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PSOE faz propostas rasas a independentistas e aliança para reeleição de Sánchez empaca

Enquanto isso, Partido Nacionalista Basco confirma não apoio PP, afastando ainda mais Feijóo da Presidência do Governo Espanhol
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

O Partido Nacionalista Basco (PNB), que obteve cinco deputados nas últimas eleições gerais do passado 23 de julho, rechaçou novamente um possível apoio ao candidato do direitista Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo, que nos últimos dias tentou uma aproximação à formação independentista. A extrema direita do Vox anunciou que não formará parte de um governo do PP, mas sim apoiará sua investidura. Com essa nova negativa, a segunda desde as eleições, se torna praticamente impossível que Núñez Feijóo possa formar governo. 

O PP foi o mais votado nas últimas eleições, com 137 deputados, mas ficou muito longe da maioria absoluta, 176. O Vox anunciou seu apoio sem condições, com o qual somaria 33 cadeiras a mais, ou seja, chegaria a 170. Coalizão Canária (CC)e União do Povo Navarro (UPN), cada um com uma cadeira, também apoiariam o governo em solitário do PP, mas ainda assim necessitaria somar mais apoio, ao ter só 172.

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Daí a importância dos cinco deputados do PNV, que só teriam que abster-se em uma segunda votação por maioria simples para que Núñez Feijóo saque adiante sua investidura. Mas o PNV, que foi sócio estratégico do atual presidente do governo em funções, o socialista Pedro Sánchez, está convencido de seu apoio à coalizão de esquerda, em sintonia com outros grupos independentistas bascos e catalães, que pretendem falar com uma só voz para avançar no direito da autodeterminação

A postura do PNV se fez pública através de uma mensagem nas redes sociais, na qual se informou que o presidente do partido, Andoni Ortuzar, telefonou a Núñez Feijóo diante de seu interesse por acercar posições e lhe recordou que “em 24 de julho, o Euzkadi Buru Batzar fixou sua posição com meridiana clareza”.

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“Diante da tentativa de alguns atores políticos e midiáticos, tanto em Euskadi como na Espanha, de construir uma realidade alternativa, estimamos oportuno e conveniente refrescar sua memória”. Ou seja, em nenhum caso apoiarão um governo presidido pelo PP e, em troca, se abrem negociações com a coalizão de esquerda. 

Ante esta nova recusa, o coordenador geral do PP, Elías Bendodo, instou o PNV a recolocar sua negativa, já que em sua opinião “as circunstâncias mudaram”, além de explicar que “há que normalizar, ter a capacidade de falar e pactuar com todos e pôr limites”.

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No bloco de esquerdas, não há muitos movimentos, entre outras razões porque o líder do PSOE e presidente em funções, Sánchez, continua em férias. 

Enquanto isso, Partido Nacionalista Basco confirma não apoio PP, afastando ainda mais Feijóo da Presidência do Governo Espanhol

Foto: Reprodução/Twitter
A líder da Sumar e segunda vice-presidente do governo espanhol, Yolanda Díaz

Podemos, à beira da bancarrota 

Podemos, a formação de esquerda que nasceu em 2014 com o afã de renovar e transformar a política espanhola, se encontra à beira da bancarrota e iniciou os trâmites para levar a cabo uma despedida massiva que afetará mais da metade de seu grupo em todo o país.

A formação morada, fundada por Pablo Iglesias e um grupo de amigos da Universidade Complutense de Madri, foram perdendo eleitores há pelo menos quatro anos, o que precipitou a necessidade de fechar escritórios e prescindir do capital humano que tinham nos diversos territórios 

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Assim anunciou o próprio partido através de um comunicado dirigido aos trabalhadores afetados pelo Expediente de Regulação de Emprego (ERE) tanto no nível nacional como autônomo. Sua atual secretária-geral e ministras de Assuntos Sociais, Ione Belarra, reconheceu que o partido está imerso em “uma profunda reorganização em todos os âmbitos para adequar-nos ao descenso de recursos, com o descenso de deputados e o desaparecimento total ou parcial de ingressos em nove territórios”. De fato, nas últimas eleições gerais, as do passado 23 de julho, Podemos se somou à coalizão de esquerdas Sumar, tornando-se mais um além dos 15 partidos que a integram. 

O Podemos estima a queda acentuada da renda após as duas últimas eleições em 90% no nível regional e 70% no nível nacional. A formação roxa perdeu mais de dois terços dos seus representantes autônomos nas últimas eleições, de 28 de maio, onde passou de 47 deputados regionais para 15 e chegou a desaparecer em 5 das 12 comunidades onde se realizaram as eleições: Madrid, Valência, Canárias Ilhas , Castela-La Mancha e Cantábria.

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As federações que sofrerão as demissões anunciadas são Aragão, Astúrias, Baleares, Canárias, Cantábria, Castilla-La Mancha, Madrid, Comunidade Valenciana e Galiza. Esta “redução de pessoal” no Podemos afetará 45 dos 106 funcionários que atualmente trabalham nas federações afetadas, aos quais devemos adicionar os trabalhadores do Podemos em nível nacional, o que afetará 43 dos 61 funcionários que atualmente trabalham no país festa roxa.

Apoio do Junts per Catalunya

Na complexa aritmética parlamentar que as recentes eleições gerais deixaram, há um partido, Junts per Catalunya (JxCat), que todos situam como um dos que têm a chave para formar o futuro governo do país, mas até agora não se comprometeu a apoiar nenhum dos dois blocos mais votados. 

Laura Borrás, presidenta da formação nacionalista, instou o mandatário em funções e candidato do Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, a “mover-se” para desbloquear a investidura e sobretudo “negociar a resolução do conflito que a Espanha mantém com a Catalunha”. 

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O PSOE foi o segundo partido mais votado, com 121 deputados, atrás do direitista Partido Popular (PP) que tem 137. No entanto é a formação política que tem mais opções de conseguir uma maioria de governo, apoiada tanto por seus sócios da atual coalizão, agora denominada Sumar, com 31 deputados – antes Unidas Podemos (UP) – aos quais se agregariam as cadeiras dos nacionalistas bascos, catalães e galegos, que em conjunto somam 26 deputados, incluídos os sete do JxCat.

Só assim superaria os 176 deputados que exige a maioria absoluta para tirar adiante a investidura em primeira votação. Sob este cenário, o partido catalão está à espera dos movimentos de Sánchez, que continua de férias.

Borrás, acusada de corrupção quando era conselheira de Cultura na Catalunha, perguntou ao chefe de governo “se está disposto a falar de autodeterminação e anistia”, duas das principais reclamações do nacionalista em seu conjunto, e do JxCat em particular.

Em uma mensagem, explicou que “muita gente se pergunta o que faremos. Mas creio que a pergunta deve ser outra. A pergunta é: o que fará Pedro Sánchez”. Ainda segundo Borr´´as, o JxCat “não tem nenhum interesse em negociar a investidura de um presidente espanhol, mas sim em negociar a resolução do conflito que a Espanha mantém com a Catalunha”.

Pacto em Navarra

Enquanto isso, nas negociações abertas para a formação de um governo em Navarra à raiz das eleições municipais e autônomas do passado 28 de maio, a socialista María Chivite finalmente logrou um pacto de governo com a coalizão de partidos nacionalistas de esquerda Geroa Bai e Contigo Zurekin.

Este acordo requer a abstenção dos deputados do EH-Bildu, que no início se mostraram abertos a fazê-lo, mas explicaram que antes farão uma consulta às suas bases. 

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Em outro assunto, no coração do partido de extrema direita Vox, se registrou uma fratura de relevância, com a demissão de quem até agora era o porta-voz do grupo Parlamentar, Iván Espinosa de los Monteros.

A decisão demonstra a divisão que persiste há meses no Vox: por um lado, os ultraliberais e pragmáticos, que estavam encabeçados por Espinosa de los Monteros, e por outro, os novos falangistas, inspirados pela agrupação ultra católica mexicana, El Yunque, que advogam por uma “revolução cultural” contra o que eles chamam de “as imposições da esquerda e dos progressistas”. 

“Falta de ambição”

A coalisão de esquerdas Sumar, na qual se integrou o Podemos, na última terça-feira (8) reclamou ao Partido Socialista Obrero Español (PSOE) a “falta de ambição” para se sentar e negociar, o quanto antes, com as formações nacionalistas bascas, catalães e galegas, a investidura como presidente do governo de Pedro Sánchez, que está de férias há quase duas semanas e continua sem retomar sua agenda pública.

No entanto, seu principal adversário da direita, o candidato do Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo, começou a manobrar vários bandos para tentar que o rei Felipe VI, em sua qualidade de chefe do Estado, lhe encomende apresentar-se à investidura no Congresso dos Deputados, o que forçaria a primeira votação e poria em marcha a nova legislatura.

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Enquanto o PP está disposto a ir à investidura com os 172 votos que têm garantidos – os 137 que obteve nas eleições de 23 de julho, mais os 33 de Vox, o da União do Povo Navarro (UPN) e outro de Coalisão Canária (CC) -, no PSOE ainda não há movimentos públicos para aproximar posições com o independentismo catalão e basco, os quais têm os votos necessários para levar adiante a formação do novo governo.

Assim, o porta-voz do Sumar, Ernest Urtasun, também questionou a “falta de ambição” da cúpula socialista diante das primeiras ofertas que receberam para garantir os apoios do nacionalismo. “As propostas que nos transferem são insuficientes, queremos compromissos ambiciosos e até agora a partir do PSOE não estão propondo medidas concretas. Mas estou convencido de que vai haver um governo de coalisão”, disse.

No meio destas negociações, a Sala de Férias do Tribunal Constitucional decidiu “não admitir” o trâmite, com dois votos a favor e um contra, de um recurso apresentado pelo ex-presidente catalão Carles Puigdemont contra sua ordem de detenção, ditada no passado 13 de junho pelo juiz do tribunal Supremo, Pablo Llareno.

Puigdemont, que reside na Bélgica desde novembro de 2017 após a declaração unilateral falida de independência, continua senso o líder do Junts per Catalunya (JxCat), que tem sete deputados no Congresso, cruciais para uma futura investidura de Sánchez, ou em seu caso bloqueá-la e forçar assim novas eleições gerais. 

Armando G. Tejeda | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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