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Exemplo de cooperação Sul-Sul: estudantes e médicos do Haiti viajam à Cuba para especialização

Contribuição mútua entre Cuba e Haiti é de longa data; mais de 7 mil médicos cubanos já trabalham em missões na nação haitiana
Joel Michel Varona
Prensa Latina
Porto Príncipe

Tradução:

Ana Corbisier

A chegada a Cuba de estudantes de graduação e médicos do Haiti que se especializarão na nação caribenha, junto a outros que optaram por carreiras técnicas, é um exemplo tangível da cooperação Sul-Sul.

Em 22 de fevereiro de 2022, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, na Conferência Internacional para o financiamento da reconstrução da península sul do Haiti, afirmou: “É preciso falar duramente da realidade haitiana e da responsabilidade que toda a comunidade internacional tem com sua transformação definitiva”.

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“Esta [a comunidade internacional] já acumula uma enorme dívida com seu nobre povo, que merece e necessita de nosso respeito e apoio”, sublinhou o Chefe de Estado. “Todos temos a obrigação moral de prestar cooperação substancial e desinteressada ao Haiti, e não só para a reconstrução de algumas zonas, mas também para impulsionar de maneira integral um desenvolvimento sustentável para todo o país”, esclareceu.

Autoridade moral e solidariedade

Cuba tem autoridade moral por ter compartilhado com a nação irmã grandes dores e formidáveis empenhos ao longo de séculos. A Revolução cubana decretou em sua primeira década o reconhecimento da segurança social para os trabalhadores haitianos, semiescravos na época pré-revolucionária. Foi o pagamento de uma dívida histórica e a defesa de um princípio que para sempre seria a solidariedade incondicional com o Haiti em todos os campos.

“Esta irmandade alcançou cotas mais altas em determinadas conjunturas, como o surto de cólera e os terremotos de 2010 e 2021, quando os especialistas cubanos mostraram ao mundo a profundidade de seu compromisso e a consagração na atenção à população haitiana”, disse o dignatário. “Mas, diferentemente do resto das ajudas internacionais, os profissionais cubanos não chegaram depois do desastre, levavam mais de uma década de trabalho e cooperação ali”, enfatizou.

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Em 1998 — recordou Díaz-Canel — foi enviada uma brigada médica, medicamentos e tudo o que era necessário para socorrer a população afetada pelos furacões Georges e Mitch. Depois chegaram centenas de jovens haitianos à Escola Caribenha na província oriental de Santiago de Cuba, que é uma extensão da Escola Latino-americana de Medicina em Havana.

“Não citamos estes dados para nos vangloriar de nossa cooperação. Nada mais afastado da prédica martiana e da ideia de Fidel Castro sobre o internacionalismo e a solidariedade. Só — esclareceu Díaz-Canel — queremos deixar clara nossa consciência sobre os graves problemas que afligem a irmã Haiti”.

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O mandatário cubano lembrou as palavras do líder histórico da Revolução cubana, Fidel Castro, quando disse: “O Haiti não necessita de soldados, não necessita de invasões de soldados; do que necessita o Haiti são invasões de médicos, o que o Haiti precisa, além disso, é de invasões de milhões de dólares para seu desenvolvimento”.

Para contribuir com o desenvolvimento haitiano

No ato de despedida dos educandos, efetuado recentemente na sede do Ministério de Saúde e População situado em Porto Príncipe, o primeiro secretário da embaixada de Cuba no Haiti, Joel Concepción, expressou: “Os jovens que estudarão em nossa Ilha terão o privilégio de continuar esta cooperação de longa data entre os dois países”.

“Terão a oportunidade de conviver com alunos da maior das Antilhas e de outras nacionalidades, em sua maioria de nações subdesenvolvidas”, disse o diplomata, que os convidou para aproveitar o tempo para que, uma vez graduados, possam contribuir para o desenvolvimento do país, “pois o Haiti precisa de vocês mais do que nunca”.

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“Até hoje, cerca de sete mil trabalhadores da saúde cubanos cumpriram sua missão aqui, realizando cerca de 40 milhões de consultas e salvando cerca de meio milhão de vidas. Mais de 1.300 médicos, técnicos e outros especialistas da saúde haitianos foram capacitados em Cuba”, informou Concepción, que acrescentou que Cuba também colaborou em projetos nas áreas de educação, esportes, agricultura, pesca, construção, recursos hídricos e meio ambiente.

Presença cubana

A presença cubana no Haiti é hoje a expressão mais palpável dos laços históricos, culturais e de amizade entre as duas nações, e da cooperação Sul-Sul. Em declarações à Prensa Latina, o chefe da Brigada Médica de Cuba no Haiti, Efrén Acosta, relatou que foram realizadas no mês de maio deste ano 34.403 consultas. No plano de trabalho, estava contemplado oferecer 27.976, mas os médicos cubanos conseguiram ultrapassar a programação em 123%.

Lembrou que em 2023 estava previsto realizar em maio 44.585 consultas, e foram efetuadas 49.295, com um cumprimento de 111%. Acosta destacou que em maio foram realizadas mais de 4.700 intervenções cirúrgicas gratuitamente, 1.018 de grande e 3.693 de pequeno porte.

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Acosta comentou ainda que para 2024 está fixada a cifra de 43.680 operações. Até maio, deveriam ser realizadas 18.131 intervenções, e foram praticadas 22.528. Ao fazer referência às cirurgias maiores, cumprem-se 119,7%, e às menores, 143,7%.

Os médicos cubanos no Haiti realizaram, entre outras operações, histerectomias, cesáreas, herniorrafias inguinais, apendicectomias, de gravidezes ectópicas e hidroceres, além de cirurgias de urgência.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Joel Michel Varona

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