Três notícias publicadas hoje, deixam claro que o tema conflito de interesses será um tema obrigatório na campanha eleitoral deste ano.
Acusado e questionado sobre um possível conflito de interesses na sua contratação por um prestigioso escritório de advocacia estadunidense, o ex juiz, ex ministro da justiça do governo Bolsonaro e atual – quase – candidato a presidência pelo PODEMOS, Sergio Moro sem apresentar argumentos e alguma justificativa, voltou a negar solenemente a existência de tal conflito.
Vitor Teixeira
Além disso, e talvez por segurança e/ou insegurança, o juiz parcial, voltou novamente a se negar a revelar os valores que teria recebido durante o período que prestou seus, também prestigiosos – e diria, privilegiados – serviços a empresa estadunidense.
Prometeu porém, que revelará os valores, quando do registro de sua candidatura. Ou seja, o juiz parcial, só revelará quanto ganhou, se tiver sua candidatura aprovada em convenção oficial pelo PODEMOS ou qualquer outro partido que venha a lhe oferecer uma barriga de aluguel. Como se ve, moro continua o mesmo…
Segundo consta, desde então o promotor colheu apenas dois depoimentos, nos quais um dos ouvidos permaneceu em silencio e outro negou.
Questionado sobre sua participação na festança, o promotor Murilo Graça respondeu laconicamente que não impedimento legal a situação. Quanto a um possível conflito de interesses simplesmente ignorou o tema.
Finalmente, pressionado pelo relatório divulgado pela ONG Transparência Internacional, o Procurador Geral da República Augusto Aras se viu obrigado a divulgar uma nota pública negando seu ‘alinhamento sistemático ao governo Bolsonaro’.
Em nota a imprensa, o PGR contesta o relatório ‘que repete informações e ilações apresentadas pela ONG na edição passada’. E acrescenta que ‘repudia essa nova tentativa irresponsável da ONG em atribuir a ele um resultado que apresenta um alto grau de subjetividade…e que reitera o compromisso de respeito as leis e ao devido processo legal no exercício do mandato, que é de natureza jurídica, e não de viés político’.
A nota foi publicada após a Transparência Internacional ter divulgado seu relatório anual mencionando um suposto ‘alinhamento sistemático da PGR com o governo Bolsonaro, com retração sem precedentes na função de controle constitucional dos atos do governo e desmobilização do enfrentamento a macro corrupção‘.
Neste último caso, o tema de conflito de interesses é amplo, irrestrito, nebuloso e diversificado, já que não só confirma a existência de conflitos de interesse na ação da PGR, mas também, aponta para os também supostos conflitos e interesses na ação da Transparência Internacional, que desde a primeira hora foi uma das principais apoiadoras e defensoras das ações ilegais cometidas pelo integrantes da força tarefa da famosa Operação Lava Jato, mas também das ilegalidades e parcialidades cometidas pelo – ainda pré candidato a presidência da república -, o ex juiz – parcial – e ex ministro – incompetente -da justiça do governo Bolsonaro, Sergio Moro.
Neste cenário, mais que torcer, vamos pressionar para que o processo eleitoral seja capaz de escancarar não só os múltiplos conflitos de interesses, mas também os múltiplos interesses menores e inconfessáveis dos atores que muitas vezes preferem se esconder nas sombras.
Bora lá Brasil, mostra a sua cara.
Vitor Teixeira
Brumadinho três anos depois…
Hoje 26 de janeiro de 2022, três anos depois do episódio de Brumadinho, muitas das vítimas não foram ainda sequer reconhecidas e ou indenizadas. Muitas das normas legais continuam sendo desrespeitadas pela mineradoras que atuam no brasil e vem sendo flexibilizadas. já como habitual a grande mídia praticamente esqueceu a tal tragédia, que eu particularmente denomino como crime ambiental. paralelamente a justiça também como nos é habitual, anda a passos de tartaruga, beneficiando os criminosos. brasil mostra a sua cara. Por João Baptista Pimentel Neto. Continue lendo…
João Baptista Pimentel Neto é jornalista, editor do Baú do Pimentas e da equipe de redação da revista Diálogos do Sul.
Publicação autorizada desde que citado o autor e a fonte.
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Durante o transcurso dos anos, os acontecimentos mais decisivos da história da Humanidade vão adquirindo a tinta sépia das velhas fotografias. Transformam-se pouco a pouco em lendas ou, no melhor dos casos, em acontecimentos isolados desprovidos do impacto na realidade atual. Assim é como são ensinados nas aulas de história, talvez com um propósito de isolá-los em uma cápsula de tempo para esterilizar sua transcendência.
No entanto, esses marcos representam momentos nos quais a rota se modificou para traçar um caminho novo, embora nem sempre melhor. Na medida em que as sociedades avançam pressionadas pelos desafios da sobrevivência, seus momentos de dor e de perda vão ficando ocultos em uma bruma propícia para o esquecimento, que representa o enorme risco de repetir o ciclo uma e outra vez, abandonando, ao largo dessa marcha, os sonhos e ambições de criar sociedades mais justas e humanas. É a cultura do esquecimento, uma doença coletiva que, como um vírus maldito, nos condicionou a deixar para trás as lições mais valiosas.
Uma das consequências deste fenômeno coletivo é o rebrote de movimentos marcados pelo racismo e pela violência fascista em países que experimentaram o pior do nazismo durante as maiores e mais cruéis caçadas humanas da história, mas também estendidos ao resto do planeta. É um exercício de poder e perversão cujo germe pareceria estar presente no próprio núcleo da espécie humana, tal e como se manifesta em outras caçadas, perpetradas sob algumas regras que segmentam as comunidades entre aqueles que possuem o direito de viver e aqueles que hão de ser exterminados.
Notícias ao Minuto A cultura do esquecimento
Um processo similar se produz diante do esgotamento dos recursos, da destruição dos ecossistemas e da mortal indiferença daqueles que têm o poder de intervir para mudar o curso dos fatos. As comunidades humanas – parte do problema e também da solução – só observam, com atitude cética e conformistas, como é destruído seu mundo.
As evidências sobre a extinção de espécies, consequência do afã de riqueza e poder, vão de mãos dadas com as imagens de civis – convertidos em “danos colaterais” no meio de ataques bélicos de enorme magnitude – cujo único propósito é o controle econômico e geopolítico para aqueles que têm o poder.
Os mecanismos de eliminação da memória são ativados enquanto a realidade começa a estorvar nosso pequeno mundo cotidiano e a causar-nos moléstias na consciência. É a maneira de sacudir de nossa mente algo sobre o qual não temos modo de incidir; é o mecanismo do caranguejo que busca uma concha vazia na praia para esconder-se de seus depredadores e seguir adiante com sua vida.
O problema é que não temos um refúgio para nos proteger da destruição desses elusivos marcos de convivência nos quais baseamos nossa confiança. Entre eles, a ideia purificada e abstrata do significado de democracia.
Na rota do esquecimento e da conformidade terminamos por abandonar nosso papel ativo como membros de sociedades organizadas. Nos trocaram as regras do jogo e seguimos jogando sem conhecer os truques do adversário, porque tampouco sabemos quem é.
Como o caranguejo, buscamos o refúgio precário no esquecimento. E, como o caranguejo, acreditamos ser imunes ao olho treinado dos depredadores que nos rodeiam.
Estamos expostos aos efeitos do passado cada vez que tentamos esquecê-lo.
Carolina Vásquez Araya, Colaboradora de Diálogos do Sul da Cidade da Guatemala Tradução de Beatriz Cannabrava
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