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O presidente checo, Milos Zeman, tornou oficial um governo tecnocrata com o economista Jirí Rusnok como primeiro ministro, equipe que chega ao poder com a missão de resgatar a estabilidade política num país sacudido por um escândalo de corrupção.
Recentemente a polícia contra o crime organizado irrompeu numa madrugada a sede do governo e prendeu a sete altos funcionários acusados de corrupção e abuso do poder, entre os quais colaboradores próximos do então primeiro ministro Petr Necas.
As consequências afloraram de imediato: agitação nacional, alvoroço na oposição, reclamações ao executivo de coalizão liderado pelo Partido Cívico Democrático (OSD, na sigla em checo) e, finalmente, o que muitos esperavam, a demissão de Necas.
Então o presidente Milos Zeman anunciou sua decisão de nomear um gabinete técnico liderado por seu assessor e ex ministro de Finanças, depois de perscrutar durante vários dias as propostas de solução dos partidos políticos com representação parlamentar.
O que vem agora?, perguntam os observadores. Rusnok conseguirá sobrepor-se ao escândalo e devolver a estabilidade à nação? Nesse sentido ele tem a seu favor o fato de que o último governo tecnocrata (2009-2010), liderado por Jan Fischer, conquistou o apoio de 70% da população.
Segundo o sociólogo Daniel Prokop essa reação teve origem na desconfiança generalizada dos checos com relação à política partidária, o que também seria um elemento positivo para o novo mandatário.
Não obstante, uma pesquisa recente revelou que os cidadãos preferiam esta vez adiantar as eleições previstas para 2014, pois 55% dos consultados opinou que esta seria a melhor solução para a atual crise do país. A possibilidade de um gabinete de tecnocratas ficou em segunda posição.
Outro fator desfavorável para complicar a missão do novo primeiro ministro, segundo os observadores, é que o conflito atual transcende o mero escândalo de corrupção e evidencia um descontentamento popular muito mais profundo enraiado na inconformidade com não poucos aspectos da gestão de Petr Necas.
“Há um mês, aproximadamente, quando nada se sabia publicamente do caso de corrupção no governo, a maioria das pessoas já pedia o fim deste executivo e a celebração de eleições antecipadas. Ou seja que os cidadãos desconfiavam do gabinete de Petr Necas já há algum tempo”, observou Prokop.
Por outro lado, nos círculos políticos, Rusnok tampouco encontra um ambiente cômodo pois, tanto a oposição socialdemocrata como o partido governista tinham seus próprios candidatos: os primeiros apostam no líder de seu agrupamento, Bohuslav Sobotka, e o OSD defendia a Miroslava Memcová, atual presidente da Câmara de Deputados.
E precisamente esses dois nomes foram os mais citados pela cidadania como possíveis sucessores de Necas, de acordo com a sondagem realizada pela agência Median, enquanto 40% restante não vislumbrou nenhuma personalidade como futuro premier.
Paralelamente ao anúncio de Zeman favorável a Rusnok, a coalizão governamental integrada pelo OSD, o Partido TOP 09 e o Partido Liberal-democrata, reuniu 101 firmas de deputados para pedir a constituição de um novo gabinete encabeçado por Memcová.
A aliança política acredita que um governo tecnocrata jamais conseguiria o apoio da Câmara de Deputados.
*PL de Praga para Diálogos Do Sul