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Joe Biden quer abrir escolas e aplicar 100 milhões de vacinas em 100 dias de mandato

Democrata apresentou de maneira formal os seis integrantes da equipe encarregada de promover suas políticas de saúde
David Brooks
Prensa Latina
Nova York

Tradução:

Os Estados Unidos mantiveram, e por muito, o primeiro lugar mundial em contágios (superando 15 milhões) e mortes (285 mil), diante do que o presidente que está saindo se autoelogiou por seu manejo de tudo e insistiu haver ganhado a eleição, enquanto o mandatário eleito advertiu que embora o curto prazo seja sombrio para o país, isso melhorará com o uso de máscaras e a aplicação de 100 milhões de vacinas durante seus primeiros 100 dias na Casa Branca.  

Dois atos quase simultâneos supostamente dedicados ao combate à pior crise de saúde pública em um século ofereceram cenas contrastantes. Por um lado o presidente Donald Trump entrou como herói sem máscara à sua “reunião sobre vacinas”, um show em um auditório perto da Casa Branca cujo único objetivo foi dar-se o crédito pelo desenvolvimento veloz de uma vacina.  

Em Wilmington, Delaware, o presidente eleito Joe Biden apresentou seu plano imediato para enfrentar a devastação do país pela pandemia e apresentou de maneira formal a equipe que se encarregará do setor saúde durante sua gestão na Casa Branca. Enfatizou que “para afro-estadunidenses, latinos e indígenas estadunidenses – os quais têm uma probabilidade quase três vezes maior de morrer – a Covid-19 é um evento de baixas massivas”. Agregou que até agora, um de cada 22 habitantes do país foi contagiado.

Biden prometeu que serão aplicadas pelo menos 100 milhões de vacinas nos primeiros 100 dias de sua gestão, insistiu no uso de máscaras durante essa centena de dias (algo que disse que será obrigatório em edifícios federais e no transporte interestadual), afirmando que o uso das máscaras “não é uma declaração política, é um ato patriótico”. Além disso declarou que outro de seus objetivos é conseguir abrir as escolas no nível nacional nesse período. 

“Meu primeiros 100 dias não porão fim ao vírus da Covid-19, não posso lhes prometer isso…Estou absolutamente convencido de que poderemos mudar o curso”, afirmou.

Apresentou de maneira formal os seis integrantes da equipe encarregada de promover suas políticas de saúde – alguns estavam presentes fisicamente, outros se apresentaram em vídeo – incluindo o mexicano estadunidense Xavier Becerra, ex-deputado federal agora procurador geral da Califórnia, indicado para secretário de Saúde e Serviços Humanos, e talvez agora a figura científica mais famosa desde que explodiu a pandemia, o doutor Anthony Fauci, que permanecerá como diretor do Instituto Nacional e Alergias e Doenças Contagiosas e será designado como o principal assessor médico do próximo presidente. 

Democrata apresentou de maneira formal os seis integrantes da equipe encarregada de promover suas políticas de saúde

Flickr
O presidente eleito Joe Biden apresentou seu plano imediato para enfrentar a devastação do país pela pandemia.

Mais tarde, Biden confirmou que indicará para o próximo secretário defesa o general retirado Lloyd Austin, o qual além de sua longa e destacada carreira militar de 40 anos será, se for ratificado, o primeiro afro-estadunidense em ocupar esse cargo. “O general Austin compartilha minha profunda crença de que nossa nação é mais forte quando nos guiamos não só pelo exemplo de nosso poder, mas sim pelo poder de nosso exemplo”, declarou Biden. 

Trump, que insiste que está lutando pela “democracia”, ou seja, seu desejo de se manter no poder por outros quatro anos mesmo mediante o que alguns qualificam como um autogolpe, reiterou, em seu evento sobre as vacinas, que a eleição lhe foi “roubada”. 

Mas seus advogados tiveram mais êxito até agora em infectar-se e seguramente contagiar a outros com a Covid que na batalha legal para reverter ou anular os resultados eleitorais. Seu advogado principal encarregado dessa façanha, Rudy Giuliani, está hospitalizado despois de testar positivo no fim de semana. Seu diagnóstico teve de imediato o efeito de clausurar toda la legislatura do estado de Arizona por uma semana, já que havia estado aí, sem máscara, tentando convencer os legisladores a anular o resultado nesse estado e não se sabe quantos terá contagiado. 

Nesta terça-feira se confirmou que sua colega na equipe de advogados de Trump, Jenna Ellis, resultou positiva. Com ela, são mais de 40 integrantes do governo e da campanha de Trump que foram contagiados desde fins de setembro.

Mas hoje a aventura de Trump para subverter a eleição sofreu mais uma derrota, desta vez pela Suprema Corte dos Estados Unidos que recusou, sem comentários, uma petição de sua campanha para anular 2,5 milhões de votos enviados por correio no estado chave da Pensilvânia.

Poucas horas depois, a Suprema Corte de Arizona recursou outra demanda republicana contra a eleição. Já são mais de 30 derrotas da equipe de advogados da campanha de Trump em tribunais estaduais e federais.  

Em talvez a manobra legal mais estranha até agora, o procurador geral do Texas, Ken Paxton, feroz aliado do presidente, interpôs uma demanda ante a Suprema Corte federal contra quatro estados chaves argumentando que “irregularidades inconstitucionais” haviam roubado a eleição de Trump nessas entidades. Solicita que legislaturas estaduais controladas por republicanos simplesmente anulem os votos dos cidadãos para “salvar” a democracia. Este campeão do democracia, se reporta, está sob investigação de autoridades federais por suborno e corrupção.  

Neste 8 de dezembro, segundo marca a lei federal, todas as disputas eleitorais de cada estado deveriam estar resolvidas para proceder ao próximo passo formal do processo eleitoral, o voto do Colégio Eleitoral em 14 de dezembro. Mas em uma mensagem assinada por Giuliani, a campanha de Trump assegurou que tem a intenção de batalhar contra os resultados até o Congresso federal certificar o voto do Colégio Eleitoral, em 6 de janeiro. 

O traslado do poder executivo é em 20 de janeiro.  

Até então prevalece a preocupação por maior violência por ativistas fiéis de Trump já que continuam sendo reportados incidentes de intimidação, inclusive com pessoas armadas, contra oficiais eleitorais e funcionais estaduais na Georgia, Michigan e Wisconsin, entre outros estados chaves que certificaram o resultado a favor de Biden. Agora a presidenta do Partido Repúblicano do Arizona, que recusou o triunfo do democrata, está enviando mensagens pelas redes sociais perguntando a seus seguidores se estão dispostos a dar a vida por “esta luta”, incluindo um trecho do filme Rambo com a citação “Viver para nada, ou morrer por algo”. 

O muro

Desde que Trump propôs o muro fronteiriço em sua primeira campanha eleitoral em 2016, repetia que o México pagaria por sua construção. Mas agora é possível que o governo estadunidense tenha pagado ao México – bem, a alguns mexicanos – por ajudar com seu muro.  

De acordo com dois denunciantes, empreiteiros que estão construindo parte do muro infiltraram ilegalmente guardas armados mexicanos nos Estados Unidos para monitorar os canteiros de obras, relatou o New York Times. A reclamação foi apresentada por um ex-xerife do condado de San Diego e um ex-agente do FBI que estava oferecendo serviços de segurança para empresas de construção de paredes.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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