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Rússia e EUA não conseguem acordo e ogivas nucleares ficarão sem fiscalização

Acordo de desarmamento nuclear firmado por Moscou e Washington em 2010 limita os arsenais de ambos a um máximo de 1.550 ogivas
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

A embaixada dos Estados Unidos informou na segunda-feira (28) que a Rússia, sem mediar explicação alguma, suspendeu de modo unilateral e indefinido, embora tenha dito que mais adiante vai propor uma nova data, sua participação na reunião da comissão bilateral consultiva sobre o Novo Tratado de redução de armamento estratégico (START, por sua sigla em inglês, também chamado START III), que devia ser celebrado de 29 de novembro ao 6 de dezembro seguintes no Cairo, Egito. 

Pouco mais tarde, o ministério de Relações Exteriores da Rússia, através da agência noticiosa TASS, confirmou que essa reunião “não terá lugar nas datas indicadas”. A comissão “vai secionar em uma data posterior”, sem precisar quando, agregou. 

Após o diretor do Serviço de Inteligência russo, Serguei Naryshkin, e seu homólogo da CIA estadunidense, William Burns, terem abordado em Ankara, Turquia, o crescente risco nuclear e a tensão internacional pela intervenção militar da Rússia e o respaldo dos Estados Unidos à Ucrânia, parecia que Moscou e Washington — apesar de seu aberto e crescente confronto — tinham alcançado o consenso de discutir assuntos de interesse comum, em particular na área do controle de armamento.

O vice-ministro de Relações Exteriores russo, Serguei Riabkov, inclusive anunciou, com doze dias de antecipação, que a comissão consultiva do Novo START tinha previsto reunir-se no Cairo, nas datas já mencionadas. O diplomata não o disse, mas se entende por que não selecionaram a cidade helvética de Genebra, sede das sessões anteriores, a última em outubro de 2021: a Rússia já não considera a Suíça um país neutro.

Acordo de desarmamento nuclear firmado por Moscou e Washington em 2010 limita os arsenais de ambos a um máximo de 1.550 ogivas

Pixabay
Imagem de WikiImages por Pixabay

Esperava-se que agora Moscou e Washington — após escutar as presumíveis inconformidades e dúvidas do outro — dessem luz verde para retomar as inspeções de seus arsenais nucleares, suspensas desde começos de 2020 de comum acordo devido à pandemia do coronavírus e de modo oficial a partir de agosto passado, quando a Rússia proibiu os Estados Unidos de visitar suas instalações militares alegando que ela não pode fazer o mesmo em solo estadunidense pelas sanções em matéria a licenças de sobrevoos e concessões de vistos a funcionários russos. 

Segundo o tratado, cada parte pode efetuar até 18 inspeções por ano dos arsenais nucleares do outro e, de 2011 a 2020, foram levadas a cabo 328 missões desse tipo. 

O novo START – prorrogado por cinco anos em janeiro de 2021 —, é o último acordo de desarmamento nuclear firmado pela Rússia e os Estados Unidos em 2010 e limita os arsenais de ambos a um máximo de 1.550 ogivas, ou seja, estabelece uma redução de 30% a respeito do limite anterior fixada em 2002, assim como restringe o número de mísseis balísticos intercontinentais a 700 e de rampas de lançamento e bombardeiros pesados a 800, quantidade mais que suficiente para destruir o planeta várias vezes.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava

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Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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