Na Argentina, apesar das denúncias pela campanha ameaçadora extorsiva e oferecimentos de cargos em troca do voto a favor da lei de Bases, que o governo ultradireitista do presidente Javier Milei aplicou abertamente sobre os governadores, senadores e deputados da União Cívica Radical e da Proposta Republicana associados com a oficialista Liberdade Avança, conseguiu impô-la após seis meses de idas e voltas, em um modelo de corrupção à mostra e violando todas as normas constitucionais, como expressou o presidente do bloco opositor da União pela Pátria, Germán Martínez, deputados da Frente de Esquerda e um setor do radicalismo, que está dividido.
O oficialismo e seus aliados se impuseram, o que determina que se autoriza, entre outras graves leis, a entrega das faculdades legislativas ao mandatário, que de qualquer maneira já impôs medidas gravíssimas por decreto, tendo como pano de fundo o Decreto de Necessidade e Urgência anunciado em 20 de dezembro de 2023, que de fato anula todos os direitos, aplica acordos e entregas do território nacional, ou seja, começou a avançar impondo sua teoria de dissolução do Estado, o que originará a judicialização de boa parte de suas medidas, começando pela reforma Trabalhista, imposto sobre a renda que afeta quase um milhão de trabalhadores, o tema jurídico da Constituição violada, entre outras gravíssimas disposições, que afetarão todos os setores da sociedade.
Mas pouco se menciona o atuado em política exterior pelo governo de Milei que tem firmado acordos que desconhecem a soberania nacional, cede territórios e permite a instalação de bases no Atlântico Sul e outros territórios e, além disso, continua criando conflitos diplomáticos a cada dia, desconhecendo a política exterior de neutralidade que este país manteve. Por outro lado, decidiu acabar com os organismos de Direitos Humanos valorizados universalmente que conseguiram colocar a Argentina no cenário mundial na luta contra a impunidade.
Insultos contra líderes da América Latina e do mundo
Milei, após declarar que a Argentina já é como a Alemanha ou Itália, voltou a insultar os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula Da Silva, da Colômbia, Gustavo Petro, e da Espanha, Pedro Sánchez, em uma entrevista na qual foi perguntado sobre as declarações do mandatário brasileiro durante a recente Cúpula do GT.
Lula havia manifestado que durante a Cúpula recente do GT evitou se encontrar com o presidente argentino e não se falaram porque acreditava que Milei devia pedir “desculpas ao Brasil e a mim. Disse muitas tolices. Só quero que ele peça desculpas”, destacando que a relação entre ambos os países é muito importante. “Não é um presidente da República que vai criar discórdia entre Brasil e Argentina”.
Então Milei sustentou que não iria se desculpar porque “as coisas que eu disse são certas. Quais são os problemas? Que eu o chamei de corrupto? E acaso não foi preso por corrupção? E o chamei de comunista? E acaso não é comunista? Desde quando se deve pedir perdão por dizer a verdade?” e acrescentou que são mais os interesses dos argentinos e dos brasileiros do que o ego inflamado de algum esquerdista.
Milei continuou tornando as relações mais tensas ao afirmar que (…) “Parece uma discussão de crianças pré-adolescentes. O mesmo mecanismo dos presidentes Petro e Sánchez” a quem já havia insultado anteriormente. Ou seja, reafirmou tudo o que havia dito sobre os três mandatários, o que lhe custou que a Colômbia retirasse seu embaixador, embora depois, por mediação da chanceler Diana Mondino, voltou-se a uma normalidade tensa. Enquanto o governo da Espanha retirou sua embaixadora da Argentina e Milei continua complicando as relações diplomáticas.
La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.