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ToggleNo cenário de saúde pública do Brasil, a fila de transplantes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) tem sido um tópico recorrente de discussão. Recentemente, o caso do renomado apresentador Fausto Corrêa, popularmente conhecido como Faustão, trouxe à tona as complexidades desse sistema, reacendendo debates sobre eficiência, equidade e esperança para milhares de pacientes em espera.
O funcionamento da fila de transplantes no SUS
A fila de transplantes no SUS é um sistema de triagem complexo que visa alocar órgãos doadores de maneira justa e transparente. Os pacientes são classificados de acordo com critérios médicos, incluindo gravidade da condição, compatibilidade com o órgão doador e tempo de espera. Entretanto, a escassez de órgãos e de recursos médicos é um desafio constante, resultando em uma espera angustiante para muitos.
O caso de Faustão
O caso de Faustão, que aguardava por um transplante de coração, trouxe a discussão sobre a fila de transplantes do SUS para os holofotes. A visibilidade do apresentador gerou maior conscientização sobre os desafios enfrentados por milhares de brasileiros que aguardam por órgãos vitais para sobrevivência. Sua condição evidenciou a necessidade de recursos e agilidade para melhorar o sistema e evitar tragédias.
Montagem/Diálogos do Sul
Apresentador Fausto Silva, recebeu um novo coração após alguns dias na fila de transplantes do SUS
O anúncio de que Faustão precisava de um transplante de coração gerou variadas reações na internet. Enquanto alguns usuários expressaram pesar diante da delicada condição do apresentador, outros foram além, levantando a hipótese de que ele poderia ter um tratamento privilegiado e furar a fila no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde), devido à sua proeminência financeira e notoriedade.
Hospitalizado no Albert Einstein, em São Paulo, desde o dia 5 de agosto, Faustão ingressou no rol de pacientes aguardando transplante cardíaco no último domingo (20), devido ao agravamento de seu quadro clínico.
Segundo informações do Hospital Albert Einstein, a Central de Transplantes do Estado de São Paulo entrou em contato com a instituição durante a madrugada do último domingo (27). Na ocasião, teve início a avaliação de compatibilidade do órgão, levando em consideração a tipagem sanguínea B.
A cirurgia para o transplante foi iniciada durante a tarde do domingo e teve uma duração aproximada de 2 horas e meia. Essa informação foi fornecida no boletim médico assinado pelo cardiologista Fernando Bacal, pelo cirurgião cardiovascular Fábio Antônio Gaiotto e pelo diretor médico e de Serviços Hospitalares do Hospital Israelita Albert Einstein, Miguel Cendoroglo Neto.
O que diz o ministério da saúde?
Em 27 de agosto, o Ministério da Saúde emitiu um comunicado esclarecendo os fundamentos que levaram Fausto Silva a ter prioridade na fila de transplante cardíaco. O motivo foi o delicado estado de saúde do apresentador, que recebeu um novo coração naquele mesmo dia.
A declaração enfatizou que critérios técnicos, como tipagem sanguínea, compatibilidade genética, peso e altura, e critérios específicos de gravidade para cada órgão, estabelecem a ordem de pacientes para transplantes.
Em situações de critérios similares, a ordem de cadastro e a priorização de pacientes em estado crítico são consideradas. Importante ressaltar que a lista é compartilhada por pacientes tanto do sistema público quanto privado.
O comunicado também compartilhou dados recentes sobre transplantes cardíacos no Brasil. Na semana passada, de 19 a 26 de agosto, foram realizadas 13 cirurgias desse tipo, sendo sete no estado de São Paulo, que lidera o país em transplantes.
Dados oficiais indicam que 206 transplantes de coração foram realizados no Brasil no primeiro semestre de 2023, refletindo um aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Por que não é possível contornar a ordem da fila de transplantes do SUS?
É crucial ressaltar que, embora comumente referida como a “fila do SUS“, a lista de espera para transplantes de órgãos não opera segundo uma estrutura linear e uniforme.
A expressão “fila” sugere a concepção de equidade na espera, implicando que os pacientes são atendidos na ordem de chegada. Contudo, essa abordagem pode não ser aplicável, uma vez que os procedimentos de transplante são notavelmente mais complicados do que as filas bancárias: envolvem uma diversidade de pacientes com estados de saúde diversos, todos em busca de órgãos que podem ou não ser compatíveis com suas condições individuais.
Portanto, mesmo que alguém tivesse a intenção e os recursos para pagar quantias substanciais, não teria a capacidade de “encomendar” um órgão compatível. É crucial contar com uma dose de sorte, além de respeitar a situação e a gravidade individual de cada caso.
O órgão responsável pelo controle dessa lista é o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), que opera em âmbito nacional, supervisionando as listas em nível estadual e regional, em coordenação com outras entidades de controle de nível federal.
Seu principal propósito é agilizar os procedimentos em situações de urgência e otimizar a alocação de órgãos doados, identificando receptores compatíveis e em situações mais urgentes.
Isso reforça que, de fato, há pessoas que podem receber prioridade na lista, mas com base em critérios legais, como a gravidade do caso e a compatibilidade. No entanto, não é algo que possa ser adquirido por meio de fama ou dinheiro.
Veja o que disse o ex-ministro da saúde Alexandre Padilha:
? Fake news sobre o SUS não é brincadeira, meu!
A polêmica sobre o transplante de coração do Faustão não cabe. Só em 2023, mais de 260 pessoas fizeram o procedimento pelo SUS no Brasil. Dessas, 72 conseguiram o órgão novo ?em um mês. pic.twitter.com/VxCeNIRh6F
— Alexandre Padilha (@padilhando) August 28, 2023
Os desafios estruturais
O SUS enfrenta limitações estruturais, incluindo a escassez de profissionais especializados e a infraestrutura médica. A fila de transplantes, embora seja regida por critérios técnicos, frequentemente é afetada por essas limitações, resultando em longos períodos de espera para pacientes em condições críticas.
A Importância da Conscientização e Ações Efetivas:
O caso de Faustão gerou debates não apenas sobre o funcionamento da fila de transplantes do SUS, mas também sobre a conscientização da população em relação à doação de órgãos.
A conscientização sobre a importância da doação voluntária pode ajudar a aumentar o número de órgãos disponíveis, beneficiando aqueles que aguardam por uma segunda chance de vida.
A fila de transplantes do SUS é uma realidade complexa e desafiadora, onde esperança e angústia coexistem. O caso de Faustão expõe as vulnerabilidades desse sistema, destacando a necessidade de investimentos, conscientização e esforços contínuos para garantir uma distribuição equitativa de órgãos e salvar vidas.
É fundamental que a sociedade e as autoridades unam esforços para melhorar a qualidade de vida daqueles que dependem desse sistema em busca de um novo amanhã.
George Ricardo Guariento | Jornalista e colaborador da Diálogos do Sul
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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