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Espanha condena a 133 anos de prisão assassino do fundador da Teologia da Libertação

Montano terá que cumprir a condenação, que será no máximo de 30 anos, embora provavelmente saia muito antes pois padece de várias doenças crônicas
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

O Supremo Tribunal espanhol confirmou a condenação a 133 anos de prisão contra o militar salvadorense Inocente Orlando Montano, único acusado pela Audiência Nacional pelo assassinato do padre jesuíta e fundador da Teologia da Libertação, Ignacio Ellacuría, além de outras sete pessoas.

Montano terá que cumprir a condenação, que será no máximo de 30 anos, embora provavelmente saia muito antes pois tem 78 anos e padece de várias doenças crônicas. 

A resolução do alto tribunal espanhol confirma a histórica condenação emitida em setembro pela Audiência Nacional. 

Montano foi condenado a 26 anos e oito meses de prisão pelos assassinatos cometidos na noite de 15 a 16 de novembro de 1989 na Universidade Centro-americana José Simeón Cañas (UCA). O Tribunal Supremo afirmou que os crimes de Montano tiveram um “caráter terrorista”. 

Nesse dia, efetivos do agora proscrito batalhão militar Atlacatl assassinaram Ellacuría, reitor da UCA, outros quatro jesuítas espanhóis, um religioso salvadorense, uma empregada e sua filha de 15 anos. 

Montano terá que cumprir a condenação, que será no máximo de 30 anos, embora provavelmente saia muito antes pois padece de várias doenças crônicas

Diario de Burgos
O militar salvadorense Inocente Orlando Montano

Montano só pode ser condenado pelo crime contra os cinco jesuítas espanhóis “ao não haver sido concedida sua extradição pelos Estados Unidos” pelos três outros assassinatos, recordou a Corte.

O tribunal considera acreditado que os membros do Alto Comando das Forças Armadas salvadorenses, ao ver ameaçada sua situação de poder e de controle diante da ofensiva, em novembro de 1989, da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), decidiram “executar” Ellacuría que atuava como mediador entre as partes em conflito durante a guerra civil. 

A sentença diz que “o acusado não era premido por nenhum conflito de interesses que fizesse necessário dar morte a Ellacuría, seus companheiros, sua cozinheira e a filha dela; eles não eram parte do conflito armado, não estavam se enfrentando àqueles que ordenaram o crime, não existindo causa que permitisse justificar a agressão mortal à vida de oito pessoas, cometendo um crime que foi além da gravidade e consequências do atentado contra a vida das vítimas, pois pretendiam aniquilar as esperanças de paz de toda uma sociedade, fustigada depois de dez anos de guerra interna”. 

A sentença agregou que foi utilizado o “aparato do Estado para levar a cabo uma autêntica execução civil de cidadãos” com o que foi criada uma modalidade criminosa que “conceitualmente não se diferencia do terrorismo praticado por grupos organizados”.

Armando G. Tejeda, correspondente de La Jornada em Madri.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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