Naledi Pandor, chanceler da África do Sul, participou nesta sexta-feira (10), em Joanesburgo, da primeira Conferência Global Anti-Apartheid pela Palestina. A representante do governo sul-africano fez uma defesa contundente de suas ações no âmbito do Direito internacional para responsabilizar Israel por crimes contra a humanidade praticados em Gaza.
“Nunca foi tão urgente que a comunidade internacional se mobilize em um esforço coletivo para pressionar pelo fim imediato do genocídio em curso na Palestina e do sistema de apartheid imposto pelo Estado de Israel na região”, afirmou a ministra das Relações Exteriores e Cooperação. “As contínuas atrocidades cometidas por Israel exigem ampla mobilização de todas as forças progressistas do mundo pelo fim do colonialismo na Palestina”.
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Figura histórica do Congresso Nacional Africano (ANC), partido político ao qual pertenceu o ex-presidente Nelson Mandela, Pandor explicou as razões de o país africano ter apelado à Corte Internacional de Justiça (CIJ) para que julgue Israel por violar a Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, de 1948, assinada por ambas as nações.
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Além do número vertiginoso de assassinatos (já são mais de 35 mil mortos desde outubro de 2023), a ação também caracteriza a situação como genocídio por práticas como a destruição de casas e a expulsão de palestinos de onde vivem; o bloqueio à comida, água e à assistência médica; a destruição dos serviços de saúde essenciais para a sobrevivência de mulheres grávidas e de bebês recém-nascidos, entre outras barbaridades.
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Falando em nome do governo sul-africano, Pandor explicou que é preciso aliar a denúncia das violações brutais dos direitos humanos a uma intensa campanha de solidariedade global: “Até agora, a abordagem tradicional à resolução de conflitos não conseguiu estabelecer a paz”, disse. “É fundamental que haja mobilização internacional para encontrarmos, juntos, caminhos para a justiça. As forças progressistas devem exigir que os direitos inalienáveis à autodeterminação e ao retorno sejam garantidos ao povo palestino”.
O objetivo, conforme explica, é a aplicação justa e igualitária do direito internacional. “Todos nós, como humanidade, deveríamos ter vergonha de não fazer nada diante de 35 mil assassinatos e mais ocorrendo neste exato momento”, sentenciou. “Se não conseguirmos encontrar um caminho, devemos considerar viajarmos para a Palestina e ser o muro de proteção da civilidade”.
Os laços entre África do Sul e Palestina
Remontando à luta contra o apartheid em seu país, a chanceler comentou a conexão histórica entre as nações: “Os povos da África do Sul e da Palestina cultivam um vínculo de solidariedade forjado pelas respectivas lutas de libertação de seus países. A África do Sul tem sido, desde o fim do apartheid, uma aliada da Palestina, apoiando-os em organismos internacionais e oferecendo assistência material quando possível”.
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De acordo com Pandor, a luta da Palestina evoca memórias dos tempos de segregação racial e opressão brutal na África do Sul. “Experimentamos em primeira mão os efeitos dessa combinação e isso causa uma identificação total com a luta pela liberdade dos palestinos”, sublinhou.
“Nosso país e nosso povo têm demonstrado o seu compromisso com a questão Palestina antes mesmo de conquistarmos nossa democracia 30 anos atrás”, pontuou. “O próprio Mandela dizia: não seremos livres até que o povo palestino também o seja. É nosso dever desempenhar um papel ativo nesta busca por justiça”.
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A realização da Conferência Global Antiapartheid pela Palestina em Joanesburgo, que ocorre entre 10 e 12 de maio, é reflexo dessa ligação. Organizado pela sociedade civil sul-africana, sem participação governamental, o evento reúne centenas de autoridades, intelectuais, líderes religiosos e ativistas para discutir estratégias de enfrentamento ao apartheid em curso contra o povo palestino.
“Como governo da África do Sul e representante do Congresso Nacional Africano (ANC), continuaremos a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para preservar a existência do povo palestino e acabar com o apartheid e o genocídio aos quais estão submetidos”, encerrou.