Conteúdo da página
ToggleUma onda de violência contra funcionários do Instituto Penitenciário Carcerário da Colômbia (INPEC), que incluiu a morte de vários guardas, levou o governo a decretar a emergência carcerária em todo o país, informou o ministério da Justiça.
Segundo o titular da Justiça, Nestor Osuna, depois de uma reunião extraordinária do Conselho Diretivo do INPEC, pode-se constatar que a situação de ameaças e ações violentas contra o pessoal da instituição levou a declarar por unanimidade a extrema medida, derivada também da constatação de que os cárceres do país se converteram em fontes de extorsão e corrupção.
Colômbia: novos prefeitos e governadores anti-Petro prometem repressão aos moldes de Uribe
Seis guardas de diferentes cárceres do país foram assassinados na última semana, denunciaram nesta segunda-feira (12) os sindicatos agrupados na União de Trabalhadores Penitenciários, ao anunciar jornadas de protesto em todas as prisões.
“Os delinquentes estão exterminando os funcionários do INPEC, o último deles um companheiro de Cartagena, assassinado cruelmente no sábado passado, pelo qual iniciaremos uma paralisação nacional carcerária a partir de 12 de fevereiro para que o governo tome medidas profundas”, disse a meios locais o dirigente sindical Oscar Robayo.
30 anos após morte de Pablo Escobar, “indústria” da coca segue viva na Colômbia
As organizações de guardiões atribuíram a atual escalada de violência a um grupo denominado “Morte a Guardas Opressores (MAGO)”, ao mesmo tempo em que o governo sustentou que boa parte das crimes e ameaças obedece a uma reação do crime organizada após capturas ou transferências de chefes da máfia.
Continua após a imagem
Foto: Néstor Osuna / X
"Continuaremos a combater vigorosamente as estruturas criminosas", afirma o ministro da Justiça, Nestor Osuna
Reação do crime organizado
A mais recente reação dos bandos organizados teve lugar na cidade ocidental de Tuluá, que viveu uma noite de terror com incêndios de veículos e assassinatos de dois policiais depois da captura de Mauricio Marín, chefe da organização delinquencial conhecida como “a Imaculada”.
O ministro Osuna disse que a emergência carcerária inclui a implementação de forças de polícia e do exército nas prisões, em especial durante os dias que durar a jornada de protesto dos guardiões.
Colômbia: golpe brando contra Petro conecta ultradireita, mídia, judiciário e narcotráfico
Na Colômbia, há 132 estabelecimentos carcerários repartidos em 18 dos 32 departamentos do país, onde se registra uma superpopulação que supera 25%. Quase 195 mil reclusos se amontoam em prisões com capacidade para abrigar 150 mil pessoas.
Humanização carcerária
O governo do presidente Gustavo Petro elaborou uma estratégia denominada “humanização carcerária”, que não só busca diminuir a superpopulação nas prisões, através de reformas nos códigos, mas a conversão dos centros penitenciários em verdadeiros lugares de reabilitação.
No entanto, o histórico papel das prisões como lugares em que se segue cometendo delitos, onde os capos exercem seu poder apesar de estar atrás das grades, continua operando na atualidade em meio à impotência das autoridades.
A este panorama se agrega a existência de uma cultura da corrupção dentro das prisões, segundo expressaram especialistas no tema carcerário em inumeráveis estudos, que refletem também uma forte estratificação na qual uns poucos desfrutam de custosos privilégios enquanto a maioria dos reclusos vive em condições sub-humanas.
Jorge Enrique Botero | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
Assista na TV Diálogos do Sul