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Aos 75 anos e alegando perseguição política dos EUA, John Mcafee, criador do antivirus, se suicida em sua cela em Barcelona

Morte ocorreu no dia em que foi autorizada sua extradição aos EUA por suposto delito fiscal. Empresário chegou a ter uma fortuna avaliada em 100 milhões de euros e foi encontrado morto em sua cela do Centro Penitenciário de Brian
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

John McAfee, o informático que trabalhou para a NASA e que posteriormente criou e fundou uma das empresas de antivírus mais populares do planeta — a McAfee — foi encontrado morto em sua cela da prisão Brians 2 em Barcelona, na última quarta-feira (23) em um suposto ato de suicídio.

O empresário de origem escocesa estava sendo reclamado pelas autoridades judiciais dos Estados Unidos (EUA) por vários delitos de evasão fiscal, motivo pelo qual os tribunais espanhóis haviam decidido a extradição depois de um processo judicial no qual o acusado alegou em todo momento que havia uma “perseguição política” contra ele por parte do governo dos EUA.

Segundo informaram os porta-vozes oficiais das Instituições Penitenciárias do governo espanhol, o empresário McAfee — que chegou a ter uma fortuna avaliada em 100 milhões de euros — foi encontrado morto em sua cela do Centro Penitenciário de Brians 2, situado na localidade de Sant Esteve Sesrovires.

Tinha 75 anos e havia sido detido em outubro do ano passado em Barcelona, no aeroporto da cidade, quando ia abordar um avião com destino a Istambul, a pedido das autoridades estadunidenses que o acusavam de vários delitos fiscais que superariam os quatro milhões de euros. 

Morte ocorreu no dia em que foi autorizada sua extradição aos EUA por suposto delito fiscal. Empresário chegou a ter uma fortuna avaliada em 100 milhões de euros e foi encontrado morto em sua cela do Centro Penitenciário de Brian

Olhar Digital
John McAfee

Apuração de responsabilidades

Os primeiros indícios apontam que se trata de um suicídio, que coincidiu com a autorização por parte da Audiência Nacional espanhola de sua entrega às autoridades dos EUA, que era algo iminente.

Os responsáveis por cuidar da integridade física do detido durante sua reclusão eram os dirigentes da prisão e o governo autônomo da Catalunha, que tem competência nessa área e está presidido pelo independentista republicano Pere Aragonés.

Mas, segundo explicaram, algo falhou na cadeia de vigilância para que finalmente McAfee fosse encontrado morto em sua própria cela depois de um suposto suicídio.

Quando foi identificado pelos responsáveis já estava inconsciente e já não se pode fazer nada para salvar sua vida; agora uma autópsia deverá especificar as razões de sua morte. 

Assim revelou um comunicado do próprio Ministério da Justiça espanhol, que agora terá que dar explicações às autoridades estadunidenses: “A comitiva judicial deslocou-se para o centro penitenciário e investiga as causas do decesso. Tudo leva a crer que poderia se tratar de uma morte por suicídio”. 

Desde sua detenção, em outubro passado, McAfee permaneceu em prisão preventiva depois do tribunal recusar suas solicitações de liberdade sob fiança, ao alegar que havia risco de fuga e ao não ser certificado qualquer tipo de “arraigo” à cidade ou ao país que garantissem sua presença na Espanha.

Quem era McAfee 

McAfee foi um dos primeiros programadores informáticos em elaborar um antivírus e desenvolver um escâner de vírus quando trabalhava para a empresa aeroespacial Lockheed.

Em 1989 fundou a empresa antivírus McAfee Associates, que depois, durante alguns anos, se chamou Network Associates e que finalmente se converteu na atual empresa McAfee.

Em 2010 pôs em marcha um novo projeto centrado na biossegurança à frente da empresa QuorumEx, com sede em Belize, onde depois de algum tempo foi acusado de vários delitos dos quais foi absolvido, entre eles o de abusos sexuais a uma menor de idade.

Ocorreu o mesmo na Guatemala, onde foi detido em 2019, e na República Dominicana, em seu iate particular pela suposição de ter armas ilegais. Depois, perdeu-se sua pista até sua detenção em Barcelona em outubro de 2020.

Armando G. Tejeda, correspondente de La Jornada em Madri

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

   

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Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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