Há um alarme mundial sobre o coronavírus, e não é, pois, de nenhuma maneira para ser ignorado. São extremadas as medidas para sufocar esta pandemia. O mundo quase tem se isolado. Em nosso país foram extremadas as medidas, tendo até toque de recolher.
Porém, chama poderosamente a atenção que a imprensa nacional e internacional não o recolha e não haja um alarme, nem que aos governantes de turno lhes inquiete, outro fenômeno muitíssimo mais dramático e mais indignante: As mortes por fome e desnutrição.
Efetivamente:
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O coronavírus, desde seu aparecimento na China (01.12.2019) até a atualidade (aproximadamente) tem um tempo de duração de 4 meses e provocou 18.700 mortes; ou seja, em quatro meses causou 156 mortes por dia, em média.
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A fome mata 17.000.000 (dezessete milhões) de pessoas por ano, o que corresponde a 46.575 (quarenta e seis mil, quinhentos e setenta e cinco) pessoas, a cada dia.
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Significando, então que a fome mata 29.756% (vinte e nove mil, setecentos e cinquenta e seis por cento) mais que o coronavírus.
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Morrem, a cada dia, por desnutrição 8.500 (oito mil quinhentas) crianças de até 15 anos (2017) por causas preveníveis, mas não há dinheiro (Unicef, Banco. Mundial, OMS, e a Divisão de População das Nações Unidas).
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O que quer dizer que morrem por desnutrição 5.349% (cinco mil e trezentos e quarenta e nove por cento) mais crianças que pelo coronavírus.
ONU
Esta iniquidade e injustiça é consequência de que nos impuseram (em todo o mundo) um modelo econômico brutal e feroz: o neoliberalismo
De acordo com a FAO, na atualidade são produzidos alimentos para nutrir 12 bilhões de pessoas em um planeta habitado por 7,5 bilhões, o que significa que o mundo produz quase duas vezes mais do que se requer de alimentos. Ninguém deve morrer de fome!
Argentina produz alimentos para 410 milhões de pessoas, sendo o terceiro produtor mundial de mel, soja, alho e limão; o quinto de maçãs; o sétimo de trigo e azeites; o oitavo de amendoim; no entanto, entre um e três milhões de argentinos passavam fome e o presidente neoliberal Mauricio Macri não pode alimentar a décima parte de sua população.
O mais rico do mundo pode gastar um milhão de dólares diários durante mais de três mil anos e ainda lhe sobraria sua riqueza. 1% da população mais rica do mundo tem riqueza equivalente à pobreza de 99% da população mais pobre. Estas desigualdades não são precisamente por meritocracia, produtividade, gerência; são consequências de lobbys, monopólios, salários paupérrimos, heranças, Panamá Papers, etc.
Toda esta iniquidade e injustiça é consequência de que nos impuseram (em todo o mundo) um modelo econômico brutal e feroz: o neoliberalismo. Se queremos arrastá-lo por 500 anos mais, continuemos elegendo aqueles que nos matam de fome e nos roubam.
Juan Verastegui Vásquez é colaborador da Diálogos do Sul desde Buenos Aires
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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