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"Terrorismo doméstico nos EUA representa ameaça muito maior que Cuba”, diz democrata

Seis dias depois de um assalto ao Capitólio, Trump anunciou que agregou Cuba à sua lista de países designados como “patrocinadores de terrorismo”
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Seis dias depois de um assalto ao Capitólio em Washington por “terroristas domésticos” – segundo a definição legal técnica dessa tentativa de golpe – o governo de Donald Trump anunciou hoje que agregou Cuba à sua lista de países designados como “patrocinadores estatais de terrorismo”.

Neste, um dos últimos atos antes de ser expulso do poder em 20 de janeiro, Trump e seu secretário de Estado Mike Pompeo oferecem um último presente à direita anticastrista de Miami que tanto tem feito para sustentar um presidente que está por ser formalmente acusado esta semana de trair seu país ao incitar violência contra o poder legislativo e representar um perigo à segurança dos Estados Unidos. 

Pompeo anunciou que o Departamento de Estado “designou Cuba como um Patrocinador Estatal de Terrorismo por outorgar repetidamente apoio a atos de terrorismo internacional ao dar refúgio [safe harbor] a terroristas”.  

Explicou que o governo de Trump desde o início dedicou-se a negar recursos ao regime de Castro que os emprega “para oprimir seu povo em casa, e contrariar sua interferência maligna na Venezuela e no resto do hemisfério”. 

Afirmou que com isto se envia a mensagem a Cuba de que “deve pôr fim ao seu terrorismo internacional e à subversão da justiça estadunidense”. Cuba, acusou, tem mantido “assassinos”, “construtores de bombas” e “sequestradores”, entre eles colombianos e estadunidenses que albergou durante décadas. 

Seis dias depois de um assalto ao Capitólio, Trump anunciou que agregou Cuba à sua lista de países designados como “patrocinadores de terrorismo”

Samuel Corum
Assalto ao Capitólio em Washington por “terroristas domésticos” .

Pompeo reiterou as acusações de que além destes apoios para o “terrorismo internacional”, Cuba continua com seu “comportamento maligno” na região, sobretudo em seu apoio a Nicolás Maduro na Venezuela, assim como para “dissidentes” das FARC e do ELN.  

Com esta designação, Pompeo explicou que se sanciona pessoas e países que buscam certo tipo de comércio com Cuba, impõe restrições sobre a assistência estadunidense, proíbe exportações e vendas militares e impõe certos controles a algumas exportações. 

O anúncio foi denunciado de imediato por alguns legisladores, como o veterano senador democrata Patrick Leahy – o qual logo recuperará um posto de liderança em assuntos judiciais e internacionais com o câmara alta sob novo controle democrata – que declarou que “o terrorismo doméstico nos Estados Unidos representa uma ameaça muito maior aos estadunidenses do que Cuba”.   

Agregou que “esta designação abertamente politizada é uma burla do que havia sido uma medida crível e objetiva do apoio ativo ao terrorismo por algum governo estrangeiro. Nada como isso existe remotamente aqui [no caso de Cuba]”.

Cinco anos depois de Cuba haver sido retirada dessa lista pelo governo de Barack Obama como parte da normalização de relações diplomáticas que foram negociadas, é óbvio que a 9 dias do fim da presidência – a qual após a intentona de quarta-feira agora carece de toda autoridade moral -, Trump e seu governo buscam entorpecer qualquer abertura ou giro na relação bilateral que alguns esperam sob o governo que vai entrar, do democrata Joe Biden.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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