O blues não apenas lamenta que as coisa vão tão mal, mas é ao mesmo tempo um grito rebelde, uma gargalhada diante do pior, recusando, com ritmo e fúria, que isso consiga nos derrotar.
Reportar a última semana é como o início de uma canção de blues: “dizem que a segunda-feira é tormentosa, mas a terça está igual e, Deus, a quarta é ainda pior…”
Aqui só alguns acontecimentos, entre tantos:
Um jovem branco foi absolvido por um júri de assassinar dois manifestantes antirracistas brancos e ferir um terceiro com um rifle de alto poder AR-15 adquirido ilegalmente, aceitando assim que foi um ato de “autodefesa”. O veredito foi festejado por ultraconservadores – entre eles fanáticos cristãos e neonazistas – por todo o país e vários legisladores direitistas lhe ofereceram trabalho ao acusado, enquanto para outros enviou uma mensagem assustadora, como comentou um observador: “isto abre a temporada de caça contra manifestantes progressistas”.
Oto Godfrey
EUA passa por crise migratória, climáticas e procura saídas
Mais de 100 mil estadunidenses morreram de sobredose de drogas entre abril de 2020 e abril de 2021, cifra anual sem precedentes.
Republicanos em vários estados estão forjando um sistema para manipular eleições para assegurar manter seu poder, suprimir o voto opositor e até anular eleições com resultados não aceitáveis (para eles).
No aeroporto de Atlanta houve pânico depois da descarga acidental de uma pistola – no estado do Georgia há uma lei conhecida como “armas de toda parte” que permite portar armas carregadas em qualquer lugar, incluindo aeroportos.
Mais estadunidenses dizem que não desejam ter filhos, contribuindo para a queda da taxa de natalidade que acompanhou a pandemia, e entre os novos fatores é o temor diante da mudança climática e suas consequências para o futuro imediato – ou seja, para as crianças.
Bem, e os ricos também têm queixas: aparentemente há uma escassez de iates, mansões, relógios e aviões privados de luxo entre o setor conhecido como indivíduos de “valor neto ultraelevado (com mais de 50 milhões de dólares), segmento que foi o mais beneficiado durante a pandemia.
Porém, durante esses mesmos dias também houve notícias que marcam triunfos de justiça, dignidade e resistência – a outra parte do blues:
A câmara baixa aprovou o maior investimento em programas de bem-estar social e apoio aos mais necessitados em mais de meio século, depois de ser promulgado o maior investimento em infraestrutura em décadas – tudo marcando tentativas de sepultar o neoliberalismo (embora seu destino final agora esteja nas mãos do Senado).
E graças aos anos de organização e luta de imigrantes e seus defensores, dentro desse pacote legislativo, a câmara baixa adotou a maior iniciativa de reforma migratória em 35 anos.
A graças também à luta incessante de ambientalistas, indígenas e jovens, nessa mesma iniciativa se inclui o maior investimento público para frear a mudança climática na história do país.
A onda de ações trabalhistas que chegou ao seu máximo nível em outubro, com mais de 22 mil trabalhadores explodindo em greve, continua com milhares de trabalhadoras da Kellogg, mais de 3 mil estudantes que laboram como trabalhadores acadêmicos na Universidade de Columbia; trabalhadores siderúrgicos e mineiros em vários pontos do país em greve e outros, incluindo jornalistas agremiados em uma seção do New York Times autorizando greves, enquanto outros concluíram em triunfos como o dos mais de 10 mil trabalhadores de John Deere, e os 30 mil trabalhadores da saúde na California [mapa de greves atuais: https://www.google.com/maps/d/viewer?mid=1hE1nDR-Ff_sVgOS67IteJSxGZlvqIP3k&ll=34.35833140861114%2C-102.63857702467465&z=4].
Foi aniversário, em 19 de novembro, da execução do organizador anarco-sindicalista Joe Hill em 2015, por autoridades estadunidenses, o qual pediu a seus camaradas: “não percam seu tempo em luto, organizem”.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
Assista na Tv Diálogos do Sul
Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.
A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.
Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:
- Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
- Boleto: acesse aqui
- Assinatura pelo Paypal: acesse aqui
- Transferência bancária
Nova Sociedade
Banco Itaú
Agência – 0713
Conta Corrente – 24192-5
CNPJ: 58726829/0001-56
Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br - Receba nossa newsletter semanal com o resumo da semana: acesse aqui
- Acompanhe nossas redes sociais:
YouTube
Twitter
Facebook
Instagram
WhatsApp
Telegram