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ToggleCifras preliminares das eleições municipais e de governadores realizadas no Chile no último final de semana mostram resultados mistos tanto para o governo de centro-esquerda quanto para a oposição de direita, que parecia ter uma leve vantagem na conquista das prefeituras.
Com 84% das urnas apuradas, a coalizão de direita Chile Vamos tinha 35,9% dos votos, o governista reunido na coalizão Contigo Chile Melhor somava 31,9%, enquanto as candidaturas independentes chegavam a 29,3%, o que lhes permitia alcançar 101 prefeituras.
Quanto à disputa pelas 16 governanças regionais, só em cinco houve resultados definitivos, em quatro das quais triunfou a centro-esquerda. Nas 11 restantes haverá segundo turno em um mês, pois nenhum dos candidatos alcançou os 40% necessários para ser eleito em primeiro turno.
Atualmente, o governo controla 15 das 16, um resultado que, sem dúvida, não se repetirá.
Governo em desvantagem
Na disputa pelas 345 prefeituras do país, com 84% das urnas apuradas, o governo perdia 40, passando de 150 sob seu controle para 111.
A centro-esquerda sofreu derrotas significativas, como, por exemplo, na emblemática comuna de Santiago, onde a prefeita comunista Irací Hassler (28,4%) perdeu categoricamente a reeleição para o ex-policial e ex-ministro Mario Desbordes (51%).
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O contraponto disso ocorreu no município de Maipú, próximo a Santiago, onde o jovem prefeito da Frente Ampla, Tomás Vodanovic, de 34 anos, conseguiu ser reeleito com mais de 70% dos votos, um resultado que, segundo analistas, claramente o projeta como uma figura presidencial para 2025.
Mas ele rejeita categoricamente essa possibilidade, priorizando: “meu compromisso é ficar pelos próximos quatro anos trabalhando pelos meus vizinhos, não vou cometer nenhuma falta de respeito”, disse na noite de sábado (26).
Oposição e surpresas
Quanto à oposição, os resultados disponíveis indicam que aumentará de 87 para 120 sua participação nos governos municipais.
Uma das grandes surpresas da noite ocorreu no município santiaguino de Las Condes, o mais rico do país, onde a ultradireitista Marcela Cubillos Segal sofreu uma inesperada derrota frente a uma candidata da direita liberal, Catalina San Martín (39,9%), que a derrotou contra todas as expectativas por uma estreita vantagem de 0,8 pontos.
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Cubillos, clara favorita até há um mês, ficou no centro de um escândalo quando foi revelado que, com pouquíssimas horas como docente e sem nenhum trabalho acadêmico relevante, inclusive vivendo no exterior, recebia um salário equivalente a cerca de 20 mil dólares mensais de uma universidade, uma remuneração muito acima da média de acadêmicos e reitores. Ela, que parecia se projetar como possível candidata à presidência, pagou o preço pela soberba com que defendeu receber tal quantia.
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