O governo catalão está à beira da ruptura. Após pouco mais de um ano da atual legislatura, o bloco nacionalista se fraturou e foi anunciada como iminente a saída de um dos dois partidos que formam o governo, Junts per Catalunya (JxCat), os antigos dirigentes do conservador Convergencia i Unió.
O presidente da Generalidade, Pere Aragonés, que pertence ao outro pilar da coalizão, Esquerra Republicana de Catalunya (ERC), terá que assumir a demissão em massa da metade de seus conselheiros e buscar alianças parlamentares para finalizar os três anos que restam para terminar a legislatura, ou, em caso contrário, convocar eleições antecipadas.
O ERC, com 33 deputados, e o JxCat, com 32, formaram um pacto de governo há pouco mais de um ano e meio, depois das eleições de fevereiro de 2021 nos quais, pela primeira vez, foi eleito como presidente da Generalidade um líder da esquerda republicana separatista. Aragonés também contou com o apoio dos anticapitalistas da CUP, que com nove cadeiras inclinaram a balança, quase dividida pela metade, do bloco nacionalista.
Governo da Catalunha
O presidente da Generalidade, Pere Aragonés
As negociações foram árduas, sobretudo porque os altos representantes do JxCat, herdeiros do nacionalismo conservador fundado pelo histórico líder catalão Jordi Pujol, se negaram a ceder a presidência da Generalidade a seus rivais do setor separatista.
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Finalmente chegaram a um acordo, Aragonés assumiu o cargo e a representante do JxCata, Laura Borràs, assumiu a presidência do Parlamento catalão, que é a segunda instituição mais importante do país.
No entanto, o equilíbrio de forças se rompeu entre as duas formações nacionalistas quando Borràs foi processada por um grave caso de corrupção referente a quando atuava como conselheira de Cultura, ao vincular numerosos contratos a um amigo pessoal. O processo provocou sua destituição como presidenta do Parlamento com os votos a favor majoritários da Câmara, incluídos os dos deputados do ERC.
Esse fato fraturou definitivamente a aliança, ao acontecer depois de uma série de movimentos que culminaram com a atual ruptura. Primeiro, as manobras do JxCat para submeter a Aragonés sua moção de confiança por não ter cumprido com a rota marcada no pacto de governo para conseguir a independência. E depois, a decisão de Aragonés de destituir seu vice-presidente e homem de confiança de Barràs, Jordi Puigneró.
Essa destituição fulminante provocou que a cúpula do JxCat decidisse convocar seus militantes a uma votação com uma pergunta direta: deviam ou não abandonar em massa o governo. A votação teve resultado a favor, com 55% dos votos dizendo que deveriam abandonar o Executivo catalão.
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Isso supõe a demissão em bloco dos conselheiros, a partir da qual Aragonés deverá fazer uma remodelação profunda no governo, o que prevê que haja menos conselheiros e vinculados só ao partido republicano catalão.
Neste difícil equilíbrio parlamentar para manter o governo, o Partido Socialista da Catalunha, que está vinculado ao Partido Socialista Obrero Espanhol, que governa a Espanha, ofereceu seu apoio para dar estabilidade ao governo, até que termine a legislatura.
Armando G. Tejeda | Correspondente do La Jornada em Madri.
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