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Por desespero, direita peruana busca sabotar Verónica Mendoza a qualquer preço

Tentaram impedir as eleições, diferi-las, postergá-las ou fazer com elas qualquer coisa, menos que aconteçam. Sabem que estão perdidas
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul
Lima

Tradução:

As aranhas têm diversas características e múltiplos traços. Suas habilidades são extremas, por isso se tornou popular o fato de mimetizar tal inseto com os afãs daqueles que manejam todas as situações, inclusive das mais adversas, e obtêm benefícios.

Universalmente, quando se fala das aranhas, se admitem a elas três perfis inalienáveis: estão por toda parte; são muitas e muito variadas; mas como não acumulam defeitos, nem todas as suas picadas são mortais.

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“Sabem mais que as aranhas”, se costuma dizer quando se alude a essa espécie quase inextinguível de politiqueiros a serviço da classe dominante que ainda pululam em nosso cenário. 

Faço essa reflexão pensando nas artes das quais se orgulha a direita peruana quando deve enfrentar uma luta em defesa de seus privilégios.

Usa todas as argúcias e se vale de todas as ferramentas possíveis não apenas para fortalecer suas propostas, mas sobretudo para desacreditar e desequilibrar seus adversários. Nisso, ela e os seus, são mestres. 

Sabe, por exemplo, que no plano eleitoral, para o 11 de abril têm todas as chances de perder. Não apenas porque fez um péssimo trabalho, particularmente nos últimos anos, e se desacreditou diante dos olhos de todos, incluídos os incautos; e ainda, se isso fosse pouco, não tem nenhuma figura elementarmente decorosa que possa pôr a cara por ela. Mas não se dá por vencida. 

Tentaram impedir as eleições, diferi-las, postergá-las ou fazer com elas qualquer coisa, menos que aconteçam. Sabem que estão perdidas

Peru Reports
A psicóloga, antropóloga e professora Verónika Mendoza.

Apesar das tentativas, as mesmas figuras

Para enfrentar seu desafio buscou, no início, somar suas forças, mas fracassou na tentativa. Depois lançou suas redes para localizar caras diferentes, mas tampouco teve sucesso. Teve que recorrer, então, às mesmas desgastadas figuras do passado.  

Mas com elas não pode resolver sua presença virtualmente fagocitada pela múltipla crise que afeta a sociedade peruana, sequela do modelo que ela impôs contra a vontade dos peruanos: o neoliberalismo.

Tentou então a possibilidade de impedir as eleições, diferi-las, postergá-las ou fazer com elas qualquer coisa, menos que aconteçam. Sabem que estão perdidas. Até hoje, nada. 

Tentou diversos modos: derrubar o governo em novembro passado; apoderar-se na marra das rédeas do poder após um fracassado golpe de mão parlamentarPresidente Sagasti aproveitando suas debilidades e incoerências; bater na porta dos quartéis, apelando pelo Golpe de EstadoWillax TV para levantar a cidadania contra as vacinas; acusar o Jurado Nacional de Eleições de “preparar uma fraude”. 

Sem resultados, nem salvação

Não obteve resultado em nada disso. E não pode, como o Alianza Lima, recorrer ao amparo do organismo suíço. Não houve um SAT que os salvasse. 

Pondo em jogo tudo o que aprenderam em 200 anos de administração republicana, e sem renunciar às possibilidades mencionadas, que manipularão até a 25ª hora, acusam hoje sua própria estratégia eleitoral. 

E como sua dialética não dá para muito, recorrem à ajuda externa, conscientes de que no 11 de abril não se joga só a sorte do Peru, mas da América do Sul: no Chile, no Equador, na Bolívia e aqui os briguentos sempre perdem. 

“No 11 de abril não se joga só a sorte do Peru, mas da América do Sul: no Chile, no Equador e na Bolívia”

Por ora aqui manejam a carta de Yonhy Lescano para colocá-lo no primeiro lugar nas pesquisas de opinião. Na verdade, não lhes interessa que ganhe, mas sim que acumule a maior quantidade de votos, porque estão convencidos de que eles diminuirão o caudal eleitoral de Verónica Mendoza que é, finalmente, a que está atravessada na sua garganta.

Como, o que e com quem fazer

Como fazer, então para que acumule todos os votos possíveis, mas que não ganhe? Esse é um enredo que nem as aranhas poderão resolver. 

O outro tema que não os deixa dormir, é como evitar que a candidata de JxP ganhe. Por ora, esperam que inflando até o topo a figura de Lescano, impedirão que isso aconteça no primeiro turno

Mas agora, aspiram a mais: pretendem conseguir que outro ocupe o segundo lugar, deslocando a figura da esquerda na eventualidade de uma “repescagem”. Como não tem quem o faça por mérito próprio, busca obsessivamente “baixar” a Verónica a qualquer preço. 

E usam, para isso, duas ferramentas que julgam infalíveis. Por um lado a “Grande Imprensa” que não faz senão encurralá-la para que fale mal  da Venezuela, se afaste de Cuba e se distancie da Bolívia

Persegue-a por todas as esquinas para que “declare” sobre o tema. Sonham manejar com isso uma escopeta perfeita: se a interrogada recusa suas ofensivas a chamarão de “chavista” para tirar-lhe votos. Se concorda com eles ou diz o que lhe arrancam, se entusiasmam com a ideia de que isso lhe tirará votos de uma esquerda “enojada”.

O outra ferramenta tem nome próprio. Chama-se Pedro Castillo. “Levantam” sua figura o mais possível, asseguram que “está crescendo” nas pesquisas. Buscam que “se sinta forte” para que tire votos de Verónica Mendoza, mas sobretudo, que nem pense em se retirar. Fizeram isso com Gregorio Santos em 2016.  Agora pretendem o mesmo.

É preciso estar alerta com a direita. Seu veneno é peçonhento

As aranhas sabem muito e suas picadas podem inclusive confundir certas pessoas; mas, como dissemos no início, nem em todos os casos são mortais. O mesmo acontece com a direita. Mas é preciso estar alerta. Seu veneno é peçonhento.

Gustavo Espinoza M.*, Colaborador de Diálogos do Sul de Lima, Peru 


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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