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Eleições no Equador: sucesso em último debate presidencial aproxima Luisa da vitória

Crescimento da candidatura da correísta é constatado nas ruas, junto à classe trabalhadora, incluindo motoristas de aplicativo, comerciários e ambulantes
Leonardo Wexell Severo
ComunicaSul
Quito

Tradução:

Desembarcamos em Quito na última quinta-feira (5), último dia para a divulgação das pesquisas eleitorais para a presidência, que ocorrem no próximo dia 15 de outubro, em meio a um clima de tensão e violência, e de início de definição para o curto mandato de 18 meses.

Dois institutos cadastrados junto ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) apuraram que quem acompanhou as duas horas do debate cara a cara transmitido em rede nacional de rádio, televisão e redes sociais, no último domingo (1), identificou a candidata do movimento Revolução Cidadã, Luisa González, como a vencedora do único e último confronto com Daniel Noboa.

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Conforme a pesquisa Maluk Research, 67% dos entrevistados avaliam que a advogada, ex-ministra e ex-deputada (o Equador tem uma assembleia unicameral) se saiu melhor no embate, com um desempenho “muito bom”, enquanto 48% consideraram que o representante da oligarquia e filho do bilionário Álvaro Noboa foi  apenas “regular”. “Muito poucos avaliam Luísa mal ou muito mal. Para quase 25% Daniel foi ruim ou muito ruim”, esclareceu Maluk.

O crescimento da candidatura de Luisa pôde ser constatada nas ruas, junto aos motoristas de aplicativo, atendentes de comércio e ambulantes.

Segundo a consultoria Negocios & Estrategias, 49% dos entrevistados afirmaram que Luisa foi melhor no debate, contra somente 33% do filho de Álvaro – dono de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) equatoriano, megaempresário das bananas e dos camarões que já perdeu cinco vezes a disputa à presidência.

Vencedora do 1º turno, Luisa convoca Equador a derrotar multimilionário Noboa, o “Lasso 2.0”

Como as pesquisas podem ser usadas para a manipulação da opinião pública, o Equador proíbe sua divulgação nos dez dias anteriores a eleição.

Empresas vinculadas com a oligarquia – como a Telcodata, da família do candidato Jan Topic – começam a reconhecer o avanço da candidata correísta. De acordo com o site Primicias, “a única coisa clara no segundo turno presidencial são as tendências: o apoio a Daniel Noboa diminui lentamente, enquanto o apoio a Luisa González também aumenta lentamente”.

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Há dez dias das eleições, o “empate técnico” divulgado por institutos de pesquisa que até bem pouco tempo davam o candidato da oligarquia com até dez pontos de vantagem, confirma que foi este o caminho empreendido.

Assim como no debate anterior, em que apenas esteve ausente o candidato Fernando Villavicencio – assassinado com três tiros na cabeça -, o que se viu foi um Daniel Noboa extremamente limitado, sem nem mesmo fazer uso do parco tempo estabelecido. Obedecendo a um roteiro para ser editado a posteriori por marqueteiros, com gestos e entonações, Daniel não pôde ir além do que é. Enquanto isso, Luisa entrou em campo novamente, assumindo compromissos em defesa da economia nacional, da redução de juros e de priorizar uma injeção de recursos no mercado interno.

Crescimento da candidatura da correísta é constatado nas ruas, junto à classe trabalhadora, incluindo motoristas de aplicativo, comerciários e ambulantes

Foto: Luisa González – Reprodução/Twitter
Luisa González percorre ruas da província de Guayas, no Equador, neste domingo (8)

Urgência para o projeto econômico

“Enviarei um projeto de lei econômico urgente nos primeiros dias do meu governo, que espero que seja aprovado em 30 dias”, afirmou Luisa, frisando que “não se trata mais do indivíduo, mas do coletivo, de que o país precisa de uma única bandeira: amarela, azul e vermelha”. “Sejamos sinceros, a falta de segurança nos mata em cada esquina. A falta de emprego, de saúde e de educação não reconhece bandeiras políticas, reconhece e exige que trabalhemos em unidade. Essa é a primeira mudança que quero aplicar no meu país, que nos unamos como pátria e trabalhemos para fazer avançar este maravilhoso e belo país”, enfatizou.

Entre as medidas de matéria econômica urgente, dois pontos fundamentais: o primeiro é trazer parte dos US$ 7 bilhões que o país andino mantém como reserva e o segundo é abrir linhas de crédito a jovens que pegaram recursos para pagar os seus estudos e hoje encontram-se “asfixiados” e desempregados. “Temos que dar uma opção para que sejam reinseridos no mercado de trabalho”, defendeu.  “Vou trazer US$ 2,5 bilhões para injetar na economia nacional, dinheiro que não está gerando nada, guardado sem ganhar um centavo para garantir o pagamento da dívida externa, cujos credores são pessoas ligadas aos bancos, ao governo”, explicou.

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Os únicos líderes de bandos criminosos presos o foram durante o governo da Revolução Cidadã. Desde então, ninguém foi preso”.

Questionada pelo candidata da direita sobre as medidas que adotará para combater os grupos narcoterroristas, como os Los Lobos, Johnny Killers, Ben Ten e Los Choneros, Luisa recordou que “os únicos líderes de bandos criminosos presos o foram durante o governo da Revolução Cidadã”. “Desde então, ninguém foi preso. O chefe do bando criminoso [Los Choneros] Fito Junior, nem pensar. Portanto, quando os prendermos, teremos a mesma mão firme com aqueles que declararam guerra ao Estado equatoriano, quando nos mataram, quando semearam o terror”, frisou.

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Na sua oportunidade de perguntar a Noboa, Luisa denunciou que “a maior parte da violência provém do crime organizado, de máfias que chegam a nomear ministros para facilitar a exportação de drogas”. “Responda ao país se o ex-ministro Bernardo Manzano fazia parte do Grupo Noboa como gestor?”, questionou. Desnorteado, Daniel foi obrigado a reconhecer que sim, que Manzano [denunciado pelo envolvimento com o crime organizado] tinha sido “há muito tempo” diretor da Corporación Noboa.

Ao que Luisa complementou: “jovens equatorianos, procurem no Google quem é Bernardo Manzano. A segurança não é um jogo e aqui não se trata de dizer quem esteve lá e quem não esteve, mas de responder às perguntas que são feitas concretamente”.

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Da mesma forma, a candidata do Revolução Cidadã recordou o empenho de Daniel Noboa, enquanto deputado, em favor do aumento da exploração mineira. “Eu gostaria que explicasse ao povo equatoriano se isso se deve ao fato de o Grupo Noboa, através da empresa Adventure, ter exploração mineira e se haveria um conflito de interesses”, inquiriu Luisa, ao que Daniel se esquivou e desviou o assunto para a necessidade de educação de jovens.

Mudança de votos

Nas últimas pesquisas, entre 15 e 25% dos entrevistados mudou seu voto após o enfrentamento de domingo ou se decidiu, no caso dos que se declaravam indecisos nas sondagens anteriores, nas quais Noboa aparecia de 3% a 10% na frente.

Sobre a vitória no debate, Luisa respondeu que “foi o povo equatoriano quem venceu, que necessita que se retome essa política voltada para eles”. “Afirmo que o técnico é importante, mas se não existe a vontade política de garantir o direito à saúde, à educação, ao emprego digno, não vamos conseguir caminhar. Se quisermos ter o dinheiro em reservas em vez de dinamizarmos a economia, garantindo que não morra um ser amado por falta de recursos em atendimento médico ou remédios, de que serve? Devemos deixar a confrontação, deixar de lado o ódio e caminhar em unidade”, concluiu.

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As pesquisas divulgadas nesta quinta, último prazo legal, apontam um significativo avanço da candidata da Revolução Cidadã. O Instituto Maluk Research indica Luisa na frente com 47,6% contra 45,5% de Noboa. Telcodata coloca o candidato da oligarquia com 36,7% e a da Revolução Cidadã com 35,4%. Segundo a Negocios y Estrategias, Noboa soma 39% e Luisa 38,63%, e para a Comunicaliza Noboa tem 41,5% contra 36,4% da oposicionista.

Para os três últimos institutos, que colocam o candidato milionário na frente, os brancos, nulos e indecisos situam-se entre 20 e 24%, o que lhes dá ampla margem de ajuste a uma provável vitória de Luisa, apontada pela sua tendência ascendente em todas as pesquisas.

Caio Teixeira e Leonardo Wexell Severo | Especial para ComunicaSul desde Quito

A Agência ComunicaSul está cobrindo as eleições presidenciais e à Assembleia Nacional do Equador graças ao apoio das seguintes entidades: jornal Hora do Povo, Diálogos do Sul, Barão de Itararé, Portal Vermelho, Correio da Cidadania, Agência Saiba Mais, Agência Sindical, Federação dos Trabalhadores em Instituições Financeiras do RS (Fetrafi-RS); Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe-RS); Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos; Federação dos Comerciários de Santa Catarina; Confederação Equatoriana de Organizações Sindicais Livres (CEOSL); Sindicato dos Comerciários do Espírito Santo; Sindicato dos Hoteleiros do Amazonas; Sindicato dos Trabalhadores das Áreas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisa, e de Fundações Públicas do Rio Grande do Sul (Semapi-RS); Federação dos Empregados e Empregadas no Comércio e Serviços do Estado do Ceará (Fetrace); Federação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT Rio Grande do Sul (Fetracs-RS); Intersindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT-PR); Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (AASPTJ-SP), Federação dos/as Trabalhadores/as em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-PR), Sindicato dos Trabalhadores em Água, Resíduos e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema-SP); Sindicato dos Trabalhadores em Água, Resíduos e Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina  (Sintaema-SC), Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no Estado do Paraná (Sintrapav-PR), Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp Sudeste-Centro), Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo, Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal de Santa Catarina (Sintrajusc-SC); Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina (Sinjusc-SC), Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal em Pernambuco (Sintrajuf-PE), mandato popular do vereador Werner Rempel (Santa Maria-RS) e dezenas de contribuições individuais.

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As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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