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ToggleA nova Procuradora-Geral da Colômbia, Luz Adriana Camargo, advogada especializada em direito criminal e grande protagonista dos processos que revelaram os vínculos entre políticos tradicionais e paramilitares de extrema-direita, fazia parte de uma lista apresentada pelo presidente Gustavo Petro à CSJ em agosto do ano passado. Sua eleição se deu após três tentativas falidas do alto tribunal, em meio a um clima de alta tensão política derivada do que a oposição chamou de “pressões indevidas” do presidente Petro.
Fruto da Constituição de 1991 e com uma vasta equipe em boa parte do território nacional, a Procuradoria é considerada por analistas locais um dos cargos mais poderosos e cobiçados do país. Até agora, muitos dos ocupantes deste cargo foram próximos ao presidente em exercício e ligados a grandes conglomerados econômicos.
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Não são poucas as acusações que pesam contra ex-procuradores que usaram seu cargo para favorecer políticos reconhecidos, funcionários públicos e empresários acusados de graves violações dos direitos humanos e atos de corrupção, enquanto montavam esquemas para prejudicar porta-vozes de esquerda ou líderes sociais e populares.
A nova procuradora, que tem uma longa trajetória no poder judiciário, obteve 18 votos, dois a mais do que a maioria qualificada necessária para ser eleita pelos 23 membros do alto tribunal, que foram surpreendidos esta manhã com a renúncia de outra das aspirantes, Amelia Perez, envolvida em um truculento drama midiático.
Trajetória da nova procuradora-geral
Na carreira de Luz Adriana Camargo, destaca-se seu papel na Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala, onde trabalhou junto ao atual ministro da Defesa da Colômbia, Iván Velázquez.
Sua proximidade com Velázquez lhe valeu a desqualificação dos setores da direita, que advertem sobre supostas intenções de “vingança e retaliação”, alertando que ela será “uma procuradora de bolso” do presidente Petro.
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O chefe de Estado colombiano respondeu em fevereiro passado às denúncias sobre supostos ataques à justiça por parte de manifestantes que cercaram o prédio da CSJ, assegurando que “a única parte que ataca a justiça aqui é a extrema-direita, que teme a chegada de uma procuradora decente”.
Alguns dias depois, Petro definiu suas candidatas a procuradoras como “mulheres valentes e honestas, com grande experiência jurídica”, sublinhando que “é fundamental que essas pessoas não estejam vinculadas ao crime”.
Luz Camargo substitui Francisco Barbosa
O mandatário acusou o promotor que está saindo, Francisco Barbosa – proposto em seu momento por Iván Duque – de ter facilitado “uma tomada mafiosa da Procuradoria” e de orquestrar um plano para tirá-lo do poder através do que chamou de “uma ruptura institucional”.
A décima Procuradora Geral da Colômbia, de 59 anos, disse durante suas exposições perante a CSJ que, se fosse eleita, trabalharia para dar um enfoque mais territorial ao trabalho dos promotores e dedicaria seu maior esforço para erradicar a corrupção.
Embora sua nomeação tenha sido bem recebida pela maioria dos partidos políticos, as forças de extrema direita, através de seu porta-voz, Miguel Turbay, reafirmaram seu temor de que “a justiça seja utilizada para fazer política”.