreza volta a crescer na América Latina a partir de 2015
“There are people dying
If you care enough for the living
Make it a better place
For you and for me” Michael Jackson
A América Latina passou por uma dúzia de anos de redução da pobreza, no período compreendido entre 2002 e 2014, época em que aproveitou a onda favorável do superciclo das commodities para aumentar o nível de emprego e reduzir a exclusão social. Mas os ventos favoráveis mudaram e a pobreza voltou a subir a partir de 2015.Por José Eustáquio Diniz Alves, em Eco Debate O “Panorama Social de América Latina, 2017”, da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), mostra que a pobreza abarcava 45,9% da população latino-americana em 2002, caiu para 28,5% em 2014 e subiu nos 3 anos seguintes, alcançando 30,7% em 2017. A extrema pobreza abarcava 12,4% da população latino-americana em 2002, também subiu nos anos seguintes e chegou a 10,2% em 2017. Em números absolutos, havia 233 milhões de pessoas na pobreza na América Latina (18 países) em 2002, caiu para 168 milhões em 2014 e subiu para 187 milhões em 2017. Na extrema pobreza havia 63 milhões de pessoas em 2002, caiu para 48 milhões em 2014 e subiu para 62 milhões em 2017. O número de pessoas em situação de extrema pobreza ficou praticamente o mesmo em 2002 e 2017. Para o cálculo global do nível da pobreza e da extrema pobreza da América Latina (18 países), para os anos mais recentes, a Cepal estimou a pobreza levando em consideração a correlação com a variação do PIB para os países que não tinham dados de 2015 e 2016. A tabela abaixo mostra os dados disponíveis para os 18 países considerados. Nota-se que o Uruguai é o país com menor nível de pessoas pobres em toda a ALC. Para 2016, havia apenas 9,4 uruguaios em situação de pobreza e um percentual ínfimo de 0,3% uruguaios em situação de pobreza extrema. O Chile que tinha um nível de pobreza superior ao brasileiro, conseguiu melhores resultados para a melhoria da qualidade de vida da sua população e reduziu a pobreza de 22,2% em 2012 para 11,7% em 2015 e reduziu a pobreza extrema de 8,1%, em 2012, para 3,5% em 2015. Os dois países mais secularizados da ALC são os dois com menores níveis de pobreza.

“En este caso (2015-2016), la evolución regional de la pobreza y la pobreza extrema está particularmente influenciada por el devenir económico de dos países de significativo tamaño para la región, el Brasil y la República Bolivariana de Venezuela. Dado que no se dispone aún de datos comparables provenientes de las encuestas de hogares referidas a 2016 en el Brasil y a 2015 y 2016 en la República Bolivariana de Venezuela, las proyecciones sobre los cambios esperados en materia de pobreza se ven influidas por la contracción del PIB por habitante del 4,4% (2016) en el Brasil, y del 6,9% (2015) y el 10,8% (2016) en la República Bolivariana de Venezuela. El aumento de la pobreza proyectado en dichos países supera la reducción observada en el resto de la región” (p. 89 e 90)


“Create a world with no fear
Together we’ll cry happy tears
See the nations turn their swords Into plowshares” Michael Jackson
Referências: CEPAL. Panorama Social de América Latina, CEPAL, Santiago de Chile, 2017. Bruno Villas Boas. Biênio de recessão levou 9 milhões à pobreza, Jornal Valor, SP, 18/12/2017.