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É passada a hora de América Latina e EUA se unirem contra Trump e extrema-direita

Nos últimos dias, republicano ofereceu apoio a forças direitistas no México e nas Américas que lutam contra movimentos progressistas
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

O bufão mais perigoso se recusou a ceder o palco – sua doença vaidosa/narcisista não o permite – e, com seu anúncio de que será candidato presidencial “para fazer grande e glorioso aos Estados Unidos outra vez”, persiste o espectro do neofascismo no país.

Trump é agora o único ex-mandatário na história do país sob investigação criminal por um intento de golpe de Estado. Enfrenta pelo menos outras quatro investigações criminais: por extrair ilegalmente documentos oficiais “top secret”, por tentativas de subverter o processo eleitoral na Geórgia, e por dois por possíveis delitos de suas empresas.

Trump, que acaba de ser reinstalado no Twitter depois de ser expulso por usar sua conta para fomentar os atos antidemocráticos de 6 de janeiro de 2021, e com isso anular a liberdade de expressão de milhões, agora reciclará sua mensagem xenofóbica e anti-imigrante, racista, misógina e anti-direitos a liberdades civis.

O homem que segue recusando aceitar que perdeu a eleição, insiste sobre seu êxito empresarial construído sobre corrupção e engano, pagou a mulheres para comprar seu silêncio sobre suas relações sexuais, foi acusado de violação e abuso sexual, continua atacando a todos que se atrevam a criticá-lo, declarou que os jornalistas são “inimigos do povo”, fomentou a violência política e racista, como comandante-chefe deseja usar as forças armadas para reprimir a liberdade de expressão de seus cidadãos e é o único presidente sujeito ao impeachment duas vezes, agora se proclama defensor de Deus, da família e da pátria. É, pois, um bufão.

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“Sou uma das pessoas mais honestas e inocentes em nosso país”, declarou sem rir nesta domingo (20), ao pedir fundos para defender-se das investigações.

No âmbito internacional, Trump como presidente cancelou o compromisso estadunidense com vários acordos inclusive sobre a mudança climática, o acordo nuclear com o Irã e reverteu a normalização de relações com Cuba, enquanto apoiou contrapartes neofascistas no Brasil e em outras partes do mundo.

Sua campanha anti-imigrante – especificamente contra mexicanos e centro-americanos – incluiu medidas como o sequestro de mais de cinco mil crianças dos braços de suas famílias para colocá-las em jaulas.  

Em torno ao México, o presidente Trump contemplou bombardear laboratórios de narcotraficantes no país vizinho (de maneira encoberta); desejava enviar 250 mil soldados estadunidenses para selar a fronteira e iniciou a construção de um muro inspirado no de Israel para frear o fluxo de mexicanos e outros na fronteira. Ameaçou pôr impostos sobre importações mexicanas – com o que logrou, repete até hoje, obrigar o México a mover milhares de soldados para frear o fluxo migratório aos Estados Unidos. Trump arrancou sua campanha presidencial em 2015 declarando que o México “não é nosso amigo” e que seus migrantes transportam drogas, são “criminosos” e “violadores”.

Nos últimos dias, republicano ofereceu apoio a forças direitistas no México e nas Américas que lutam contra movimentos progressistas

Arte: John Hain/Pixabay

Arte: John Hain/Pixabay

Neste passado fim de semana, Trump felicitou e ofereceu seu apoio às forças direitistas no México e nas Américas que lutam contra a 4T e outros movimentos progressistas.

Quando Trump declarou sua nova campanha eleitoral na semana passada, afirmou que a ameaça mais grave à “nossa civilização” provém de dentro. Maureen Dowd, colunista do New York Times, comentou que “isso é de fato a verdade, mas só porque Trump buscou explorar cada divisão escura e impulso baixo que podia encontrar. Prefere fazer explodir nossa democracia que admitir que é um perdedor… isso o converte em um traidor”.

Diante do retorno do bufão perigoso e tudo o que representa, não seria hora de convocar a regenerar a solidariedade entre as forças democratizadoras nos Estados Unidos, México e América Latina em sua luta comum, incluindo a resistência contra a ultradireita?

O grande organizador sindical e cantor Joe Hill foi executado pelo governo dos Estados Unidos em 19 de novembro de 1915. Suas últimas palavras foram: “não lamentem, se organizem”. 

David Brooks | Correspondente do La Jornada em Nova York.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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