Pesquisar
Pesquisar
Foto: Ciaran McCrickard / Fórum WEF

Dano interno e externo: Milei arruína Argentina com insultos a presidentes e Lei de Bases

Milei também se dedica a acabar com organismos de Direitos Humanos valorizados universalmente e que colocaram a Argentina no cenário mundial na luta contra a impunidade
Stella Calloni
La Jornada
Buenos Aires

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Na Argentina, apesar das denúncias pela campanha ameaçadora extorsiva e oferecimentos de cargos em troca do voto a favor da lei de Bases, que o governo ultradireitista do presidente Javier Milei aplicou abertamente sobre os governadores, senadores e deputados da União Cívica Radical e da Proposta Republicana associados com a oficialista Liberdade Avança, conseguiu impô-la após seis meses de idas e voltas, em um modelo de corrupção à mostra e violando todas as normas constitucionais, como expressou o presidente do bloco opositor da União pela Pátria, Germán Martínez, deputados da Frente de Esquerda e um setor do radicalismo, que está dividido.

O oficialismo e seus aliados se impuseram, o que determina que se autoriza, entre outras graves leis, a entrega das faculdades legislativas ao mandatário, que de qualquer maneira já impôs medidas gravíssimas por decreto, tendo como pano de fundo o Decreto de Necessidade e Urgência anunciado em 20 de dezembro de 2023, que de fato anula todos os direitos, aplica acordos e entregas do território nacional, ou seja, começou a avançar impondo sua teoria de dissolução do Estado, o que originará a judicialização de boa parte de suas medidas, começando pela reforma Trabalhista, imposto sobre a renda que afeta quase um milhão de trabalhadores, o tema jurídico da Constituição violada, entre outras gravíssimas disposições, que afetarão todos os setores da sociedade.

Mas pouco se menciona o atuado em política exterior pelo governo de Milei que tem firmado acordos que desconhecem a soberania nacional, cede territórios e permite a instalação de bases no Atlântico Sul e outros territórios e, além disso, continua criando conflitos diplomáticos a cada dia, desconhecendo a política exterior de neutralidade que este país manteve. Por outro lado, decidiu acabar com os organismos de Direitos Humanos valorizados universalmente que conseguiram colocar a Argentina no cenário mundial na luta contra a impunidade.

Insultos contra líderes da América Latina e do mundo

Milei, após declarar que a Argentina já é como a Alemanha ou Itália, voltou a insultar os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula Da Silva, da Colômbia, Gustavo Petro, e da Espanha, Pedro Sánchez, em uma entrevista na qual foi perguntado sobre as declarações do mandatário brasileiro durante a recente Cúpula do GT.

Lula havia manifestado que durante a Cúpula recente do GT evitou se encontrar com o presidente argentino e não se falaram porque acreditava que Milei devia pedir “desculpas ao Brasil e a mim. Disse muitas tolices. Só quero que ele peça desculpas”, destacando que a relação entre ambos os países é muito importante. “Não é um presidente da República que vai criar discórdia entre Brasil e Argentina”.

Então Milei sustentou que não iria se desculpar porque “as coisas que eu disse são certas. Quais são os problemas? Que eu o chamei de corrupto? E acaso não foi preso por corrupção? E o chamei de comunista? E acaso não é comunista? Desde quando se deve pedir perdão por dizer a verdade?” e acrescentou que são mais os interesses dos argentinos e dos brasileiros do que o ego inflamado de algum esquerdista.

Milei continuou tornando as relações mais tensas ao afirmar que (…) “Parece uma discussão de crianças pré-adolescentes. O mesmo mecanismo dos presidentes Petro e Sánchez” a quem já havia insultado anteriormente. Ou seja, reafirmou tudo o que havia dito sobre os três mandatários, o que lhe custou que a Colômbia retirasse seu embaixador, embora depois, por mediação da chanceler Diana Mondino, voltou-se a uma normalidade tensa. Enquanto o governo da Espanha retirou sua embaixadora da Argentina e Milei continua complicando as relações diplomáticas.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Stella Calloni Atuou como correspondente de guerra em países da América Central e África do Norte. Já entrevistou diferentes chefes de Estado, como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Luiz Inácio Lula da Silva, Rafael Correa, Daniel Ortega, Salvador Allende, etc.

LEIA tAMBÉM

Petro-Colombia_ministério
Colômbia: Petro dispensa acordos com oligarquia em reforma de ministérios
Bolívia-Evo-Arce-derrotar-fascismo (3)
Evo e Arce: derrotar fascismo na Bolívia exige colocar causa das massas acima de tudo
Southern Seas 2024 EUA America Latina 2
Southern Seas 2024: EUA "brincam" de guerra com América Latina de olho em nossas riquezas
Ossos-LWSB
Junto à fábrica de munições construída por Israel na Guatemala, o maior centro de extermínio do país